Luanda  - O Presidente da República ordenou, no pretérito dia 1 de Janeiro, a criação de uma comissão de inquérito cujo escopo era o de apurar as causas da tragédia do dia 31 de Dezembro de 2012, no Estádio da Cidadela Desportiva, em Luanda, a propósito de um sarau religioso denominado “Vigília da Virada – Dia do Fim”, promovida pela malquista Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) e que (para mal das nossas desvirtudes) se saldou em 16 dezasseis mortes e 120 feridos.


Fonte: Club-k.net

ImageOu seja: a actividade da IURD provocou sangue, luto, dor e lágrimas no último dia do ano por ter tido a veleidade de dispensar o concurso do Governo Provincial de Luanda, Comando Provincial da Polícia e o Serviço Nacional de Protecção Civil e Bombeiro para garantir o asseguramento do certame.

José Eduardo dos Santos fê-lo (refiro-me à orientação da criação da comissão de inquérito) por se preocupar com a segurança pública e a vida dos angolanos, ou não tivesse responsabilidades acrescidas, enquanto chefe de Estado, por um lado, e, por outro, como católico apostólico romano que respeita à letra o Direito à Vida ínsito no capítulo dos Direitos Fundamentais do estatuto jurídico-político (Constituição) vigente na República de Angola.

Coordenada pelo ministro do Interior, Ângelo Tavares, a comissão tem como coordenadora-adjunta a ministra da Cultura, Rosa Cruz e Silva, e integra, ainda, os ministros da Administração do Território, Bornito de Sousa, da Justiça, Rui Mangueira, da Saúde, José Van-Dúnem, da Juventude e Desportos, Gonçalves Muandumba, e o governador de Luanda, Bento Bento.

A sobredita comissão é apoiada por um grupo técnico, coordenado pelo secretário de Estado do Interior, integrando representantes das entidades supracitadas e - segundo uma nota da Casa Civil da Presidência da República, emitida no dia a seguir ao acidente – deveria ter apresentado o relatório do resultado dos seus trabalhos ao chefe de Estado.

Ignoro completamente se, porventura, se a comissão já fez chegar ao Presidente da República o referido relatório. Agora, de uma coisa tenho a certeza: o calendário está a passar por nós e, até ao presente momento, a sociedade reclama apenas a necessidade de ter acesso à informação recolhida pela comissão liderada pelo ministro do Interior (sim, o Querido, de Benguela, é ele mesmo) atinente ao desastre do passado dia 31 no Estádio da Cidadela Desportiva, em Luanda, que, convenhamos, causou uma dor de alma a Angola, aos angolanos e não só.

O retrato das imagens televisionadas de pessoas meio mortas a serem transportadas para as ambulâncias ainda está presente na memória colectiva do país. É, de facto, um retrato que não gostaria de ver «reeditado» no nosso chão. É, seguramente, um retrato de que não me esquecerei tão cedo.

Por isso, acho que se deve assacar a responsabilidade civil à Igreja Universal do Reino Deus (IURD) pelo acidente que vitimou 16 pessoas e deixou feridas em 120. Mas também sou de opinião – se me é permitida e não ofende – que o Governo Provincial de Luanda, o Comando Provincial da Polícia e o Serviço Nacional de Protecção Civil e Bombeiro devem ser (também) chamados à pedra.

Porquê? Porque – se mo é permitido dizê-lo – jamais o Governo Provincial de Luanda, o Comando Provincial da Polícia e o Serviço Nacional de Protecção Civil e Bombeiros  deveriam, em nome da (in) segurança e (in) tranquilidade públicas, permitir que fosse a interessada (a IURD, no caso) a assegurar o interior do Estádio da Cidade Desportiva com 300 autoprotectores, tendo os agentes da Polícia Nacional tendo ficado apenas com a responsabilidade da parte exterior a ver pastores e ovelhas a entrarem e a sair.

Meus senhores, isto de os agentes da Polícia Nacional terem ficado a tomar conta da parte exterior do Estádio da Cidadela Desportiva tem nome: Falta de profissionalismo.

Isto de o Serviço Nacional de Protecção Civil e Bombeiros não se ter precatado em relação ao acidente que teve lugar no passado dia 31 de Dezembro de 2012 chama-se, em bom português: Negligência

Isto de o Governo Provincial de Luanda ter minimizado o “alerta” que dava conta que a IURD queria dispensar as autoridades no que tange à segurança dos crentes e demais pessoas que acorreram à “Vigília da Virada – Dia do Fim” traduz o seguinte: falta de respeito ao cidadão contribuinte e eleitor.

Resultado: quem acabou por ficar mal na fotografia é o país inteiro por mostrar que não reúne condições para manter a segurança e tranquilidade públicas dos angolanos e não só.