Luanda - Três meses depois do Tribunal Provincial de Luanda ter condenado oito dos 10 autores da bárbara agressão a duas mulheres, no interior do supermercado Prelex, as vítimas ainda não receberam a indemnização definida pelo acórdão.


Fonte: Novo Jornal

Em entrevista ao Novo Jornal, Jeorgina Bandy, uma das vítimas, confirmou que a decisão do tribunal, no que respeita à indemnização, continua por cumprir. "Até ao momento, não recebemos a indemnização, não nos dizem nada. Estamos a passar por muitas dificuldades.


Eu não estou a fazer nada, não vendo porque não tenho dinheiro para fazer negócio, e estou sem saber como sustentar os meus filhos", lamentou. Jeorgina Bandy não sabe onde se dirigir para que a sentença decretada pelo tribunal seja cumprida.


A mulher diz que ela e a outra vítima já fizeram tudo para resolver a situação, mas até agora nada. "Não sabemos como é que as coisas neste país funcionam. Para já, os valores da indemnização são muito baixos, mas a juiza decidiu assim, não podemos fazer nada.


Nós não ficámos de acordo com aquele valor, porque as nossas vidas mudaram desde o dia em que fomos espancadas", declarou. A mulher, de 39 anos, aproveitou a oportunidade para lançar um apelo a entidades que possam ajudá-las. "Aproveito para pedir ajuda ao Ministério da Família e Promoção da Mulher, ao Fórum da Mulher Jornalista para ver esse nosso caso, porque já não sabemos o que fazer.


As pessoas que nos fizeram mal estão por aí soltas. Nós, que somos as vítimas, é que andamos com medo". Alguns juristas que o Novo Jornal ouviu, na altura, disseram acreditar que o que se pretendia no caso era assegurar a impunidade aos agressores. "Se os actos praticados fossem qualificados como homicídio frustrado, eles podiam ser condenados a uma pena de prisão maior de 16 a 20 anos de prisão", notaram.

 
Para além de penas de prisão de cinco a 11 meses, o tribunal decretou que os acusados teriam de pagar uma indemnização de 400 mil kwanzas às ofendidas, Rebeca Bernardo e Jorgina Bandy. É de lembrar que as duas mulheres, acusadas de terem roubado uma garrafa de champanhe e um sabonete para posterior venda, surgem num filme que foi posto a circular na internet a serem espancadas por vários homens.

 
Munidos com uma catana, bastões, "njindungo" e mangueiras, deixaram as vítimas em estado de exaustão e desfalecimento. O caso aconteceu em Fevereiro, três semanas antes do 8 de Março, dia consagrado à mulher. O Novo Jornal tentou contactar o advogado das vítimas, Evaristo Maneco, mas os nossos esforços foram em vão.