Marcolino Moco ri-se quando lhe perguntam porque é que foi o único dos três antigos PMs que não beneficiou da "amnistia" ou então, se está a procura agora na vida académica, da visibilidade que perdeu enquanto político, depois de ter sido abruptamente afastado do governo em finais dos anos 90 pelo Presidente JES, com direito a uma inédita manifestação de protesto nas ruas de Luanda, onde uma das palavras de ordem gritadas pelos manifestantes era: "Fora com o bailundo!".

Moco queria apenas ser um pouco mais Primeiro-Ministro de acordo com a própria Lei Constitucional, sem deixar de ser o primeiro dos ministros ou o Coadjutor como agora se designa o PM, depois da mais recente "revisão constitucional" que se seguiu à tomada de posse de Paulo Kassoma.

Ao convidar alguns jornalistas da imprensa privada para se deslocarem a Lisboa a fim de cobrirem a sua visita oficial a Portugal, Moco fez a diferença e aumentou a distância que o separava do Futungo de Belas.
Marcolino Moco vai, certamente, ficar na história do MPLA e deste país como tendo sido um dos rarissimos "camaradas" que teve a coragem de enfrentar o Presidente José Eduardo dos Santos no seu território, mas não foi capaz de dar o passo seguinte.

Mesmo assim o "castigo" para esta (meia) ousadia é eterno e ele sabe disso.

[Do Prefácio:
Tem sido uma experiência extremamente valiosa para mim epara os professores da Faculdade de Direito da Universidadede Lisboa a participação na regência dos cursos demestrado da Faculdade de Direito da Universidade AgostinhoNeto. Extremamente valioso, pelo contacto com uma Escola nova epujante, pelo intercâmbio com os seus professores, pelo diálogo estabelecido com juristas de váriasgerações, que pretendem avançar na investigaçãocientífica.

Um destes juristas é justamente o Dr. Marcolino Moco. As suas intervenções nas aulas e os relatórios finais, de elevado nível, mereceram que tivesse obtido as mais altas classificações nas diversas disciplinas do curso de 2005-2006.

Publica agora o Dr. Marcolino Moco esses estudos, em dois volumes, primeiro dos quais dedicado ao Direito Administrativo e à Metodologia Jurídica e o segundo ao Direito Constitucional e ao Direito Internacional Público.
Os temas versados são da maior importância, quer no estrito plano teórico, quer pelas suas implicações na realidade constitucional, económica, social e políticaem Angola. E são tratados com base em ampla pesquisa e reflexão, em que se bem se patenteiam a inteligência, a maturidade e o sentido universitário do Autor.

Congratulo-me, pois, vivamente com esta publicação e formulo sinceros votos por que o Dr. Marcolino Moco prossiga no seu empenhamento académico, a bem da Ciência Jurídica de Angola e dos países de língua portuguesa.
Muito pode continuar a dar a esta Ciência e ao seu País.


Lisboa, 9 de Julho de 2007,
Prof. Doutor Jorge Miranda]
Fonte:http://www.morrodamaianga.blogspot.com/