Luanda -  As eleições gerais foram realizadas com êxito e o MPLA e o seu candidato foram proclamados os grandes vencedores ao obterem maioria qualificada. A vontade popular expressa nas urnas não deixa dúvidas quanto ao desejo dos angolanos verem o país a ser conduzido pela mesma força política e pelo grande estadista que tiraram o país da guerra e o colocaram nos trilhos da recuperação económica.

Fonte: Jornal de Angola

A Comissão Nacional Eleitoral cumpriu de forma brilhante o seu papel e, não obstante falhas irrelevantes para o apuramento final do escrutínio - de que tomou boa nota para afinar a organização do sistema -, a avaliação global feita ao seu desempenho permite atribuir-lhe a classificação de excelente.

Os resultados definitivos das eleições, dados a conhecer ao público pela CNE no dia 7 de Setembro, traduzem a vontade genuína dos angolanos em prosseguir na via da reconstrução do país, da consolidação da paz e do reforço da democracia.

Os próximos passos a serem dados, como corolário das terceiras eleições que o país organiza, vão ser a investidura pelo presidente do Tribunal Constitucional do Presidente da República eleito e a tomada de posse dos deputados eleitos para a Assembleia Nacional.

A campanha eleitoral para o pleito de 31 de Agosto encerrou no dia 29 de Agosto, mas para a UNITA ainda não terminou. Mesmo fora do tempo, o partido de Isaías Samakuva continua a esgrimir os mesmos argumentos que desfilou nos tempos de antena na rádio, na televisão e nos comícios. Aos olhos da opinião pública nacional e internacional a direcção de Isaías Samakuva só ganha descrédito e isso só prejudica a própria UNITA.

A UNITA e Isaías Samakuva ganhariam se, em tempo oportuno, tivessem felicitado o MPLA e o seu cabeça de lista pela vitória alcançada. Teriam dado de si a imagem de que encararam com elevação democrática o pleito eleitoral. Teriam emitido, até mesmo, um forte sinal à sociedade de que romperam com o mau exemplo dado por Jonas Savimbi e que abraçaram sem rebuços os valores da democracia. Isso não foi feito e põe a nu o seu mau perder.

Apesar de anunciar que vai ocupar os seus lugares nas instituições do Estado e continuar a defender a legalidade e consolidar a democracia em Angola, todos os angolanos estão a ver que por detrás dessas palavras há uma grande falta de honestidade da parte da direcção da UNITA.

Os angolanos sabem que a UNITA só participou nas eleições porque no último instante Isaías Samakuva recuou e veio a público dizer que sim, estava decidido a concorrer. A sua intenção era não participar nas eleições.

O porta-voz da UNITA, Alcides Sakala, deu nota pública de que o partido estava dividido entre participar e não participar, mas que o bom senso imperou e a maioria decidiu pela participação.

A UNITA não está a dizer a verdade ao povo angolano sobre a indicação dos seus delegados de lista. O partido de Isaías Samakuva foi um dos que não cumpriu com o preceituado na Lei Orgânica Sobre as Eleições Gerais, apesar da Comissão Nacional Eleitoral ter prorrogado, por duas vezes, o prazo de entrega das listas. A UNITA não pode, por isso, vir reclamar o credenciamento tardio dos seus delegados de lista porque concorreu para que isso acontecesse, em obstrução clara ao trabalho da CNE, a quem tinha a obrigação de auxiliar para o normal desenvolvimento do processo eleitoral.

Pelo contrário, montou uma verdadeira campanha para descredibilizar a Comissão Nacional Eleitoral e mantém-se ainda aferrada a essa estratégia, mesmo sabendo que está a nadar contra a maré, porque todas as missões de observação internacional reconheceram lisura no processo eleitoral e no trabalho levado a cabo pela CNE.

O partido de Isaías Samakuva falta ainda à verdade quando põe em causa o trabalho dos órgãos de comunicação social públicos durante o período de campanha eleitoral. Isso já não surpreende, porque a comunicação social pública nunca deixou de ser atacada pela UNITA, que tem a particularidade de se perder quando está diante da floresta.

Comparando com o trabalho feito em 1992 e em 2008 os órgãos demonstraram uma notável evolução na cobertura eleitoral, fruto também do amadurecimento profissional e dos investimentos que o Estado está a fazer para a melhoria da prestação do serviço público no sector. Foi um trabalho qualitativamente superior e que tem merecido o reconhecimento da sociedade. Foi um trabalho desenvolvido com sentido de responsabilidade e de Estado.

O mesmo não se pode dizer do comportamento da UNITA, que nos seus tempos de antena disse uma mentira que até hoje não desfez. Nomeadamente, quando disse que o Presidente José Eduardo dos Santos, não é cidadão angolano. Estamos à espera que a UNITA e Isaías Samakuva ganhem coragem para, pelo menos, virem a público pedir desculpas ao Presidente da República reeleito por essa tão desprezível invenção contra uma pessoa que tem dado tudo por Angola, que em nome da reconciliação nacional e da valorização da democracia tem estendido a mão mesmo àqueles que sabe estarem prontos a estragar o país.

Ficaria bem se o bom senso voltasse a morar no seio da UNITA para reconhecer o que lhe tem sido difícil interiorizar: que a esmagadora maioria de votos concedida pelo povo ao MPLA e ao seu candidato é fruto do árduo trabalho desenvolvido para apagar as feridas da guerra que a UNITA causou ao país. Seria uma forma, também, de Isaías Samakuva e o seu partido se reconciliarem com a história.

* DG adjunto do Jornal de Angola