Luanda - Um Navio Britânico de passageiros, na madrugada do dia 15 de Abril de 1912, chocou-se com Icebergue no Oceano Atlântico, na coordenada geográfica 41º 43.5º N 49º 56.8º W. Durante Duas Horas e Quarenta Minutos após a Colisão com Icebergue, o gigantesco Titanic desmembrou-se lentamente, e afundou-se tragicamente no Oceano com 1,514 passageiros.


Fonte: Club-k.net

O Titanic partiu no dia 10 de Abril de 1912 do Porto marítimo de Southampton, na Inglaterra, com destino à Nova Iorque, numa viagem inaugural. Levava a bordo 2,224 passageiros, dos quais apenas 710 (32%) foram salvos. Dentre os perecidos: 53 crianças, 109 mulheres e 1,352 homens.


Até o seu lançamento em 1912, o Titanic, da Classe Olympic, operado pela White Star Line e constituído nos Estaleiros da Harland & Wolff, em Belfast, na Irlanda do Norte, fora o maior Navio de passageiros do Mundo.


Ele, o Titanic, provinha de algumas das mais avançadas tecnologias disponíveis da época: Expansivo, luxuoso, confortável e bastante moderno. Nesta altura, o Titanic foi popularmente referenciado como “Inafundável.” Porque, em 1910, White Star Line tivera publicado um Folheto publicitário sobre o Titanic, no qual propagava que, ele fora concebido para ser “Inafundável.”


Este Preconceito, de ser “inafundável,” foi um dos motivos que fez com que, convencesse a Elite da Classe mais alta Europeia e os Magnatas mais Ricos do Mundo, como o Milionário Norte-americano, John Jacob Astor e sua esposa Madeleine Force Astor, fazer parte dos passageiros desta viagem inaugural aos Estados Unidos da América, numa Excursão exótica e faustosa.


A questão melindrosa, deste cenário, consiste no facto de que, não obstante a tecnologia de ponta revestida nele, com uma tripulação experiente sob a Chefia do Capitão Edward Smith, o Navio não resistiu ao embate de Icebergue que danificou a parte mais sensível e deixou-o submergir-se lentamente nas águas profundas do Oceano Atlântico, numa tragédia humana, sem precedente. Este Naufrágio do Titânic não somente abalou o Mundo, mas deixou toda Gente perplexo. 


No fim de contas, os Inquéritos levados a cabo, logo após o Desastre, vieram a lume três factores principais que estiveram na origem desta tragédia humana:


a) O Navio não tinha levado consigo Barcos suficientes de salvamento no sentido de evacuar todos passageiros. Passou duas horas e quarenta minutos quando desmembrou-se e afundou-se lentamente no Oceano. Este tempo era suficiente para completar a operação de salvamento.

b) A falsa publicidade de White Star Line influenciou, de certo modo, o quadro inadequado do Regulamento de Segurança Marítima do Titanic.

c) Embora o Titanic tivesse sido avisado antecipadamente do perigo de Icebergues na sua Rota, mas a tripulação não fez esforços suficientes de tomar medidas preventivas.
Logo, o que me leva a fazer esta Reflexão é a teimosia com que insistimos numa Doutrina que faz parte do passado, e a qual está sendo combatida fortemente em toda parte do Mundo pela nova geração patriótica, revolucionaria, progressista e democrática.


A Hegemonia politica ou partidária não se distancia da Monarquia Absoluta, do Absolutismo, da Tirania, da Ditadura, do Despotismo, do Totalitarismo, da Autocracia, do Partido Único ou do Partido Dominante. A Doutrina que rege este tipo de sistemas políticos é idêntica. Ela assenta-se na mesma Visão, nos mesmos Princípios, nos mesmos Métodos, nos mesmos Objetivos e na mesma Meta estratégica. Sendo, a Meta final deste sistema, a construção do Poder pessoal, incontestável, autoritário, concentrado e centralizado numa só Instituição, no qual impera a Vontade do Chefe.


Esta Doutrina, no fundo, é a Antítese dos Princípios da Separação dos Poderes, da Alternância Democrática, da Pluralidade Politica, do Equilíbrio do Poder, da Representatividade, da Legalidade, da Legitimidade, da Igualdade, da Soberania Popular, da Cidadania, da Solidariedade Social, da Boa Governação, da Dignidade Humana, e sobretudo, da “Plena Liberdade”.


Sendo uma Antítese de tudo isso, para se vingar, ela cria Mecanismos ardilosos para iludir o público, distraí-lo e fazê-lo construir o mesmo Castelo, sob os mesmos alicerces do Absolutismo, assegurado pelos falsos pilares da democracia. Só que, um lobo com pele de cordeiro, não deixa de ser lobo. O que se disfarça é apenas a aparência; mas a essência de si, o interior do fenómeno, mante-se a mesma.


Muitos já se iludiram com isso, pensando que é fácil enganar o Povo todo o tempo. Ignorando o facto de que, o percurso do tempo não somente muda o Pensamento, mas sobretudo o quadro de exigências concretas e reais para a realização do Homem num contexto global da vida. Pois, o ser humano é um animal social, cuja razão de existência é conduzida pela racionalidade. A capacidade racional é uma componente fundamental que ilumina a consciência do homem e impulsiona a sua acção.


A ter em conta, a Hegemonia político-partidária não liberta o quadro racional do homem. Pelo contrário, sufoca, escraviza e estrangula a sua consciência. Limita o ângulo da sua liberdade de acçao para se realizar em todas esferas da vida. Cria barreiras em torno de si que lhe coloca na inércia, na estagnação e na decadência irreversível. Para inverter este quadro, da dependência e do obscurantismo, é imperativo tomar medidas drásticas de consciencialização e de resistência.


O Factor económico-financeiro tem sido o alvo do Monopólio pelo Poder hegemónico com vista a condicionar a vida de cada cidadão e força-lo sucumbir-se ao diktat da tirania. Toda iniciativa individual ou colectiva dos cidadãos para se realizar na vida, é travada e condicionada. Estabelece-se um quadro de servilismo aos cidadãos que se transforma numa verdadeira vassalagem. Noutras palavras, o Homem é submetido ao estado de escravatura mental, sujeita à vontade exclusiva do Senhor, o qual lhe manipula como se fosse uma Marioneta.


A Hegemonia político-partidária subordina os anseios e os interesses vitais de toda Gente da Sociedade à vontade arbitrária e exclusiva da Classe dominante. Ela, em si, é única e absoluta. Por isso, não viabiliza um quadro livre de Pluralidade de Ideias e de Interesses, capazes de facultarem a Concorrência leal, efetiva, igual, justa, credível e transparente.
As Sociedades democraticamente avançadas destacam-se na capacidade de se concorrer e de gerar uma vasta gama de conhecimentos e ideias adversas que impulsionam uma dinâmica constante de pesquisa e de novas descobertas. Pois, o encadeamento da Síntese de Antíteses se transformam em novas Teses que concorrem para um novo círculo de debates contraditórios em torno de si, num ambiente crítico, objectivo, científico, e salutar. Assim, de cada descoberta, nasce uma outra descoberta, sucessivamente.


Para isso acontecer é preciso que haja um espaço amplo e livre de pensamento e de iniciativas de cada cidadão, proporcionado e sustentado pelo Estado. Não se condiz com os Princípios e Normas do Estado de Direito e Democrático, um Estado reprimir os seus próprios Partidos Políticos. Pois, Partidos Políticos constituem uma Locomotiva do Estado, que intercalam-se mutualmente de acordo com a Vontade expressa do Povo. Os Partidos Políticos são parte integrante das Instituições do Estado que conduz e norteia este na qualidade de Representantes do Povo, de Legisladores, de Executores, de Fiscalizadores e de Administradores da Justiça.


Tudo isso requer a presença de Mecanismos adequados capazes de viabilizar o surgimento de novos protagonistas abalizados em cada etapa e em cada viragem decisiva da Transformação da Sociedade. A Política é uma Ciência dinâmica que evolui a medida das sucessivas transformações que ocorrem dentro das Sociedades e na Comunidade Internacional que influenciam directa ou indirectamente os Povos do Mundo e as Comunidades locais.


As Sociedades aptas são aquelas que possuam Mecanismos adequados capazes de reagirem pontual ou antecipadamente aos acontecimentos, adaptar-se à nova realidade e proceder-se rapidamente à renovação regular da Classe politica, da Elite e da Liderança.


Vejamos! Na última Fase da Presidência do George W. Bush, os Estados Unidos da América tivera perdido a sua Credibilidade e o Prestígio na Arena Internacional. Pondo em causa, tanto os seus Interesses Estratégicos, quanto a Estabilidade Global do Mundo. Graças à maturidade e ao nível bastante elevado da Civilização do Povo Americano e ao seu Sistema Politico eficiente e equilibrado, fora possível alterar rapidamente este quadro negativo e restaurar a sua Supremacia Mundial. Isso deveu-se a Eleição à Casa Branca do Presidente Barack Obama, um estadista carismático, ousado, dinâmico, actuante e inteligente, que foi capaz de granjear respeito, simpatia e consenso junto da Comunidade Internacional e da OTAN.
 
O Desmoronamento do Imperio Soviético e o advento da “Primavera Árabe” são frutos tangíveis da Doutrina da Hegemonia político-partidária que bloqueara o processo normal da transformação e da renovação do sistema politico e económico-social, a fim de adequá-lo à Conjuntura Interna e Externa. Em contraste, asfixiaram, durante muitas décadas, as Forças vivas, patrióticas, renovadoras e progressistas que resultaram no surgimento de Resistências titânicas que têm estado a derrubar os Regimes ditatoriais da Asia, da Europa do Leste e do Médio Oriente.


Na minha maneira de ver, a ascensão do Barack Obama e da Hillary Clinton ao Poder Global serviu de catalisador do recrudescimento da “Luta pela Liberdade”, consagrada na Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 10 de Dezembro de 1948. O epicentro do seu impacto está sendo sentido no Médio Oriente onde a Comunidade Internacional está novamente diante uma Bipolarização do Mundo entre as Potencias Ocidentais e as Potencias Asiáticas – lideradas por EUA e China, respectivamente.


Esta nova constelação do Mundo em dois Blocos divergentes, demonstra claramente o alinhamento de cada País, de acordo com a sua Doutrina e o seu Sistema político. Angola, sem iota de dúvida, colocou-se claramente ao lado do Bloco Asiático que combate, de forma renhida, as Forças patrióticas e progressistas que buscam a Mudança e a Liberdade no Médio Oriente.


Isso, reflete a intervenção militar de Angola nos dois Congos, no Cote d’Ivoire e na Guine Bissau, na tentativa de construir os Regimes hegemónicos, autocráticos e antidemocráticos no Continente Africano. Acima disso, a linha ideológica do MPLA, nos últimos tempos, tem sido bastante crítico ao sistema democrático, sobretudo, às Potencias Ocidentais.
Em jeito de referência, no dia 27 de Julho de 2012, o Jaime Madaleno da Costa Carneiro, publicou um artigo de Reflexão no Jornal de Angola, intitulado: “O MPLA e a Hegemonia na Democracia em Construção.”


Este Artigo é uma Espada de dois gumes. Enquanto, defende a Hegemonia politica e a Invencibilidade do MPLA; por outro lado, revela a inviabilidade deste sistema e as fragilidades insuperáveis do MPLA de se manter no Poder eternamente, como tem sido o sonho dos seus dirigentes.


A Utopia tem sido um dos instrumentos poderosos de lisonja para agradar o Ditador, mesmo que se saiba da realidade inquestionável. O Fim de lisonja utópica é para se posicionar bem junto do sistema e tirar benefícios de subserviência.


Caso contrário, a Independência de Angola foi um produto aturado da Luta política, diplomática e armada dos três Movimentos de Libertação (FNLA, MPLA, UNITA) que assinaram formalmente os Acordos de Alvor com o Poder Colonial Português. Não foi uma Obra exclusiva do MPLA, como se alega no Artigo supra referenciado.


O Multipartidarismo, por sua vez, não caiu do Ceu como se fosse Maná. Mas sim, tivera sido o resultado expresso de uma Resistência sangrenta e prolongada que obrigou o MPLA abdicar-se do sistema do Partido Único na assinatura dos Acordos da Paz do Bicesse, entre MPLA e UNITA. Nesta referência, o Presidente do MPLA, José Eduardo dos Santos, vinha ao público afirmar, nesses termos: “A Democracia foi-me imposta.”


Além disso, toda Gente sabe em que circunstâncias que emergira a atual Classe Capitalista, altamente opulenta, em detrimento da maioria esmagadora dos Angolanos que padecem na miséria e na pobreza extrema. Só basta olhar aos níveis galopantes da corrupção, da exclusão, da dilapidação do Erário publico e da desvalorização dos Cidadãos Angolanos, cujos Salários representam umas mesquinhas miseráveis; em comparação com avultadas somas de dinheiro que enche os bolsos de outra Gente do além.


Será este o Desenvolvimento que tanto se orgulha, um Desenvolvimento que não tem nenhum impacto social direto sobre a Vida dos Angolanos? Acho que não! Logo, é preciso que haja um pouco do Patriotismo e Honestidade na postura de cada um de nós, como Natos desta Gloriosa Pátria. O Desenvolvimento de Angola não se faz com dinheiro de uma pessoa singular, de um grupo de famílias ou de um Partido politico qualquer. Mas sim, faz-se com a Riqueza do nosso País, de todos Nós, de modo paulatino e permanente.


Portanto, seja qual for o Partido que estiver no Poder é apenas um Gestor que tem a tarefa exclusiva de executar o Erário publico. Ele não é Dono da riqueza, muito menos de Angola. Infelizmente, criou-se uma percepçao falsa e antipatriótica de enganar a opinião pública de que, o País e sua Riqueza fossem propriedades privadas do Senhor Eng.º José Eduardo dos Santo e do seu Partido, MPLA. Isso não se faz! Paga-se caro no fim.


Esta Ilusão deve ser combatida firmemente e extirpada da mente dos Angolanos. A Doutrina da Hegemonia político-partidária do Eng.º José Eduardo dos Santos é o reflexo do Feudalismo, da Idade Média, cristalizado no Comunismo Estalinista. Assim que se torna possível a estravagância com que se esbanja o Erário publico em proveito exclusivo do ditador e do dogmatismo da hegemonia política.


De modo resumido, a tragédia do Titanic revelou que, por mais potente ou esmagador um fenómeno seja, ele é vulnerável, destrutível, alterável, vencível, conquistável, e tem o Fim. A Eternidade do Poder é uma Utopia que apenas existe na fantasia de um Homem insensato. O Garante do Desenvolvimento sustentável, da Estabilidade duradoira e do Progresso é a Mudança Democrática, o Equilíbrio Político, a Renovação regular dos Líderes e a Fortificação das Instituições do Estado. Nada mais!


Quem se aposta na teimosia do Capitão do Titanic, Edward Smith, se arrisca invariavelmente fundar o seu Barco na profundeza do Oceano Atlântico.

Luena, 14 de Agosto de 2012