Lisboa - Um grupo de duas dezenas de associações angolanas de defesa dos direitos humanos denunciou esta quarta-feira, em Luanda, o aumento da violência praticada pelas forças polícias contra a população desde o início do ano.

Fonte: Publico

1236446_504714652941918_1208444916_n.jpg“Estes últimos meses, assistimos em Angola a um nível elevado de violência policial contra manifestações pacíficas, contra vendedores ambulantes, jornalistas, activistas e defensores dos direitos humanos”, lê-se num comunicado enviado à AFP por aquelas associações.

O colectivo reagia, nomeadamente, a uma larga difusão nas redes sociais de um vídeo que mostra o espancamento de prisioneiros por parte de polícias e bombeiros numa prisão de Luanda. O comunicado critica o tratamento “desumano e cruel” reservado aos detidos nas prisões.

“É a polícia, que nos devia proteger, que comete os piores actos. Temos que tentar baixar esta pressão por parte das forças policiais”, disse Angelo Kapwatcha, do Fórum Regional para o Desenvolvimento Universitário, uma associação do Huambo, no sul do país.

"O nosso sistema política de governação foi construído com base na violência e na exclusão de pessoas pobres e diferentes, e é isso que precisamos de atacar”, sublinha Elias Isaac, da associação Open Society.

Condenando actos que violam a constituição angolana e as normas internacionais, o Ministério do Interior anunciou já ter lançado um inquérito para esclarecer os factos e estabelecer as responsabilidades dos presumíveis autores das violências.

O colectivo associativo, chamado Grupo de Trabalho para o Controle dos Direitos Humanos em Angola, reúne cerca de vinte associações presentes em todo o território angolano e que actuam em diversas áreas, como o direito à terra, o desenvolvimento agrícola, a luta contra as desigualdades.

A sociedade civil angolana e as organizações internacionais denunciam regularmente a violência policial em Angola, um país em plena construção e desenvolvimento depois do fim da guerra civil em 2002. Segundo produtor de petróleo do continente africano, o país regista altas taxas de crescimento mas a maioria da população vive na pobreza.

O país é governado há quase 34 anos pela mão firme do Presidente José Eduardo dos Santos, que em Agosto de 2012 venceu as eleições, as terceiras organizadas depois da independência, em 1975.