Luanda - Vivemos em uma sociedade que a cada dia busca mais as diferenças socioeconómicas, entre os que têm poder e dinheiro e os que não têm nem o que comer. Todos ou quase todos os dias, soa em nossos ouvidos a frase “ sabes quem eu sou”? Aparentemente uma frase inocente, mas por detrás, acarreta a impunidade, arrogância e o poder.


Fonte: Club-k.net

Usando essa “bendita frase” podes fazer o que quiseres, ninguém te toca. Podes infringir o código de estrada, podes roubar e quiçá até matar e ficar assim.Pois, afinal de conta, és alguém, és intocável, és filho de alguém no poder, és “special one” como diz José Mourinho.


A verdade é que se tornou normal e a sociedade Angolana caminha ou já é uma sociedade individualista e egocêntrica, onde os interesses pessoais estão acima dos interesses colectivo. Esse cenário de poder e prepotência, esta em todas as esferas socias, da política à religião, da empresa à porta de casa, assistimos esse filme, que parece um conto de fada, do menino pobre que se torno rico, mas quando acordamos, veremos que estamos perante a uma sociedade onde não se respeita as normas de boa convivência, todos querem ser e não medem as consequências para chegarem ao tão sonhado sucesso.


Quem deveria dar exemplo não deu. Agora, estamos perante um país selvagem, ou és o rei Leão, ou és filho do Rei Leão, caso contrário, como se diz no bom português dos bairros, estás malé.


Isso é tão engraçado e assustador ao mesmo tempo. As pessoas estão a tirar o lugar de “Jeová”, quando ele aparece a Moisés dizendo: vai a Farão e diz que o “Eu sou” me enviou (Êxodo 3-14). Afinal, quem é o ser humano para desvalorizar o seu semelhante? Sou “Deus” é! E nós somos vistos por Ele da mesma forma, seja aquele que tem poder e dinheiro ou aquele que não tem poder e dinheiro. Na dor e na doença somos todos iguais, somos todos mortais.
A constituição Angolana no seu Artigo 23.º(Princípio da igualdade) diz:

1. Todos são iguais perante a Constituição e a lei.
2. Ninguém pode ser prejudicado, privilegiado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão da sua ascendência, sexo, raça, etnia, cor, deficiência, língua, local de nascimento, religião, convicções políticas, ideológicas ou filosóficas, grau de instrução, condição económica ou social ou profissão.


As palavras em negrito me chamam atenção.“Igualdade”? Como diz o Valete és esparvo ou que? Nem entre eles que estão no poder existe, quanto mais os pobres em relação aos poderosos. Todo privilégio é deles, os filhos não são formados ou não têm competências, mas ocupam os principais cargos do país. A ascendência social faz com que as pessoas sejam isentas dos seus deveres.


O que esta escrito no artigo 23º da “Lei Constitucional” e o que a realidade nos apresenta, existe uma grande disparidade. Ninguém respeita a “ Constituição”. Se não se respeita a “Constituição” não há ou não devia haver país, porque país sem “Constituição” gera anarquia, corrupção e prepotência. Então, me faço a mesma pergunta que fez Renato Russo “ que país é esse”?