Luanda – O MPLA continua teimosamente a justificar os actos de violência e intolerância política dos seus militantes contra membros de outros partidos, mas sobretudo da UNITA, com o argumento de que os populares, alegadamente, têm em mente "aquilo que aconteceu no passado".

Fonte: Club-k.net

Há dias foi o vice-governador do Huambo, Guilherme Tuluka, a justificar o incidente que resultou na morte de um dirigente da UNITA naquela província.

No sábado o "porta-voz" do MPLA em Luanda, Norberto Garcia, no debate da Rádio Ecclésia, justificou a onda de violência que se registou nas últimas semanas contra militantes da UNITA com o mesmo discurso de que "todas as famílias perderam um membro" dai a razão dessa violência, não obstante estarmos no 11.º ano do alcance da paz definitiva.

É inaceitável um partido que alegadamente tem responsabilidades de estado assumir insistentemente esta postura perante actos de violência e intolerância reiterados, que deveriam merecer a condenação de toda a sociedade.

Desculpar os actos de violência política ou quaisquer outros num Estado que se diz de Direito e Democrático simplesmente dá luz verde e encoraja a continuação da intolerância e da violência com motivação política, além de mandar claramente um recado a Polícia Nacional para não agir contra os autores desses actos.

Já que - e é este o sentido da justificação do MPLA - esses populares "estão no exercício de um direito", o direito de rejeitarem a presença de uma determinada bandeira partidária na sua aldeia ou vila, no caso, a bandeira da UNITA, por causa do que aconteceu no passado, violando assim, de forma clara, a Constituição, a Lei dos Partidos Políticos, a Lei sobre as Eleições Gerais e todos os instrumentos internacionais sobre a matéria, que esses mesmos senhores que governam o pais juraram defender.

Por ser um discurso recorrente, que vem de dirigentes de alto nível do MPLA, estou convencido que isso faz parte da estratégia oficial desse partido, sancionada - porque nunca se distanciou claramente desses actos, nem censurou a justificação da intolerância e violência políticas-repito sancionada pelo presidente do partido, que é também o Presidente da República.

Assim, os dirigentes do MPLA são não só cúmplices desses actos de intolerância política, que já resultaram na morte de dezenas de angolanos em tempo de paz, como também, através das suas palavras, acções e omissões, incitam e encorajam essa mesma violência com motivação política.

NR: Texto extraído, sob autorização, na página do Facebook do autor.