Luanda - Prezados leitores do Club-K, pelos comentários que li, muitos estão a espera da Parte 2 do texto “Que fim tiveram alguns Ditadores africanos?”. Para entender a dimensão da abordagem deste artigo, aconselho-o a ler a primeira parte.


Fonte: Club-k.net

Nesse segundo da série “Ditadores de África”, tenciono continuar a responder a uma pergunta interessantíssima feita inteligentemente por um internauta. Pergunta é: Que fim tiveram alguns ditadores africanos? Para alcançá-lo, eu percebi que, seria necessário fazê-lo em em três textos. O texto que você está lendo é a Parte 2.


Vamos à pergunta que deu origem a esse texto:

QUE FIM TIVERAM ALGUNS DITADORES AFRICANOS?


Para responder essa pergunta, passo a enumerar em seguida cada um dos déspotas que a África já conheceu e como seus regimes terminaram. Vamos começar onde terminamos:


9. Mobutu Sese Seko


Em 1965, em meio a um novo período de instabilidade política no ex- Zaïre, Mobutu deflagra um golpe militar. Assumiu o poder e se autoproclama presidente da segunda República do Congo, eliminando todos os vestígios de democracia no país. Mobutu Dissolveu a Assembleia Nacional e assumiu a titularidade de todos os poderes [legislativo, executivo e judicial], em regime de partido único, de tal forma que o seu nome se veio a confundir com o próprio estado.


Seu nome de batismo era Joseph Desiré Mobutu. Mas, ao se tornar presidente da República, mudou o nome do país de Congo Belga para se chamar Zaïre. Seu objetivo era o de separar o país do passado europeu. Mudou também seu próprio nome de Joseph Désiré Mobutu para Mobutu Sese Seko Nkuku Ngbendu wa Za Banga.


O seu nome significa em português: “O Todo Poderoso Guerreiro que, Por Sua Força e Inabalável Vontade de Vencer, Vai de Conquista em Conquista, Deixando fogo em Seu Rastro”. Com isso, todos os zairenses com nomes europeus foram obrigados a adotar nomes africanos.
Em 1974, os E.U.A enviou 1,4 milhão de dólares para apoiar as tropas em uma guerra civil Mobutu embolsou toda soma.


Ele usou seu poder para matar muitos adversários políticos. Inicialmente, ele expulsou do país todos os investidores europeus, mas, em seguida, convidou-os todos de volta quando a economia foi devastada em 1977.


Ele pediu dinheiro emprestado da Bélgica que nunca pagou, para repelir um ataque de rebeldes angolanos.


Alguns países ocidentais perceberam que Mobutu era o homem forte do Zaïre. Por isso, trataram logo de apoiá-lo para manterem seus interesses capitalistas no coração do continente africano.


Durante os 30 anos de ditadura, o regime de Mobutu, torturava, matava em massa a fim de consolidar seu poder. O ditador ficou rico e explorou o país durante décadas. O país passou por crises econômicas e sociais sucessivas e graves. As crises enfraqueceram o regime de um lado, e abriu espaço para a emergência de movimentos oposicionistas, de outro. Essas manifestações contrárias suscitaram graves violações dos direitos humanos no Congo, provocando críticas da Anistia Internacional.


Ele apareceu sobre a moeda, um sinal seguro de que era um déspota. E possuía uma coleção de vinho no valor de mais de 2,3 milhões dólares, enquanto a nação lutava para obter noções básicas para a vida.


Mobutu acumulou uma fortuna pessoal de 5 bilhões de dólares à custa da sua nação. Ele é talvez o único líder mundial que poderia pagar sua dívida nacional a partir de sua própria conta bancária. De fato, parecia não haver nenhuma divisão entre seu bolso e o Tesouro Nacional.


Mobutu acumulou para si muitas riquezas do país, abrindo grandes contas em bancos europeus. Ele era o mais rico ditador do Terceiro Mundo. O presidente concentrava em suas mãos uma grande parte do Produto Nacional Bruto do país.


Sua fortuna pessoal era quase o valor exato da dívida do Zaïre, dando ao mundo um exemplo clássico de uma cleptocracia.


A Anistia Internacional acusou o regime do Zaïre de aprisionar e torturar todos os que eram vistos como ameaça à sua base de poder, muitas vezes sem julgamento.


Os anos 90 foram determinantes para a desagregação do regime devido a vários fatores: Em primeiro lugar, o fim da guerra fria diminuiu a importância estratégica do ditador zairense para o Ocidente. Em segundo lugar, surgiram as pressões para a democratização. Mobutu aceitou, apenas em teoria, as novas regras do jogo, minando o processo de transição para neutralizar quaisquer desafios à sua liderança. Esta estratégia traduziu-se na repressão violenta das manifestações contra o seu governo, na tentativa de controlar e manipular as deliberações da Assembléia.


Em terceiro lugar, uma situação econômica deplorável fez do Zaïre, o quarto país mais pobre do mundo, apesar de ser também uma das maiores reservas mundiais de diamantes, cobre e cobalto, de possuir a segunda maior floresta tropical do globo e um dos solos mais férteis de África. A desnutrição levava a vida de 1/3 das crianças do Zaïre. Uma entre duas crianças morriam antes dos cinco anos.


Em quarto lugar, a impaciência de credores e doadores manifestou-se na expulsão do Fundo Monetário Internacional [FMI] em 1994. O fato veio afetar de forma decisiva a possibilidade de o país contrair empréstimos no plano internacional e a capacidade de Mobutu sustentar internamente as lealdades compradas. O descontentamento era evidente na população em geral, estendendo-se também às Forças Armadas Zairenses [FAZ], tendo-se registrado vários motins, distúrbios e pilhagens devido ao não pagamento de salários ou ao pagamento com novas moedas não aceites nos mercados e nas lojas.


Em 1990, a cidade de Lubumbashi acordou sob protesto estudantil. Mobutu ordenara um massacre dos estudantes. Vários corpos dos protestantes ficaram espalhados nas ruas de Lubumbashi.

Mobutu se manteve à frente do país colocando uma facção do seu exército contra a outra. Os objetivos de solidificação da base de poder e eliminação dos potenciais opositores ao regime foram conseguidos essencialmente através de uma centralização do poder, do culto pessoal e de uma hábil manipulação da elite política e militar do país. Em parte, por meio da concessão de negócios e privilégios [principalmente aos membros do seu grupo étnico e regional, mas também a todos os que lhe eram leais]. Em parte, pela exclusão dos principais, ou potenciais, opositores. Pertencer à oposição significava, na prática, ser excluído das oportunidades de enriquecimento pessoal ou da vida social e, por vezes, o exílio ou mesmo a morte.


A estratégia de favorecimento político e socioeconômico foi combinada com outra, brilhantemente conduzida à altura: o fomento das divisões no seio dessa mesma elite, de modo a poder exercer mais eficazmente o seu controle. A estratégia de “dividir para reinar” ― se manifestou, por exemplo, na criação de uma complexa rede de forças de segurança sobrepostas e competidoras [consequentemente, neutralizadoras] entre si. Uma rotação constante nos altos cargos, de modo a impedir o surgimento de uma liderança forte.


No entanto, Mobutu viria a provar do próprio veneno. Sua estratégia mostrou-se contraproducente a médio e longo prazo, na medida em que introduziu elementos perigosos para a manutenção do próprio regime e sua defesa em caso de crise.


Em 1993, após ampla pressão exercida por seus aliados ocidentais, Mobutu cria uma nova Constituição. Com isso, autorizou o retorno da pluralidade partidária, enquanto que a crise econômica e social se aprofunda, alimentando ainda mais a violência do regime. Sentindo-se acuado, em virtude das pressões domésticas e internacionais, Mobutu convoca em 1993, uma Conferência Nacional. Seu intuito era o de solucionar a crise e preparar a transição para um novo governo, ainda que através de manipulações e controle do jogo político, na tentativa de estender sua permanência no comando do Zaïre.


Mobutu governava o Zaïre como ditador há mais de trinta anos. Estreitamente ligado aos interesses belgas e franceses, mesclou seu autoritarismo com uma retórica nacionalista que procurava esvaziar o discurso do lumumbismo que marcou toda a região nos anos 60. Enfrentou seguidas revoltas e movimentos separatistas regionais.


Para a população, Mobutu projetou-se a si próprio como o “Messias”, o “Libertador”, o “Guia”. Criou um culto de personalidade através da glorificação das suas palavras e atos, da exaltação da autoridade, da política de authenticité conduzida nos anos da africanização da vida zairense, e da recordação constante da instabilidade nos primeiros anos de independência. Lembrou ao povo que o país só tinha as seguintes alternativas: «Mobutu ou o caos». O presidente chegou mesmo a afirmar que não existia Zaïre antes dele e não iria continuar a existir depois dele.

Perante a comunidade internacional, alegou ser ele a única garantia da unidade de um país multiétnico e, apesar da sua política ditatorial, foi apoiado pelos países ocidentais, que não queriam ver instalado um regime comunista em tão importante região de África.
Entre 1996-97, Mobutu é obrigado a retirar-se da presidência do país em decorrência de uma doença grave. Enquanto o país entrava em colapso à sua volta, teve passagem livre prometida por seu ex-aliado, os Estados Unidos: o governador Bill Richardson, do Novo México, como embaixador das Nações Unidas no governo de Bill Clinton, que ajudou-o a voar para o Marrocos, nomeando em seu lugar o primeiro-ministro Kengo Wa Ndondo, que não consegue controlar a situação no Norte do país e no Kivu. Enquanto líderes da Conferência Nacional e dos partidos de oposição mais representativos tentavam reconstruir a ordem, uma ação inusitada surpreendeu a todos: a Aliance dês Forces Democratiques pour la Libération du Congo [AFDL], liderada por Laurent-Désiré Kabila e apoiada pelos tutsis, conhecidos como Banyamulenges, entrou pelo leste do país ― na fronteira com Uganda, Ruanda e Burundi ― para libertar o Zaïre da ditadura de Mobutu Sese Seko.


As tropas de Mobutu corroídas pela corrupção, foram incapazes de entrar em confronto com as forças da AFDL, que acabaram por tomar a capital do país, Kinshasa.


Assim, em 1997, o regime de Mobutu chegou ao fim. Após 32 anos no poder, entre 1965 e 1997, deixando um saldo de 1,5 milhões de mortos, o “Grande Leopardo” [como era por vezes apelidado] viu-se obrigado a abandonar o país, deixando o poder a Laurent-Désiré Kabila, que durante muitos anos lhe vinha movendo uma luta de guerrilha. Mobutu morreu de câncer de próstata no exílio em Rabat, Marrocos, em Setembro de 1997. Ele morreu antes de ser levado a julgamento pelos crimes cometidos durante seu reinado.


Então, no mesmo ano, após sua morte, a Suíça bloqueou bens depositados pelo ditador Mobutu e seu clã. Os bancos suíços guardavam um valor de SFr 7.7 milhões [6,68 milhões de dólares].

10.  David Dacko

Dacko foi levado ao poder pelos fazendeiros franceses ricos da República Centro-Africana [PAC]. O objetivo era expulsar Abel Goumba, seu rival, que seria o sucessor legítimo de Barthélémy Boganda, pai-fundador do país, que havia morrido em um acidente de avião. Abel Goumba era hostil aos interesses franceses, por isso odiavam-no.


Dacko começou a consolidar seu poder logo depois de tomar posse em 1960.  Ele manteve a carteira do ministro da Defesa de 17 de agosto de 1960 até 1 de janeiro de 1966, e Guarda dos Selos, de 17 de agosto de 1960 até 2 de janeiro de 1963. Alterou a Constituição para transformar seu regime em um estado de partido único. Em 5 de janeiro de 1964, Dacko foi eleito presidente em uma eleição em que ele era o único candidato.


Logo em 1961, David Dacko tornou todos os outros partidos políticos ilegais. Em 1963, estendeu a duração do seu mandato presidencial de 5 para 7 anos. Em 1964, apresentou-se sozinho às eleições e foi reeleito com 99 por cento dos votos. Em 1965, no lançamento de um empréstimo nacional obrigatório, dos 500 milhões de Francos CFA inicialmente previstos, apenas 182 milhões entraram nos cofres do estado.


Durante seu primeiro mandato como presidente, Dacko aumentou significativamente a produção de diamantes na República Centro-Africana. Eliminou o monopólio da mineração realizada por empresas concessionárias. Decretando que qualquer centro-africano podia cavar diamantes. Diamantes de exportação se tornaram os mais importantes do seu governo, embora metade ou mais da metade dos diamantes do país tenham sido contrabandeados para fora do país.


Dacko incentivou a centralização da administração do governo. Seu regime foi acompanhado por uma crescente corrupção e ineficiência. Dacko ficou dividido entre a necessidade de manter o apoio da França e sua necessidade de mostrar que ele não era subserviente à França.  A fim de cultivar fontes alternativas de apoio e mostrar a sua independência da política externa, Dacko cultivava estreitar as relações com a República Popular da China.  Em 1965, entretanto, Dacko havia perdido o apoio da maioria da África Central.


Na noite de 31 de Dezembro de 1965 ― 1 de janeiro de 1966, o General Jean-Bedel Bokassa, seu primo e do chefe do pessoal das forças armadas, realizou um golpe de estado bem-sucedido.  Dacko foi colocado sob prisão domiciliar em Lobaye, mas foi libertado em 16 de julho de 1969.  Jean-Bedel Bokassa, seu primo e presidente golpista, nomeou-o conselheiro pessoal.
Quando o governo de Bokassa estava sob crescentes críticas durante a década de 1970, Dacko conseguiu viajar para Paris onde os franceses convenceram-no a cooperar em um golpe para remover seu primo do poder e restaurá-lo à presidência.


Na noite de 20-21 setembro de 1979, pára-quedistas franceses realizaram a “Operação Barracuda”. Derrubaram Jean-Bedel Bokassa e restauraram Dacko à presidência.


Em março de 1981, Dacko foi eleito, mais uma vez, presidente da República Centro Africana, em uma eleição fraudada. Por isso, Dacko foi considerado por muitos da África Central como um fantoche dos franceses e seu direito de governar foi contestado.


Ange-Félix Patassé, ex-primeiro-ministro de Bokassa, além de pertencer ao maior grupo étnico no país, o Gbaya, tinha laços de parentesco com outros grupos étnicos, foi um dos políticos mais populares do país.  Ele contestou seriamente a ditadura de Dacko.


Em 1 de setembro de 1981, um golpe sem derramamento de sangue derrubou-o mais uma vez. Mas dessa vez, o golpe foi comandado pelo chefe do Exército general André Kolingba. O golpista teve o apoio dos governos locais, oficiais de segurança franceses, que eram suspeitos de terem agido sem autorização do novo governo da França socialista, liderada por presidente Mitterrand.


Dacko, por sua vez, saiu ileso, mas depois voltou à política para liderar um grupo de oposição ao general Kolingba.  Dacko obteve 20,10 por cento dos votos expressos, nas eleições presidenciais de 1992 e 1993.

Durante o primeiro e segundo mandatos presidenciais de Ange-Félix Patassé, que foi presidente da República Centro Africana de 1993-1999 e 1999-2003, Dacko continuou a participar ativamente na política como líder da oposição.  Dacko e Kolingba foram os principais líderes da oposição. Mas Kolingba era geralmente mais poderoso que Dacko.  Dacko concorreu à Presidência pela última vez nas eleições de 1999, obtendo o terceiro lugar com 11,2 por cento dos votos.


O governo da República Centro-Africana declarou um mês de luto nacional em memória do ex-ditador Dacko.  Em 13 de dezembro de 2003, ele foi enterrado no Mokinda, perto de sua residência.


11. Jean-Bédel Bokassa


Jean-Bédel Bokassa, também conhecido por Imperador Bokassa I e Salah Edddine Ahmed Bokassa foi ditador militar da República Centro-Africana. Em 1966 ele derrubou o ditador David Backo e instituiu um regime de repressão e violência que durou até 1979.


O pronunciamento militar de Bokassa para depor o regime ocorreu numa passagem de ano [de 1965 para 1966]. E o regime que dali saiu, onde Bokassa acumulava a presidência com as pastas da Defesa e do Interior, não se distinguia particularmente de outros países africanos também corruptos e governados por déspotas que se iam progressivamente embriagando com o poder.


Jean Bedel Bokassa governou a República Centro-Africana com mão de ferro. Assassinou opositores e decretou que os ladrões tivessem a orelha cortada. Mas a truculência do tirano opunha-se ao seu sentimentalismo. Bokassa caiu em prantos ao visitar o túmulo do ex-presidente da França, Charles de Gaulle, a quem admirava, dizendo: “Papai foi embora. Papai não está mais conosco.”


Em 1969, o ministro da saúde, Alexandre Banza, acusado de conspirar contra ele, foi fuzilado após ser espancado publicamente pelo próprio Bokassa e arrastado pelas ruas de Bangui, capital do país. Diversos outros membros do governo receberam acusação idêntica e também tiveram o mesmo fim.


Bokassa baixou rígidas instruções sobre como os súditos deviam se comportar em sua presença: manter-se a seis passos de distância, curvar a cabeça em sinal de obediência e, quando convidado a falar, responder com um “sim, Majestade Imperial.”


Com hábitos antropofágicos, afirma-se que o ditador mantinha estocado nos frigoríficos de seu palácio, grandes pedaços de carne humana para serem saboreados in natura.


Depois de ocupar os cargos criados por ele próprio, de presidente vitalício da República-Centro Africana e de marechal do exército, o ditador Jean Bedel Bokassa proclamou-se imperador da monarquia hereditária daquele país, em 1977, sob o nome de Bokassa I. A festa de coroação do ex-soldado do exército colonial francês consumiu 30 milhões de dólares. Seu banquete foi inspirado na cerimônia que concedeu a Napoleão Bonaparte, ídolo de Bokassa, o título de dignidade imperial em 1804.

Bokassa deixou o palácio onde morava em uma carruagem de 8 toneladas enfeitada de ouro e dirigiu-se ao local da cerimônia onde recebeu a coroa de ouro cravejada de brilhantes. Recebeu também o longo manto e sentou-se no trono em forma de águia com 3 metros de altura por 4 de largura.


Todo o trajeto do imperador foi enfeitado com um total de 15 toneladas de flores importadas da Europa. A comida servida no banquete dele veio da África do Sul. Bokassa pagou as despesas de viagem dos 3 mil convidados de outros países, além de construir especialmente um bairro com modernas casas pré-fabricadas para alojar os hóspedes.


O luxo da comemoração contrastava com a situação do país, e uma das economias mais pobres da África. Os 2,5 milhões de habitantes tinham renda per capita anual de 176 dólares e 82 por cento da população era analfabeta.


Em 1979, estudantes fizeram um protesto numa escola primária. Protestavam contra o governo que obrigava todos os alunos a usarem uniformes vendidos por uma empresa de sua propriedade. Meses depois, diante de uma greve geral, Bokassa mandou prender centenas de jovens estudantes e participou pessoalmente de seu massacre, ajudando a guarda imperial que metralhou 100 crianças.


As Tropas francesas invadiram Bangui, a capital da República Centro-Africana para derrubar o ditador. Uma figura sinistra, dotada de um mau gosto excêntrico, Jean-Bédel Bokassa, foi derrubado em Setembro de 1979.


Ao invadirem o palácio, veio a descoberta do mistério: Os inimigos de Bokassa, que sumiam num piscar de olhos, num passe de mágica, estavam lá, congelados nas arcas do ditador e logo iriam para o prato.


Após sua deposição, Bokassa foi para a Costa do Marfim e, posteriormente, viveu exilado em Paris. Foi condenado à morte in absentia em dezembro de 1980, porém voltou de seu exílio na França em 24 de outubro de 1986, sendo preso e julgado por traição, assassinato, canibalismo e apropriação indébita de fundos estatais. Em 1987 é julgado e condenado à morte por inúmeras atrocidades, incluindo o abate de vários alunos, mas a sua pena seria comutada para prisão perpétua em fevereiro de 1988, e reduzida posteriormente para vinte anos.


Com o retorno da democracia em 1993, o presidente André Kolingba declarou anistia geral a todos os presos, em um de seus últimos atos como presidente. Bokassa foi libertado em 1 de agosto daquele ano e morreu três anos depois, vítimas de ataque cardíaco.


Bokassa teve 17 esposas e mais de 50 filhos. Seu regime de 13 anos no poder [1966/1979] deixou mais de 300 mil mortos.


Este é o antigo ditador, Jean Bedel Bokassa. Ele pensava que tudo o que existia no país era dele. É por causa disso que morreu quase doido, incapaz de conviver com a ideia de já não ser o centro de tudo.


12. Apollo Milton Obote


Apollo Milton Obote assumiu a presidência de Uganda em 15 de abril de 1966. Durante seus dois mandatos como presidente ele molestou, aterrorizou e torturou seus adversários políticos. Perseguiu outros grupos étnicos, incluindo índios que não eram de sua etnia.

Seu regime foi marcado pela corrupção generalizada. Depois de uma tentativa de assassinato, em 1969, ele proibiu todos os partidos políticos.

Por outro lado, sua segunda vitória nas eleições provocou uma guerra civil que deixou 100.000 mortos, em 1980.

Apollo Milton Obote, líder político que conduziu a Uganda para a independência, foi derrubado em 1971. O exército do país derrubou-o, e estabeleceu um governo militar.

Milton Obote, passou anos a fio no exílio, em Musasani, um bairro nobre da capital tanzaniana, Dar es Salam. Arquitetava durantes os anos em que esteve exilado, maneiras de retomar o poder. Obote não conseguia imaginar-se vivo sem ser presidente de Uganda, por isso, faleceu triste em Joanesburgo, África do Sul.


13. Albert Bernard Bongo “Omar Bongo Ondimba”


Ascendeu ao poder, em 1967. As quatro décadas não lhe saciaram o apetite pelo poder. Antes de sua morte havia dito que concorreria também às eleições de 2013. Nessa altura teria 77 anos de idade. Ninguém duvidava que ele ganharia folgadamente essas eleições, uma vez que teria novamente a seu serviço todo o aparato do estado, que facilitaria alterar os resultados finais. Se a morte não lhe tivesse tirado do poder, ele terminaria o mandato com a respeitável idade de 84 anos. Não se sentindo saciado poderia disputar uma nova eleição, que também ganharia sem dúvida. Ao fim desse mandato, Bongo teria 91 anos.

Batizado com o nome de Albert Bernard Bongo, ele chegou ao poder pacificamente em 1967. Em 1968, ele constituiu o Partido Democrático do Gabão (PDG), que viria a governar o país em regime de partido único até 1990. O Gabão registrou as primeiras eleições em 1993 ganhas por ele em meio a acusações de fraude.

Bongo viria a ser reeleito em 1998 para um segundo mandato de 7 anos. Em 2003 o Parlamento aprovou uma emenda constitucional que punha fim ao limite de dois mandatos de 7 anos para o presidente. Em 2005 organizou eleições que ganhou com 79,2 por cento dos votos. O líder principal do partido da oposição, Pierre Maboundou, ficou em segundo lugar com 13,6 por cento.

Neste período estabeleceu uma dinastia e um clientelismo que acabaram por tornar o Gabão em seu refém e país de um homem só. Por isso, Bongo considerava-se o messias dos gaboneses. Embora não tivesse pressa nenhuma de deixar o poder, ele estava já a preparar o seu filho, Ali Bem Bongo, ministro da Defesa, para sucedê-lo.

Omar Bongo fez do Gabão uma espécie de quinta privada. Tudo no país girava em torno dele e da sua família e seus bajuladores.

A filha do ditador, Pascaline era a figura mais poderosa do país era a sua filha, depois dele. Ela reina absoluta no país.

Omar Bongo cuidou para que a liderança da guarda presidencial e dos serviços secretos fosse sempre exercida por sobrinhos seus. Antes de sua morte, Bongo era considerado um dos homens mais ricos do mundo. Ele deixou bens em várias partes, nomeadamente em França, onde lhe foi atribuída a titularidade de pelo menos 30 luxuosos apartamentos e vários hotéis de 5 estrelas.

Com apenas 1 milhão de habitantes, Gabão deveria ser um país próspero por causa das suas imensas riquezas naturais. O presidente Bongo preferiu, no entanto, gastar o dinheiro do país para comprar as boas graças da elite francesa e para corromper a oposição interna.

Dinheiro que deveria servir para construir escolas, estradas ou hospitais no Gabão ia parar a bolsos franceses, financiando campanhas de vários partidos políticos.

Em Paris, Bongo gostava de organizar suntuosos jantares em restaurantes equipados com mesas translúcidas e candelabros caríssimos. Com isso, ele se julgava parte da elite francesa.

Bongo foi o chefe de estado que esteve mais tempo no poder, tendo sido presidente durante ininterruptos 41 anos, entre 1967 e a data da sua morte. Faleceu em Barcelona, no seguimento de um ataque cardíaco, a 8 de junho de 2009, com 72 anos.

Bongo governou o país sem ir a eleições de 1967 a 1990 e deixou cerca de 30 filhos. A produção de petróleo, que sustentou o seu regime, é agora considerada em declínio, o Gabão não construiu muitas infraestruturas com as receitas do seu principal produto de exportação.

De acordo com Pierre Pean, autor do livro “Assuntos Africanos”, citado pelo site Pressa  Afrique, Bongo matou os seus adversários políticos como Germain Mba assassinado por Bob Denard, em 18 de setembro de 1971.


14. Étienne Gnassingbé Eyadéma


Oficiais do exército, comandados por Gnassingbé Eyadema, derrubaram o governo de Grunitzky em janeiro de 1967. Suspenderam a constituição e estabeleceram um governo com o então ditador do país, Gnassingbé Eyadéma, como presidente. O povo confirmou seu governo em uma eleição realizada em 1972, sob Lei Marcial, muito criticada pela comunidade internacional.

Eyadéma, que teria participado pessoalmente do assassinato de Olympio, iniciou, no final da década de 1960, uma campanha nativista. O objetivo declarado era expurgar o país de todo seu passado colonial. Durante anos, togoleses associados por origem, afinidade ou sobrenome a países estrangeiros foram vítimas de perseguição.


Durante a década de 1970, Eyadema governou com plenos poderes, à base de intensa repressão e sob a fachada do socialismo de partido único, a Reunião do Povo Togolês. Em 1979, Eyadema proclamou a terceira república togolesa e uma nova constituição foi adotada.


A década de 1980 foi marcada por uma onda de perseguições às tribos do norte, que obrigaram cerca de 50 mil pessoas a se refugiarem em Gana.


A crise política se transformou em crise econômica após nove meses de greve geral, protestos populares e o corte da ajuda econômica internacional em 1995.


O povo togolês sofreu com a ditadura do general Gnassingbé Eyadema, no poder há mais de trinta e oito anos de uma ditadura cruel e com o apóio incondicional de seu mentor francês. Na década de 1990, Eyadema se opôs ao processo de democratização do país para mantê-lo em um clima de repressão e terror.  Após as fraudulentas eleições presidenciais de 1993 e 1998, o ditador togolês se comprometeu a respeitar a Constituição, que limita a dois o número de mandatos presidenciais.


Durante trinta e oito anos, Etienne Gnassingbé Eyadema permaneceu no poder graças a ajuda de seu “amigo pessoal”, o presidente francês, Jacques Chirac, utilizando-se de dois golpes: sistemáticas fraudes eleitorais, a fidelidade do exército infiltrado nas família, redes de amizade muito forte no exterior [incluindo a França] e um bloqueio de acesso à inteligente e a escassez de recursos econômicos no país.


Ele oprimiu o país por 38 anos, e era o mais antigo chefe de estado em África. Com isso, Etienne Gnassingbé Eyadema levou Togo no caminho do caos, testemunhando a queda da economia do Togo, como resultado das sanções. Os serviços públicos estavam dilapidados. A justiça, subserviente. A mídia intimidada. Togo era um país oprimido, privado, isolado e corrupto.
O naufrágio do Togo é, essencialmente, o resultado dos delírios megalomaníacos de Etienne Gnassingbé Eyadéma, um homem obcecado pelo poder. O poder em si e para si. Poder como um saciar da sede que nada no serviço de uma ambição nunca saciada, e como uma vingança em suas origens.


Etienne Gnassingbé Eyadema sempre reinou por meio da violência. A lista de crimes cometidos por seu regime é longa. Os capangas de Etienne Gnassingbé Eyadema tinham como recurso a intimidação ou assassinatos. Estas práticas criminosas estendem-se às injustiças da lei e das instituições: a fraude eleitoral, acusações falsas, prisões de todo o tipo e manipulação da constituição do Togo, a fim de permanecer no poder.

Seu governo tirânico fez com que a União Européia suspendesse a ajuda em meio ao massacre de manifestantes pró-democracia.

Ele tinha umas mil mulheres que dançavam e cantavam louvores a ele, e pode ter tido mais de cem crianças com essas inúmeras mulheres.


Em 5 de maio de 1999, a Anistia Internacional, num relatório intitulado “O reino do terror”, reconheceu que Etienne Gnassingbé Eyadema teria matado centenas de pessoas e jogado os corpos no mar após o anúncio dos resultados das eleições de 1998.


Ele foi cruel, pois alimentava crocodilos com a carne de seus adversários. Em 2003, a Federação Internacional dos Direitos Humanos [FIDH] publicou um relatório intitulado “Togo, 37 anos de governo arbitrário e ditadura”, em que ela denuncia sistematicamente “a tortura nas delegacias de polícia com a impunidade, o tribunal em favor do poder, prisões superlotadas e as eleições fraudulentas.”


Mas quem pode denunciar os crimes hediondos, tiros baratos, desvio de fundos, a situação catastrófica do país, a frustração dos homens, cujas esposas o ditador Etienne Gnassingbé Eyadema abusou sexualmente?


Essa ditadura obrigou o exílio de mais de um milhão exílio do Togo. Os coitadod fugiam para o Gana, Serra Leoa, Costa do Marfim, Guiné Conakry, República Democrática do Congo, a situação dos refugiados era desumano e indigno: dor, humilhação e sofrimento constante durante as fugas.


Gnassingbé Eyadema morreu 5 de fevereiro de 2005, de um ataque cardíaco perto de sua cidade natal de Pya [norte do Togo] e foi sucedido pelo filho Faure Eyadéma.

15. Moussa Traoré

Em novembro de 1968, Moussa Traoré, com a patente de tenente, liderou um sangrento golpe militar, que derrubou Modibo Keïta. O golpe foi inicialmente bem acolhido por alguns setores da população, mas não tardou para o tenente Moussa Traoré começar a governar o país ditatorialmente até 1991.


A Constituição foi suspensa, a atividade política proibida e o governo colocado nas mãos de um Comitê Militar para a Libertação Nacional, com o tenente Moussa Traoré nos lugares de primeiro-ministro e chefe de estado.


Em 1990, começaram a surgir movimentos de oposição coerentes, mas estes processos foram interrompidos pelo aumento da violência étnica no norte do país, devido ao regresso de muitos tuaregues ao país.


O regime militar de Traoré tentou realizar reformas econômicas. Apesar disso, seus esforços foram frustrados pela instabilidade política e uma devastadora seca que ocorreu entre 1968 e 1974.


Como tantos outros donos do poder na África, os militares de Mali aprenderam a fazer eleições que jamais perderam, especialmente porque só havia um partido político. Nessas condições, não surpreende que o general Moussa Traoré tenha obtido, em 1979, 99 por cento dos votos para presidente. Tamanha popularidade, contudo, não convenceu a todos e Traoré teve de enfrentar manifestações estudantis e três tentativas de golpe. No entanto, os dissidentes foram suprimidos até o final da década de 80.


No final de 1990, os opositores do regime criaram abertamente organizações que reivindicaram o estatuto de oposição do partido.  Um deles foi a Aliança para a Democracia no Mali [ADEMA], formada pelo atual presidente da República, Alpha Oumar Konaré.  Passeatas pedindo um estado multipartidário atrairam o apoio de dezenas de milhares de pessoas.


O ditador, em seguida, procurou neutralizar a oposição, começando com os tuaregues do norte que estavam travando uma guerra de guerrilha.  Este conflito foi visto por muitos como a “linha de frente” na luta do povo contra a ditadura. A causa tuaregue foi apoiada por movimentos de oposição.  O governo, que durante algum tempo optou pela “repressão leve”, revelava suas garras e, em janeiro de 1991, começou a prender os líderes estudantis.  As ruas estavam cheias de veículos blindados e aconteceu a primeira morte entre os alunos.  A repressão atingiu seu auge em 22 de Março de 1991, quando várias dezenas de estudantes foram mortos.


Um dia depois dos estudantes serem mortos, um comitê de coordenação da democracia lançou um apelo para uma greve geral, para durar até que o ditador fosse derrubado.  Isso começou em 26 de março e elevou-se, até o “golpe democrático” ou golpe de estado.  Seu instigador foi o tenente-coronel Amadou Toumani Toure, que tomou conta da transição com os movimentos democráticos. Em 1991, um golpe de estado depôs e prendeu o presidente, instituindo o poder do Comitê Transitório para a Salvação do Povo.


O ex-ditador Moussa Traoré e sua esposa, Mariam Cissoko, foram condenados à morte em Janeiro de 1999, por desviar dinheiro público. Em Setembro do mesmo ano, o presidente Konaré comutou a pena em prisão perpétua com trabalhos forçados.


Hoje, o Mali é um dos países mais estáveis de África no domínio político-social.

16. Francisco Macías Nguema

A Guiné Equatorial tornou-se independente da Espanha em 1968, sob o regime do ditador General Franco. Desde então, tem sido governado por dois homens: Francisco Macías Nguema, o primeiro presidente e um ditador brutal que desprezou intelectuais, assassinou milhares de membros da etnia minoritária Bubi, baniu a pesca e atribuiu a si mesmo uma enorme quantidade de títulos grandiosos, como o ridículo “Presidente Eterno.”


Francisco Macías Nguema, cujo nome real era Mez-m Ngueme, foi o primeiro presidente pós-colonial da Guiné Equatorial, de 1968 a 1979. Desde então, autoproclamara-se presidente vitalício do país, com direito a eleger seu sucessor. Sob sua ditadura nunca se celebraram eleições livres. Naquele ano, decidiu assumir, além da presidência vitalícia, os cargos de primeiro-ministro e de ministro do Exército, Justiça e Finanças.

Nas pré-eleições de setembro de 1968, Macías Nguema tornou-se chefe de uma coalizão de três partidos, após vencer Ondó Edu em duas rodadas. O líder derrotado foi para um exílio breve no vizinho Gabão imediatamente após a independência. Ele voltou menos de dois meses depois, em Novembro de 1968. Em janeiro de 1969, Edó Edu é morto por Nguema, depois ter sido acusado de tramar um golpe. Outros funcionários, entre eles o antigo vice-presidente, Edmundo Bossio, se suicidaram enquanto estavam detidos. Nguema também matou o governador do Banco Central.

Entre 1971-1973, ele usurpou o poder do estado através de decretos. Ele revogou a Constituição e assumiu todos os poderes legislativo, judiciário e executivo.

Em 1979, parte dos associados de Nguema havia percebido que era louco e perderam a fé nele. Ele se excedeu quando, no mesmo ano, ele matou um membro de sua família.

Seu governo foi marcado de punho de ferro, assassinato em massa, pilhagem econômica e comportamento maluco que fez a sua esposa fugir do país em 1976.

Antes de ser derrubado e executado em setembro de 1979, Francisco Macias Nguema, presidente fundador da Guiné Equatorial foi o ditador mais cruel e sanguinário da África pós-independente. Foi comparado com Idi Amin Dada do Uganda, Jean-Bedel Bokassa da República Centro-Africano [PAC] e Ali Soilih do olhar Comores. Estes eram como meninos quando se trata de ditadura insana, assassinato em massa e a destruição de uma economia nacional.

Ditador louco, vândalo econômico e doido. Nguema consumia grandes quantidades de substâncias tóxicas. Um dos ditadores mais loucos da África. Nguema lidera a lista de espancamento, de crueldade e derramamento de sangue. Todo o aparato repressivo do estado da Guiné Equatorial [exército e guarda presidencial] eram controlados de modo absoluto pela família e parentes de Francisco Macías e por outros membros de seu clã.

Durante seus 11 anos de reinado de 1968-1979, Nguema se elevara com status de uma divindade. Em 1978, ele mudou o lema da Guiné Equatorial para: “Não há outro Deus senão Macías Nguema”. E ordenou que no final da missa, a congregação devesse cantar assim: “Avançar com Macías. Sempre com Macías. Nunca sem Macías.”

Entre as muitas ações paranóicas do presidente há que assinalar a proibição do uso da palavra intelectual.

Ele se declarou o Grande Mestre da Ciência, Educação e Cultura; e lançou um expurgo contra os intelectuais. Ele matou e exilou quase todas as pessoas educadas no seu país. Declarou subversiva educação privada e proibiu-a.

Receoso de que os estrangeiros iriam derrubá-lo e desejoso de ocultar os assassinatos em massa sob o seu regime, fez da Guiné Equatorial, de fato, um país de eremita.

Nguema assassinou quase todos os líderes políticos da era pré-independência. Implantou um regime dominado por membros de sua família. Adversários Reais ou imaginários de sua família foram mortos nas principais prisões em Malabo, Bata e outros campos de detenção. Contínuas violações dos Direitos Humanos foram cometidas pelo regime repressivo e sangrento de Macías, causando a fuga de um terço do país cerca de 400 mil populares fugiram para os países vizinhos: Camarões e Gabão. Alguns escaparam para a Europa: Espanha e França.

Reprimiu com grande dureza tanto a oposição conservadora como a de esquerdas. Tornou-se bastante autoritário e duro na hora de impor as reformas que tinha em mente.

O número de mortos sob a ditadura de Macías depende das fontes que se consulta, porém se estima entre 50 e 80 mil, ou, dito de outro modo, entre 1/6 e 1/4 de uma população de umas 300 mil pessoas.

Em 1976, “Africanizou” seu nome como Masie Nguema Biyogo Ñegue Ndong, depois de exigir o mesmo do resto da população. Macías desenvolveu um extremado culto da personalidade. Atribuiu a si títulos como o de “milagre único” e outros similares.

A 3 de agosto de 1979, seu sobrinho Teodoro Obiang Nguema Mbasogo organizou, com a ajuda de parte do exército, um golpe de estado bem sucedido com a conivência da Espanha, que derrubou Francisco Macías.

Após sua expulsão, primeiro, o ditador fugiu para a sua aldeia natal de Nzeng Ayong para montar uma resistência. Ele foi forçado a sair novamente, desta vez se refugiou em um bunker na selva. As tropas leais a ele lutaram contra o novo governo por quase duas semanas, depois de ordenar o massacre de todos os soldados sob seu controle, os quais ele suspeitava serem apoiantes de Obiang Nguema. Entretanto, Macías não conseguiu reunir em torno de si recursos necessários para opor-se a seu sobrinho, Obiang. Foi capturado em seu esconderijo na floresta e levados para Bata Prison em 18 de agosto pelos rebeldes. Pouco tempo depois, ele foi transferido para a prisão Blabich em Malabo.

Seu sobrinho, Teodoro Obiang, que acabaria sendo por sua vez um novo ditador, submeteu-o a um julgamento sumaríssimo com outras 10 pessoas por assassinato em massa [genocídio], deportações em massa, apropriações indevidas, saques maciços e traição. O julgamento foi feito por um tribunal militar e começou em 24 de setembro de 1979. Além de Macías Nguema, os outros homens no banco dos réus no julgamento de quatro dias foram um dos seus ex-vice-presidentes, Miguel Eyegue que esteve preso por usar feitiçaria contra ele. Os chefes das prisões de Bata e Blabich. Outros foram os comandantes da guarda Macías Nguema e da segurança presidencial. Dois dias depois do julgamento, em 29 de setembro do mesmo ano, alguns dos coréus foram condenados a prisão perpétua. O ex-ditador e outros seis foram condenados à morte. Eles foram executados [fuzilados] no mesmo dia na prisão de Blabich. Um pelotão de fuzilamento composto por tropas marroquinas fez o trabalho.

Hoje em dia, Francisco Macías Nguema é considerado como um dos líderes mais cleptocratas na história da África pós-colonial. Tem sido comparado a Pol Pot pela natureza violenta, imprevisível e anti-intelectual de ambos os regimes.

 

Boa leitura!
Espere pelo próximo texto da série “Ditadores de África.”

O autor

Ribeiro Tenguna é escritor, membro da Brigada Jovem de Literatura de Angola e do Grupo Experimental da Academia de Letras. É Gestor de Empresas, Teólogo, Especialista em Resolução de Conflitos e Master in Business Administration.