Luanda -  A primeiríssima conferência de imprensa na internet organizada pelo partido no poder angolano, MPLA, foi caracterizada por várias acusações de censura de perguntas de usuários da internet.

Fonte: Club-k.net

A conferência de imprensa que teve lugar na sexta-feira, 27 de Julho de 2012, no website do partido MPLA, www.mpla.ao, foi  presidida pelo Secretário do Bureau Político para Informação do MPLA, Rui Falcão.

Para além de ser um acto que surprendeu muitos internautas pela rara aparição pública de uma figura do regime onde houve a oportunidade de questioná-lo ao vivo, muitos internautas queixaram-se acerca de censuras as enviadas no website do MPLA.

“Nossas perguntas estão a ser coadas. Já tentámos enviar 20 vezes e não aparecem,” escreveu na rede social, Facebook, o internauta de nome Central Angola.

Outro internauta, João Diogo também criticou: “eu também fui barrado e bem coado começei a clicar desde 14:20”.

Apesar da insistência de muitos internautas em enviarem as suas questões, notou-se que os administradores do website tinham o control das perguntas que apareciam no lado direito da tela.

“Já fechei porque ficou provado que esses senhores não entendem nada de transparência e fingem muito mal,” acrescentou o internauta Central Angola.

Segundo informações no website, o usuário não precisava cadastrar-se para fazer questões ao Rui Falcão, mas houve quem sentiu-se desconfortado a enviar as suas questões porque o website requeria mais informações como o nome do usuário, a cidade onde se localiza, o endereço eletrónico (e-mail) e a sua profissão.

“Tenho medo que usam os meus dados para o proveito eleitoral dos mesmos,” disse Amorozo Miguel.

Apesar da alegada censura, houve internautas que tiveram a oportunidade de fazer algumas questões com teor crítico e que mereceram respostas de Rui Falcão.

A internauta Elsa Muathianvua que teclava do Dundo, questionou: “o PRS apresenta o federalismo como proposa no seu programa de governação. Qual é a opinião do MPLA sobre o Federalismo?”
 

Nesta questão, Rui Falcão respondeu que o MPLA luta pela unidade nacional, numa clara evidência de que o regime conota o federalismo como um programa de governação separatista.

Outro internauta,  Wiscelaine Frederico que falava de Luanda, postou a questão: “Porque é que o MPLA não pronuncia-se até agora relativamente as acusações do Sr. David Mendes relativamente a quantias avultadas que a Sonangol transferiu para a conta da empresa Panamarian Company ‘Camparal Inc’ pertencente a José Eduardo Dos Santos?”

Respondendo a questão, Falcão descartou a seriedade das acusações do advogado David Mendes e questionou a sua posição político-profissional, dizendo que é uma pessoa que contradizir-se e que não se sabe se é um advogado ou um político.

 “Olha, nós gostamos de falar de coisas séria,” disse Falcão, acrescentando que a bem pouco tempo houve uma instituição internacional que alegou o desaparecimento de 32 mil milhões de dólares americanos em Angola e que tempos depois, a mesma instituição veio fazer correcções sobre as suas próprias acusações.

“E quanto mais o senhor David Mendes?” Rui Falcão questionou, dizendo que o advogado sempre contradiz-se e que situações do género não passam de “erros de interpretação e de análise”.

Rui Falcão advertiu o advogado David Mendes a provar as suas acusações perante órgãos competentes e que se tiver errado que acarrete as consequências que advirem das acusações.

Houve também a questão do salário mínimo e salário mãximo segundo o manifesto eleitoral do MPLA e o dirigente do MPLA disse que o salário mínimo crescerá dependemente das receitas do país, reiterando essa questão auto responde-se com o lema eleitoral do MPLA: “Crescer mais e distribuir melhor”.

Quanto ao salário máximo, Falcão disse que em Angola são calculados com base na tabela indiciaria de salários nas instituições públicas, e que nas instituições privadas, o governo não interfere e o salário nelas é regulada em função a productividade das respectivas empresas privadas.

Outra questão de teor crítico foi o que a coligação política Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE) representa ao Rui Falcão, a que o dirigente disse que não representava-lhe nada e que não acreditava em casas feitas as pressas porque caem rápido mas que recomendava os cidadãos a juntarem-se ao MPLA.

Embora ter tido lugar na internet, através das alegadas censuras, houve outras acusações que o MPLA não realizou a conferência de imprensa na rede social Facebook, onde vários políticos da oposição angolana são normalmente entrevistas, porque há maior probabilidade de ausência de censura pelo facto dos internautas postarem as perguntas directamente.

“Ele aqui no Facebook não vai aguentar a carga porque eles sabem que na sua maioria todos que estão ligado ao Facebook só lhes criticam,” disse um internauta anónimo, Mc Democracia Democracia.

Num período de uma hora, a partir das 14h30, a conferência de imprensa contou com um total de 45 perguntas e teve uma audiência que oscilava por baixo de 300 visualizações ao vivo.

Rui Falcão terminou a conferência de imprensa com promessa de continuar a organizar mais eventos do género na internet.

“Venha e faça as tuas perguntas e nós responderemos com toda a sinceridade. MPLA ao serviço do povo,” concluiu o Falcão.