Luanda -  Como estava previsto – e o MPLA vem denunciando há meses -, a UNITA está disposta a levar até ao fim a sua estratégia de inviabilização das eleições de 31 de Agosto, assim como dos seus resultados. Sabendo-se derrotado de antemão, o partido criado por Jonas Savimbi decidiu há muito tempo uma estratégia, que está a cumprir escrupulosamente, com os seguintes objectivos: primeiro, intimidar os eleitores, levando-os a votar na UNITA, “para evitar confusão”; segundo, forçando-os a ficar em casa no dia da votação; terceiro, recusar os resultados eleitorais e criar um clima de ingovernabilidade a partir de Setembro.

Fonte: Jornal de Angola


A convocatória de manifestações em todas as capitais provinciais no próximo dia 25 é mais um passo na execução dessa estratégia. Desde o início, a UNITA socorreu-se de vários pretextos para “legitimar” a sua estratégia destabilizadora. A natureza da comissão nacional eleitoral e a questão da sua presidência, assim como o conteúdo da lei orgânica das eleições gerais, foram os primeiros.


Todos esses pretextos foram removidos, graças ao espírito construtivo e ao sentido de Estado do MPLA. Apenas para dar um exemplo, e apesar dos riscos para a ordem e a tranquilidade no dia da votação, o MPLA concordou em retirar da lei a questão do voto antecipado, que possibilitaria que os agentes da ordem e segurança votassem antes do dia 31, como acontece em vários países democráticos. Mas nada disso poderia satisfazer a UNITA.


O pretexto, agora, é outro: supostamente, a CNE não está a cumprir a lei. Uma formidável barragem de desinformação foi montada para espalhar e alimentar essa tese, com o velho recurso aos tradicionais adversários do MPLA, internos e externos, tais como personalidades nacionais prisioneiras das suas próprias frustrações e ressentimentos; antigos revolucionários convertidos em super democratas, mas que insistem em aplicar os ensinamentos do livro vermelho de Mao, segundo o qual “o inimigo do meu inimigo meu amigo é”; activistas pagos por fundos americanos; organizações internacionais que apenas são independentes em relação aos governos alheios, pois que, no fundo, dependem dos seus governos; e certos jornalistas e veículos lusitanos, empenhados nos últimos dias em “requentar” informações e relatórios, sem qualquer contraditório, a fim de “demonstrar” que não há clima para a realização de eleições livres, transparentes e justas em Angola no fim deste mês, num confrangedor exemplo de “jornalismo burocrático”, preguiçoso e desonesto.


A porta-voz da CNE, Júlia Ferreira, já veio a público informar que a UNITA, embora representada no referido órgão, jamais colocou directamente ao mesmo as suas preocupações, para que fossem analisadas. Isso confirma, como se tal ainda fosse necessário, o profundo desrespeito da UNITA pelas instituições existentes, ou seja, a estratégia do partido é dirimir essas questões na rua. Gostem ou não gostem os seus defensores, orgânicos ou de ocasião, essa postura tem nome: desestabilização.


Como é óbvio, sei perfeitamente que a UNITA não tem – felizmente – condições para retomar a guerra. Não duvido, porém, que o seu objectivo é pôr em causa a ordem, a estabilidade e a tranquilidade, isto é, a paz social tão duramente conquistada pelos angolanos.


No limite, a manifestação que o seu líder convocou para o próximo sábado é um teste às autoridades: o que a UNITA pretende, entre outros, é usar eventualmente a reacção do Executivo para criar um “caso internacional” em Angola, tipo Líbia ou Síria, que leve, pelo menos, à anulação dos resultados eleitorais e criação de um novo GURN. Na minha opinião, a CNE deve responder publicamente, por escrito e ponto por ponto às alegações do presidente da UNITA na semana passada, quando anunciou a manifestação que o partido quer realizar no dia 25 deste mês. Mas não resisto a comentar duas dessas alegações, a título meramente exemplificativo.

 

A primeira tem a ver com a divulgação dos cadernos eleitorais. O que a lei diz é que essa divulgação deve ser iniciada (repito: iniciada e não concluída) até trinta dias antes das eleições. Além disso, não diz que a divulgação significa necessariamente afixar os cadernos em todos os locais. Acontece que a CNE já forneceu a todos os partidos, inclusive à UNITA, as listas constantes dos cadernos eleitorais. Os cidadãos foram avisados que podem consultar a CNE para saber qual a sua assembleia de voto (o mesmo é dizer, de que caderno eleitoral constam), o que também é uma acção de divulgação. Finalmente, a CNE começou no fim-de-semana a afixar os cadernos eleitorais nas assembleias de voto. Qual é, pois, o problema da UNITA?


A outra alegação é a modalidade de transmissão de dados das mesas eleitorais para os centros de escrutínio. A lei fala em “meio mais rápido”. O líder da UNITA entendeu isso como “internet de banda larga” e está a fazer um Carnaval a propósito do tema. Se o assunto não fosse muito sério, seria brincadeira. Banda larga no Cachiungo?


As ameaças da UNITA têm um mérito: confirmam, mais uma vez, que só o MPLA pode garantir a paz, a estabilidade e a tranquilidade no país. Para a esmagadora maioria dos angolanos, essa é a condição fundamental para continuar a resolver os imensos problemas que o país ainda enfrenta, muitos deles criados por aqueles que só sabem destruir e falar mal.


O país já mudou muito desde que a guerra terminou, em 2002, mas ainda há muitas coisas a fazer. A campanha demonstrou que só o MPLA está interessado e tem condições, nomeadamente quadros e experiência, para continuar o trabalho já feito, mudando o que tiver de ser mudado.


A UNITA e os seus anexos – que, depois de terem destruído o país, têm a coragem de se limitar a falar mal, sem reconhecer o que já mudou – querem derrubar todas as realizações e conquistas já alcançadas, obrigando o país a começar outra vez do zero.


A melhor resposta a dar à UNITA no dia 31 de Agosto é manter a tranquilidade e ir votar massivamente no MPLA e no presidente José Eduardo dos Santos, para manter a paz, não estragar aquilo que já feito de bom até agora e continuar a mudar para melhor, com realismo e segurança.

* Deputado do MPLA