NOTA DE IMPRENSA SOBRE DIGRESSÃO DIPLOMÁTICA DO PRESIDENTE SAMAKUVA (4)

Londres  - O líder da UNITA, Isaías Samakuva, iniciou a sua visita de quatro dias ao Reino Unido da Grã Gretanha no fim-de-semana realizando no Sábado uma magna reunião com membros da comunidade angolana.

Fonte: UNITA

Samakuva ouviu atentamente as preocupações dos quadros angolanos, explicou a situação política no país e encorajou os cidadãos a se organizarem para melhor reivindicarem os seus direitos junto da Embaixada de Angola.


“Será que a comunidade internacional reconhece José Eduardo dos Santos como ditador? O senhor sabe se Alves Kamulingue e Isaias Cassule estão vivos ou já foram mortos?” – perguntou Gika.


“O que nos pode dizer sobre os militares angolanos que foram presos na Cote D’ivoir?” “Como podemos dizer que estamos em paz se as pessoas não sabem o paradeiro dos seus mortos? – refiro-me particularmente à odisseia do 27 de Maio e ao caso Tito Chingunji. Gostaria que o senhor Presidente nos explicasse a sua posição sobre estes casos” – indagou o António.


Foram dezenas de perguntas. O Presidente Samakuva respondeu a todas as questões sem tabus. “Por agredir os direitos humanos, subverter o Estado, instituir o autoritarismo e promover a corrupção e a má governação, o Presidente José Eduardo dos Santos tornou-se no principal factor de instabilidade em Angola. A comunidade internacional tem-nos dado a perceber que sabe em que bancos estão os dinheiros, sabe como se faz a lavagem de dinheiro e sabe também como são violados os direitos humanos em Angola. Sabe ainda que todo o poder em Angola está concentrado numa só pessoa e é esta pessoa que deve ser responsabilizada pela governação” – afirmou o líder da oposição.


Perante a preocupação dos presentes com o avolumar dos problemas sociais em Angola, Samakuva esclareceu que os problemas da água, da luz, da saúde básica, da educação, habitação, saneamento e a pobreza em geral, só serão resolvidos cabalmente no quadro do poder local. “Só com a participação efectiva e organizada das populações na solução destes problemas de gestão da vida em comunidade, será possível resolvê-los” - afirmou.


“O Presidente José Eduardo dos Santos não quer as autarquias para não dividir o dinheiro com os representantes do povo. Nos termos da Constituição, as finanças públicas terão de ser divididas: uma parte fica com o Executivo e outra parte fica com as autarquias. Cada um vai gerir o seu orçamento com autonomia e vai prestar contas dessa gestão directamente aos representantes do povo. O Presidente da República vai deixar de mandar no dinheiro que a Assembleia Nacional aprovar para resolver os problemas dos Municípios”.


“Assim, os membros do Executivo já não poderão fazer sobrefacturações nem contratar as suas empresas para fazer negócios consigo mesmos. Também já não poderão ganhar comissões em contratos que eles não controlam. É por isso que não querem as autarquias, para não dividirem o dinheiro”.


“Esta história de virem cá dizer que não há condições para realizar eleições autárquicas mostra bem que o regime não quer resolver os problemas do povo. Querem continuar a desviar os dinheiros públicos para fins privados, porque se há condições para realizar eleições gerais a nível nacional, também há condições para realizar eleições autárquicas, a nível municipal. Os eleitores sãos os mesmos, as urnas são as mesmas, os municípios são os mesmos. De facto, os resultados nacionais devem ser a soma dos resultados municipais. Ou estão a reconhecer que cozinharam os resultados por cima?” -interrogou-se Samakuva.


Isaías Samakuva deixou a assembleia perplexa com a reflexão cândida que fez à volta dos casos “Nito Alves” e “Tito Chingunji”. Fez o enquadramento jurídico-político de ambos os casos e revelou que, no caso de Tito, os envolvidos já não estão vivos e que ele mesmo temia pela sua vida porque foi contactado por Tito Chingunji. Prometeu escrever um livro sobre o assunto para os objectivos da reconciliação nacional.


O encontro teve momentos emotivos: “Antigamente fomos enganados sobre a UNITA. Lembro-me bem quando eu era criança e meus pais diziam: ’Gika vai dormir, senão Savimbi vai vir e vai te agarrar”. “Diziam-nos que a UNITA era um grupo de fantoches do imperialismo, racista e tribalista...afinal hoje vemos que vocês da UNITA são mesmo do povo. Amam o povo e defendem a causa do povo. Aproveito esta ocasião para pedir desculpas pela minha ignorância passada”- clamou um dos jovens na audiência.


“Uma coisa é certa: custe o que custar, Eduardo dos Santos tem de sair do poder”, sentenciou o Nelson da Silva. “o nosso sofrimento é demais. Sofremos em Angola e tivemos de fugir para cá. Agora queremos voltar, e para voltar a Embaixada está-nos a fazer sofrer novamente. Desde que o Embaixador Miguel Neto chegou aqui, as regras mudaram e para irmos a Angola, estão a exigir-nos carta de chamada. Vejam só!”


“Na sua primeira reunião com a comunidade, o Embaixador ofendeu-nos, porque chamou-nos mendigos que vivemos de esmolas da segurança social britânica. Ora isto não é verdade”, garantiu outro cidadão. “Somos estudantes e trabalhadores honestos. ‘Também podíamos ser mendigos e famintos, sim, mas somos angolanos’ – gritou o Gika. “Queremos que o senhor Presidente Samakuva solicite a Embaixada para mudar essa política e respeitar os direitos dos angolanos” – solicitaram vários intervenientes.


O Presidente Samakuva informou aos presentes que iria apresentar estas questões ao senhor Embaixador de Angola no Reino Unido já esta Segunda-feira, dia 30.


A reunião durou seis horas e dez minutos e juntou cidadãos de várias cidades da Inglaterra, na sua maioria jovens não filiados na UNITA. Samakuva comeu piza e conversou longamente com os presentes.


Durante a sua estadia em Londres, o Presidente da UNITA manterá contactos com membros do governo britânico e discursará na Chatham House sobre o tema “Mudança em Angola: o Papel da UNITA”.


Londres, 29 de Abril de 2013
Pela delegação Presidencial
Alcides Sakala – Porta-voz da UNITA