Otawa - "Resurrecting Luanda’s Ghost City: City of “Musseques” que literariamente significa "Cidade fantasma em Luanda": Cidade dos "musseques", foi o tema para a defesa do mestrado em arquitectura escolhido pelo angolano Francisco Dos Santos Panzo que argumentou que "decidi explorar o projecto, a fim de entender o que foi feito errado porque os necessitados não conseguem abarcar os encargos para habitarem neste projecto".      

 

Fonte: Club-k.net

Entrevista e reportagem fotográfica em anexo

O acto simbólico teve lugar no dia 24 de Abril do corrente ano na prestigiada "Carleton University" situada na capital canadiana de Otava. A mesa de jures esteve composta pelo júri externo Rev. Wayne Menar, o Presidente de Arquitectura Estudos da Universidade de Carleton Professor Federica Goffi e o Membro do Departamento de Arquitectura da Universidade de Carleton o arquitecto Tom Leung.
 

A sessão que teve uma duração de aproximadamente 20 minutos contou ainda com vários convidados. O embaixador angolano no Canadá Agostinho Tavares, o jurista angolano Sebastião Nsingi e o líder da Casa de Angola em Hamilton Joaquim Milonga também participaram ao evento.
 
 
"Trata-se de um Mestrado em Engenharia Arquitectónica, obviamente é positivo para Angola", afirmou Joaquim Milonga para justificar que "Primeiro porque é Angolano, segundo é jovem com fortes aspirações e terceiro, esta formado numa das mais prestigiadas Universidades do Norte de América e do mundo...".
 
 
Instado para comentar sobre os ganhos deste feito para o desenvolvimento de Angola, Joaquim Milonga, adiantou ainda que "Outros ganhos para além dos já mencionados, só o sistema local sabe definir. Estaria a ludibriar a mim próprio se fosse de opinião contrária; isto porque alguns quadros já lá estiveram, tentaram dar seu contributo para o desenvolvimento  de Angola mas... acabaram voltando".
 
 
Confira as passagens de maior destaque da  curta conversa que o club-k.net teve com Francisco Dos Santos Panzo e a reportagem fotográfica em anexo.
 


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O que o motivou a escolher o tema da centralidade Kilamba?
Sou angolano de nacionalidade país aonde nasci e cresci até aos 15 anos de idade. E vivo no Canadá a 16 anos e desde muito cedo sabia que a minha permanência no Canadá seria temporária e estava seguro que um dia regressaria para Angola.
 
Aquando da escolha do teu tema/Tese sempre estive interessado em investigar/estudar um tema relacionado a Angola, porque sentia a necessidade de contribuir em algo no meu país.
 
Portanto, durante a selecção do tema para a minha tese, fiquei pasmado com uma reportagem na CNN que debatiam sobre a nova cidade do “Kilamba kiaxi” na qual argumentavam ser a maior cidade Africana de casas sociais mais cara para uma população que tem como rendimento 2 dólares por dia. Infelizmente a reportagem da CNN terminou considerando este projecto habitacional como um completo fracasso e definida como a “Primeira Cidade Fantasma” em África.
 
Sabendo que este projecto teve a gestão do governo angolano  sob orientação da sua excelência o presidente José Eduardo dos Santos com o propósito de servir os menos afortunados (4 milhões de cidadãos de Luanda), que residem em favelas existentes de Luanda (musseques), decidi explorar o projecto, a fim de entender o que foi feito errado e como arquitecto estudar os moldes de como implementar estratégias arquitectónica que permitiria analisar a fundo a primeira cidade fantasma em África.

 
Até que ponto este tema contribuirá na construção das futuras centralidades em Angola?
A contribuição que a minha tese pesquisa / projecto de intervenção (ressuscitando CIDADE FANTASMA DE LUANDA: City of "musseques") será basicamente para que as construções futuras. O destaque vai para a necessidade das empresas internacionais de construção contratadas para ajudar a resolver alguns dos problemas sociais que se vive em Angola.
 
Porque, na minha analise as empresas internacionais não entendem a actual realidade angolana e não podem interligar os problema presentes aos problemas vividos durante os 27 anos de guerra cívil. No caso do Kilamba, em vez da CITIC (Empresa de Construção Chinesa, que projectou e construiu o conjunto habitacional Kiaxion Kilamba) a resolução do problema que eles foram inicialmente contratados para resolver, eles criaram um problema ainda maior, porque a estratégia de habitação implementadas no projecto que eles construíram, apesar de ser um projecto incrível, funcionária num país desenvolvido a nível mundial. Faltou pesquisa que lhes permitiria entender o problema que pretendiam resolver, e foi implementado num contexto errado, porque os necessitados não conseguem abarcar os encargos para habitarem neste projecto.
 

Qual foi a resultado final da tese?
Defendi uma tese que os o jurado/críticos consideraram ser um tema interessante, bem desenvolvido e apresentado. E assim sendo, passei com distinção.
 
 
Tem alguma experiencia de trabalho na área de arquitectura?
Sim. Tenho experiência de trabalho no campo da arquitectura. Como estudante tive a oportunidade de ter a oportunidade de trabalhar no governo canadiano no Royal Military College, em Kingston como um Técnico de arquitectura. Meu trabalho dentro da planta física foi de manter e actualizar estruturas de edifícios existentes encontrados com a base do exército, e para trabalhar com arquitectos e engenheiros, a fim de criar e gerar plantas para novas estruturas propostas. Em Angola também tive a oportunidade de fazer alguns projectos que me permitiu mostrar o que eu tenho vindo a aprender durante estes 10 anos de estudo Arquitectura.
 
 
Em termos profissionais/especialização em que ramo ou área de arquitectura pretende contribuir em Angola?
Para dizer a verdade profissionalmente acredito que os 10 anos de estudo em arquitectura equipou-me para trabalhar em qualquer área de arquitectura. Mas, pessoalmente, eu gostaria de trabalhar em uma área de que me inspira e fazer a diferença.
 
Como mencionei anteriormente, eu pretendia voltar para Angola a qualquer momento desde que tenha estabelecido a minha firma juntamente com o meu  parceiro Edson Aguiar, que já está na fase inicial. A empresa chama-se  PADarquitetos (Panzo & Aguiar Projecto Arquitectos), o que me permitira contribuir com o meu conhecimento de arquitectura para a reconstrução do meu país de origem, Angola, que por sua vez vai permitir-me ao mesmo tempo ajudar aqueles com necessidade (os pobres que vivem em musseques) e, talvez, fazer a diferença.


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Confira a reportagem fotográfica em anexo. Para ampliar a foto desejada basta clicar (...)