O desânimo do MPLA veio dos resultados de votação expressos pelos trabalhadores da industria petrolífera em que a maioria esmagadora votou a favor da UNITA, numa clara demonstração do descontentamento daquela massa trabalhadora com as politicas do governo no ramo dos petróleos, marcadas por desigualdades salariais e de oportunidades entre os angolanos se comparados com os expatriados que vêm trabalhar em Angola.

O MPLA, entretanto, recusa-se a reconhecer os resultados das assembleias de voto montadas no campo petrolífero de Malongo e já fez a contestação aos órgãos da Comissão Provincial Eleitoral a quem pede a sua anulação sob o pretexto de não ter havido uma fiscalização do partido dos camaradas nas cerca de 24 mesas de voto criadas naquele local.

Em declarações à Voz da América, o segundo secretário provincial do MPLA em Cabinda acusa a Comissão Provincial Eleitoral de traição. «O partido em si foi traído por alguém que não sei», afirmou Mangovo Tomé para quem, a não comparência dos delegados de listas naquele local é atribuída à CPE que sem razões justificadas apenas credenciou um delegado para as várias mesas montadas no maior campo petrolífero do pais.

«O nosso partido não mandou delegados de listas em todas as assembleias que funcionaram no Malongo pois que, fomos notificados no dia 3 de Setembro para no dia 4 mandarmos o nome de um(1) delegado de lista. Qual foi o nosso espanto é que o nosso delegado posto na área do Malongo deparaou-se com a presença de cerca de 24 a 28 delegados de listas da UNITA.O nosso partido já fez a contestação por esta acção movida pela Comissão Eleitoral».

O segundo secretário do MPLA alega não ter havido para esta questão um tratamento igual aos demais partidos políticos e vai pedir explicações pelo facto do seu partido ter sido preterido no campo petrolífero do Malongo.

Mangovo Tomé não escondeu o desânimo pelos resultados parciais da província, afirmando que o partido bem gostaria que os resultados fossem do seu agrado por aquilo que tem sido o desempenho do governo na região. «Gostaríamos que fossem melhores mas se correspondem a vontade do povo devemos aceitá-los tal como se afiguram», desabafou.

Entretanto, a UNITA, por sua vez, denuncia várias irregularidades no processo. De acordo com o movimento de galo negro, dos 632 delegados de listas previstos para fiscalizarem o processo apenas a metade foi credenciada e fala em existência de números superiores de mesas de voto aos inicialmente previstos pela comissão eleitoral.

Outra irregularidade apresentada pela UNITA tem que ver com a participação de mais de 8 mil militares nas assembleias de voto, um número superior aos 3 mil oficialmente cadastrados pela Comissão Provincial Eleitoral, números que entende terem surgido a favor do MPLA, nos municípios de Buco-Zau, Cabinda, na comuna do Dinge, Beira-Nova e na região fronteiriça do Massabi, onde alega terem sido infiltrados cerca de mil cidadãos angolanos registados clandestinamente no Congo-Brazzaville.

em algumas zonas do interior, segundo ainda a UNITA, a abstenção da população ultrapassou as cifras previstas devido à intimidações das comunidades rurais.

Fonte: VOA