Washington  -  O MEU POSTAL PARA A MULHER ANGOLANA! (ainda no leito, mas de peito alevantado, por um Março  Materno Eterno)


Fonte: Club-k.net


Um eterno agradecimento a Vós mulheres por comungarem comigo a dôr, que as mães sabem, da qual a vida emerge!

 

Referencio-te a ti, Ermelinda, símbolo real, do fatídico dia 10, porque tinha que recolher uma mae espezinhada, prostrada,  por quem, por falsa glória, já perdeu referência da sua origem maternal.


As queridas profissionais do Hospital da Marinha de Guerra, da Clínica “Vida” e da Girassol que tudo fizeram com afinco para travar as consequências da brutalidade.  A Sãozinha, mana, que superou o susto e encarou a situação com profissionalismo.


As minhas mais velhas, a tia madre, a mana mãe, a Belita, a Anita, a minha sogra, a mãe Briefel, representando o calor das mais velhas da família, que Março as obrigou a somar as suas dores do tempo e da vida a dôr que meu sofrimento as causou.

 

Minhas queridas sobrinhas foram arrancadas dum sono profundo, percorreram o delírio da malvadez em fotos e, por essa via “viram, claramente, visto” o país real, na imagem “desfeita”, inacreditável do tio. Gratidão por terem aumentado o respeito pelo tio.

 

Tanta amizade solidária de amigas, do país e do estrangeiro, irmãs de igrejas, a irmã São em particular, as minhas companheiras por um Angola melhor, as compinchas das redes sociais e da sociedade civil, dos vários fóruns e desafios, de vizinhas, as minhas colegas, enfim, as grandes jovens do “movimento”,senti, que não há dôr que resista a solidariedade, a partilha de sentimentos, a comunhão dos corações. Tanto carinho sincero, misturado com desolação, angústia e desesperança estampada em muitos rostos. Mas interiorizei o efeito que só a energia feminina produz. Moldei pois a convicção que este sofrimento não foi talhado pelo acaso, pois tem a força do útero.


A vós, minhas filhas, as manas S e a  T, que ainda não experimentaram a dialéctica da vida, vai a realidade mostrar-vos que a força dum futuro promissor é ainda precedida, entre nós, pelo sacrificio consentido. Ah as vossas queridas amigas.... quanto amor me transmitiram, jamais as teria ouvido e sentido assim se o 10 de Março fosse apenas uma data!


A ti, companheira de todos os dias, mais uma vez chamada a “esqueceres-te de ti” e a percorreres o caminho comum, eivado das razões que a razão desconhece.

 

Em boa verdade o meu sentimento de gratidão vai para as todas mulheres, também para a comandante Bety (o meu codex 1441) e para todas aquelas que gostariam de ser melhores, de estarem mais com seus próprios sentimentos mas que fugindo de si próprias, desprezam seus filhos. Imagino o sofrimento de alma! Envio-vos flores com cores e sabores diferentes, mas com o sentimento de que não está longe o dia em que conseguiremos dignificar Março. Março, mais, uma vez, marcou definitivamente em Angola o sinal dos tempos!

 

Por último a ti mãe – e a todas as mães a título póstumo - que do “assento etéreo” tudo assististes e que sabes, que te serei fiel, porque como segura referência, és o povo que me norteia.


30 de março 2012