Lunda Norte – A jornalista da Rádio 5 (afecto a Rádio Nacional de Angola) da Lunda Norte, Marcia Yolanda Salupendo, que foi violentamente espancada pelo seu parceiro Chimbalanga Muamba Mariano (que ostenta o cargo de secretário para Informação do MPLA no Lucapa), perdeu a vida neste sábado 23, por volta das 05H50, no hospital central do Dundo, onde se encontrava a receber desde terça-feira, 19, assistência.

Fonte: Club-k.net
O facto que enlutou a classe jornalística de Lunda Norte, em particular a família da malograda que deixa três filhos, cujo último tem menos de três meses de vida, ocorreu no passado dia 16 de Novembro, na residência do secretário para Informação do MPLA no Lucapa, localizada no bairro Roque.  

João Mukenje, irmão da vítima, explica em entrevista telefónica a este portal como tudo aconteceu. “Ela estava no Dundo e o Chimbalanga (o agressor) pediu a malograda que fosse a seu encontro no Lucapa. Posto lá (isto é no dia 16/11) encontro o marido nu e procurou saber o porque. Ele respondeu que havia entregado a roupa à lavadeira. Ela exigiu ao marido que a apresentasse a suposta lavadeira para confirmar se era verdade, mas ele recusou e começou a discussão”, contou.

Após a intensa discussão, Chimbalanga Mariano partiu violentamente por agressão contra a jornalista da Rádio 5 (que acabava de dar a luz há menos de três meses), deixando-a totalmente debilitada. Após o acto vil, “Man Tona”, como também é conhecido o agressor, arrastou-a (sem piedade) num dos aposentos e trancou-a, sem lhe prestar qualquer tipo de assistência, durante mais de 48 horas.

Curiosamente, passados dois dias, uma “suposta” irmã do agressor telefonou a mãe de Marcia Salupendo procurando saber onde a mesma se encontrava, uma vez que tinha uma criança para amamentar. Preocupada, a progenitora juntamente com outro irmão da malograda, foram a residência do agressor a sua procura, tendo chegado por voltas das 22h40, do dia 18 (numa segunda-feira).

Posto no local, a senhora perguntou pela filha e o secretário para Informação do MPLA entrou em contradições tentando contar sobre a briga, sem no entanto revelar o que sucedera de concreto e que a mesma se encontrava trancada, a sete chaves, no quarto.  

Cansada da longa viagem, a mãe da malograda pediu para descansar no quarto onde curiosamente se encontrava a vítima. O agressor alegou que havia perdido a chave do referido quarto.

Por insistência da senhora, o irmão da jornalista juntamente com o do dirigente do MPLA (de nome Jorge), decidiram romper a porta e depararam-se com a vítima sangrando pelas narinas, e espumando pela boca, fruto da violenta pancada. “Sempre que brigavam, ele prometia que um dia iria lhe matar de porrada”, recordou João Mukenje, salientando que “finalmente conseguiu cumprir com a sua promessa. E nós perdemos a nossa irmã”.

Poucos minutos após ter sido encontrada, os parentes da malograda levaram-na primeiramente para hospital de Lucapa, e no dia seguinte foi transferida para o hospital central do Dundo, onde viria a sucumbir no sábado, 23, as 5 horas e 50 minutos.

Os parentes da “Nuria”, como era carinhosamente chamada pelos mais próximos, já apresentaram queixa contra o agressor junto a Direcção Provincial de Investigação Criminal (DPIC) da Lunda Norte.

O processo número 14/013, segundo um outro irmão da mesma de nome César Walter Pereira, encontra-se quase engavetado pelas autoridades uma vez que o agressor é membro do partido no poder, não obstante possuir laços familiares com o governador provincial, Ernesto Muangala. “No principio as autoridades deram alguns passos na investigação, mas depois desistiram sem nos dizer o porque”, revelou.

“Neste preciso o Man Tona se encontra sob a protecção da polícia nacional, desde o dia 24, quando na verdade devia ser detido por cometer crime hediondo contra a nossa irmã”, assegurou César Pereira a este portal, desejando que se faça justiça.

Em vida, Marcia Salupendo, de 29 anos de idade, vivia maritalmente (há seis anos) com Chimbalanga Mariano por detrás da Escola Superior Pedagógica, no bairro Estufa, município de Chitato. O casal tem dois filhos, um de três anitos e outro tem menos de três meses. No entanto, o primeiro filho da vítima (que provem da primeira relação) tem 14 anos.
A mesma trabalhava na emissora local desde 2003.  E os seus restos mortais encontra-se na morgue do hospital municipal do Chitato, aguardando pela autópsia.