Lisboa –   O regime   está  a   fazer   ressuscitar   no espectro político nacional, uma  corrente de pequenos  partidos que na  década de noventa,   ficaram notabilizados como  sendo criação  do aparelho da segurança de Estado.  Caso o bloco liderado pela UNITA, recusa  participar nas eleições, a pretexto  de irregularidades no processo,  o MPLA terá a “sua própria” oposição para disputar o pleito eleitoral a 31 de Agosto. 


Fonte: Club-k.net

MPLA criou  a sua própria  “oposição”

O   grupo   de partidos  da “oposição do regime” que    as autoridades fazem   renascer ,    é   constituído  pelo Partido Liberal para a Unidade Nacional (PLUN), Partido Angolano de Desenvolvimento Social (PADS) ,  Partido Republicano Conservador de Angola (ADPA) e   deverão concorrer, nas  eleições de 31 de Agosto,   em torno de uma coligação, o  Conselho Político da Oposição (CPO), formada desde 1994.


O líder do CPO   é   Anastácio João Finda, com acesso directo  a Bornito de Sousa.    Finda e um  outro  influente membro da sua   coligação,  Mateus Jorge são diretores de Escolas primária, em Luanda. 


“Acreditar que um director de escola angolano possa pertencer a oposição é o mesmo que acreditar num professor cubano que não pertença aos serviços.” Rematou um observador/conhecedor do dossiê em analise.


Há  3 de Maio de 2012, juntou-se ao   CPO,  uma outra formação política,  o  Partido de Convergência Nacional (PCN) que tem como líder,  Alberto Serrote,  que é um  quadro  do Ministério da Indústria.    Uma     outra    agremiação política da mesma  linha  é  o  Partido Socialista Angolano (PSA) cujo presidente é  Domingos Lucas de Oliveira, um antigo bolseiro do regime,  em Cuba. Domingos de Oliveira tem acesso a sede do MPLA e o seu  principal  interlocutor   é o  Secretario dos assuntos políticos do BP, “Jú”  Martins.


O ressuscitar  do grupo  da “oposição do regime”  é  sentido   no apoio institucional   que a comunicação social  do governo  passou a prestá-los desde o “caso  Suzana Inglês” e em outros acontecimentos controversos que acontecem no país.   Numa aparente estratégia   destinada  a   “confundir ”  o eleitor,   a    media pública passou a dar   voz a este  grupo para que falem em nome da oposição  em geral.  Nas raras  ocasiões, o grupo do CPO  aparece a fazer criticas a  “oposição verdadeira”  causando  a impressão de que a oposição não esta unida ou que apoia o regime.
 

A saber:


-  No dia 3 de Março, a Angop publicou uma entrevista do presidente do Partido Socialista Angolano (PSA), Domingos Lucas Oliveira em que o mesmo criticava a retirada em bloco dos partidos da oposição:  “Este comportamento da oposição, influenciada pela UNITA, é indigno que lamentamos, e apelamos aos demais partidos a não seguirem esse posicionamento crítico e intriguista”, sublinhou acrescentando  que  “não podemos estar a criar subterfúgios para boicotar as eleições com problemas fantasmas que o Conselho Superior da Magistratura Judicial acabou por dirimir”.

-  No seguimento da  manifestação de  Março passado em que saiu gravemente ferido o SG do BD, Filomeno Vieira Lopes,  a TPA chamou o presidente do  PCN,  Alberto Serrote para  criticar  a “oposição  verdadeira”  ao qual os acusou  de  promoverem arruaças no país.

-  Há 12 de Março, o Jornal de Angola estampou uma entrevista exclusiva com o líder do CPO,  Anastácio  Finda em que este político acusou   os partidos da oposição, com assento parlamentar, de desejarm  inviabilizar o processo eleitoral, dados os constantes abandonos das sessões parlamentares. Na entrevista,  Anastácio  Finda  apresentou-se como aspirante a  discípulo do regime dizendo que  “Tudo o que de bom o Governo do MPLA está a fazer, queremos dar-lhe continuidade. Não aceitamos aquelas críticas de que o MPLA não está a fazer nada. Está a fazer coisas bem feitas.”


-  Oito dias depois,  o Jornal de Angola estampou uma   outra  entrevista  com Alberto Serrote em que este criticava a verdadeira “oposição política”  que se  opunha  contra a ilegalidade em torno da ex- Presidente da CNE,  Suzana Inglês. Na referida entrevista,  Serrote  disse que  o seu partido “O PCN demarca-se de todos os actos de vandalismo executados por alguns militantes de partidos”.


- Há 28 de Abril, o único diário  público no país   voltou a trazer um trabalho com Alberto Serrote em que o mesmo elogiava as ações do executivo dizendo que “Somos testemunhas dos sinais de desenvolvimento e do progresso nacional”.


Dados a considerar:


-  O Jornal de Angola nunca passa entrevista no formato tradicional (Ping-Pong)  com os lideres da "oposição verdadeira"  para comentarem sobre assuntos de natureza política.  Se o fazem é censurada. 


-  Nas Matérias publicadas pela ANGOP e Jornal de Angola,  respeitante aos membros desta coligação (Alberto Serrote e Anastácio Finda)  vem sempre  acompanhadas com fotografias dos mesmos.  Uma realidade que não acontece com  matérias relacionadas com a “oposição verdadeira”.  Antes das eleições de 2008, o Vice Ministro da Comunicação Social, Miguel de Carvalho "Wadjimbi" baixou ordens ao Jornal de Angola para que não publicassem  matéria acompanhadas com  imagens fotográficas dos lideres da “oposição verdadeira” para não serem conhecidos pela população.


-  A TPA da - lhes  espaço de antena sem paralelo.  Em Março, passado, o líder do PCN, Alberto Serrote fez leitura de um comunicado  criticando a “oposição verdadeira” e lhe foi permitido ler  o documento na integra, do principio ao fim sem cortes.


Em conformidade com as  atenções  que  o regime   presta aos mesmos, há  estimativas   indicando que esta  coligação  poderá  vir  a desempenhar nas próximas eleições um papel com recurso a discursos virados  a criticas contra os  partidos da  “verdadeira  oposição”  ou poderem ser  agraciados com lugares para o parlamento em substituição da Nova Democracia.


Nas eleições de 2008, o MPLA  contou com o apoio de uma coligação, o  FOCAC - Fórum Fraternal Angolano -Coligação  que dedicou a sua campanha (no espaço de antena na TPA), a mostrar   imagens da guerra e de  depoimentos de  pessoas no interior  do país  a se queixarem  de supostos  maus tratos por parte da  UNITA, no tempo do  conflito armado.


Logo após as eleições, o   FOFAC, foi extinto pelo Tribunal Constitucional em Fevereiro de 2009.  Os  seus membros dentre os quais o seu  líder   Artur Kixona Finda  deverão  apresentar-se nas   eleições de 31 de Agosto, sob capa de uma nova sigla, o  Partido Popular para Desenvolvimento (PAPOD),  criado  igualmente pelo regime em 1995.  Não está claro se o PAPOD   ira se  juntar  ao CPO de Anastácio  Finda para combater a “oposição  verdadeira” ou se  vão  actuar  numa outra frente “elogiando os esforços do executivo”.


Desde  a abertura do multipartidarismo em Angola, o regime do MPLA e seus respectivos seguimentos estiveram por detrás da criação de cerca de  60 partidos satélites que teriam a missão de aparecer em período eleitoral  ou de  actuar como seus apoiantes. Em vida, Jonas Savimbi, tratava-os por  “partidecos” como forma de  os diferenciar da  "verdadeira  oposição" política no país, na altura  representados  pelo  PDP-ANA, PRS, FNLA, FpD (Hoje Bloco Democrático)  e etc.