Luanda - A avaliação que faço da campanha pré-eleitoral não é a mais positiva do ponto de vista do que deve ser uma disputa competitiva, considerando que até então só sentia a presença do MPLA na estrada.


Fonte: A Capital


Depois das manifestações organizadas no passado dia 19 de Maio pela UNITA em todo o país, as coisas melhoraram um bocado, embora os restantes partidos ainda não tenham exibido o seu potencial, o que também não é uma boa nota.


Acho que a disputa em torno da indicação de Suzana Inglês para a presidência da CNE consumiu muito tempo útil ao processo e terá desviado preciosas energias da própria oposição, que é a parte que mais precisa delas para enfrentar o partido no poder e o seu poderoso candidato, que tudo leva a crer venha a ser José Eduardo dos Santos, numa altura em que se mantém a incógnita em relação ao número dois da lista do MPLA.


Esta incógnita parece-nos ser um dos aspectos mais interessantes do momento que o país está a viver, tendo em conta o lugar de primeiro plano que o MPLA ocupa na vida do país.


A presença do novel Ministro da Coordenação Económica, Manuel Vicente, em todas as inaugurações que estão a ter lugar nos últimos tempos é um claro indicador político que reforça as informações anteriores que apontavam na direcção da sua colocação no lugar 2 da mais aguarda lista de candidatos.


Há outras informações que ainda alimentam algumas dúvidas quanto a esta escolha. Com a designação de um novo Presidente da CNE a pouco menos de dois meses para o início da campanha eleitoral, não se pode dizer que o processo esteja bem encaminhado, nem pouco mais ou menos, diante do muito que ainda há por fazer a todos os níveis.


As próximas semanas serão marcadas por uma verdadeira corrida contra o tempo, sendo, como todos sabemos, a pressa uma das maiores adversárias da perfeição.


Como principal desafio, tendo em conta os sinais que já foram emitidos, receio que a violência política possa ultrapassar alguns limites, transformando-se na principal arma de campanha, que é o que este país menos precisaria.


O desempenho da comunicação social pública mantém-se como um dos factores mais sensíveis de perturbação do momento, pois mantém-se a sua recusa estratégica em dar tratamento imparcial aos diferentes partidos, conforme recomenda a lei e as boas práticas do jornalismo de referência.

Se agora já é assim, como será lá mais para diante?