Huíla - A província da Huíla, onde residimos, continua a ser uma espécie de prumo das políticas do Estado angolano. Anualmente são estabelecidas várias políticas socio-económicas, apresentadas em conferências de imprensas muito concorridas, além dos discursos de Sua Excelência o presidente José Eduardo dos Santos para o fim de ano, na abertura do ano legislativo, e sempre que necessário.

Fonte: Club-k.net

TPA, RNA, JA e Angop: Utopia da Publicidade Enganosa

Hoje a TPA (único Canal de Televisão Livre em Angola, mas não independente) mostrou-nos um pequeno quadro do que se passa na Huíla em termos de atrasos nas obras públicas.

Pena é que os programas Telejornal, Falar Claro, TPA Global, Economia e Negócios, Ecos e Factos, Diários Regionais, não tenham permissão para entrevistar e reportar tudo que realmente passa na alma do Cidadão. Porque se isso fosse possível, então se instalaria o CAOS.

Os orgãos de Segurança do Estado Angolano estão conscientes das assimetrias sociais vividas em Angola, e que se permitir Manifestações, Jornalismo investigativo e Liberdade de Imprensa, facilmente o país sairia dos carris. Repito: O SINSO, SINCE, UGP, POLÍCIA NACIONAL, estão conscientes que o país não está bom para se permitir que seja dito tudo que se pensa. Muita Opressão vivida pelo povo angolano, traduzida em palavras, seria fatal para a realidade angolana.

Porém, os governos bem melhor organizados em todo mundo só conseguiram manter regimes fechados por vários anos, enquanto a educação não avançou tanto. Com o advento das novas tecnologias, o envio de milhares de estudantes angolanos ao estrangeiro [Europa, Estados Unidos, América do Sul, Canadá e Norte de África] está-se aos poucos, a desenhar o fim de uma era e o início de outra. A mentalidade da Geração do Século XXI é outra.

Lubango/ Huíla

As obras em construção na cidade do Lubango e arredores [toda a província da Huíla, com raras excepções] estão atrasadíssimas. Desde o Governo do Sr. Isaac Maria dos Anjos que as casas na EIWA, KILEMBA, HUMPATA, CHIBIA E AEROPORTO não são terminadas.

O mestre Laurindo Daniel disse hoje: "grande parte das críticas que se fazem ao Governo do Presidente José Eduardo deve-se a Incompetência, Sagacidade, esperteza, safadeza e maldade, corruptibilidade dos seus Colaboradores, que francamente, agem de má fé para com a população angolana. Temos um presidente de Gabinete, que não anda pelo país que governa a fim de constatar em loco o que fazem os seus governadores. Quando muito, o presidente da República se desloca de faixada à alguma província, para quebrar um pouco o gelo, e muito se desloca em épocas eleitorais.

A província da Huíla é uma das maiores praças eleitorais do país, e nela o MPLA teve muita dificuldade de se afirmar, porque o eleitorado da Huíla já não acredita muito no MPLA. É claro que as festas realizadas pelo Sr. General Bento dos Santos Kangamba servem para ludibriar a opinião pública que na sua maioria é analfabeta. Mas que está atento sabe que a realidade vivida no território da Huíla não é agradável aos populares.

Os professoras da Província da Huíla são os que menos beneficiam dos subsídios contidos na folha salarial pública do país. Os professores da Huíla não auferem salários condignos, e nem têm as suas reconversões de carreiras actualizadas.

Os professores na Huíla não têm direito à reclamação muito menos a greve, mesmo se tratando de reclamações legítimas. São duramente reprimidos, como a última greve que se assistiu na Província, e mesmo sem terem sidas atendidas as reivindicações dos professores, foram obrigados a retomar as aulas.

As estradas da Huíla são as piores do País. Até parece propositada a não reparação ou construção de novas rodovias. Por isso quando se consegue terminar um pequeno trecho, como o que sai do arco ires ao Grande Hotel da Huíla, ou o que sai dos laureanos para a Praça João Paulo II faz-se festa com direito a placa de inauguração, alaridos e televisão, rádio, jornais, para inaugurar 300 metros de estrada [uma rua]. É simplesmente vergonhoso.

Para todos nós que nos deslocamos com frequência ao exterior do país e vemos grandes rodovias em construções, Quilômetros e quilômetros de estradas sendo feitos, outros tantos trechos sendo renovados, nunca vimos os presidentes ou governadores pararem para inaugurar estradas. Porque fazer estradas, canalizar água, construir barragens e ligar fios de energia eléctrica não é mérito deles. É um simples dever da Governação.

Num país onde não se faz nada, faz-se festa quando se inauguram 300 metros de estrada, como no Lubango. Faz-se festa quando constroem chafarizes, fontenários, sondas, ou até quando se abrem valas de drenagem. É. Ser angolano de verdade, e representado por esses governos que tornaram Angola um simples campo de garimpo, é vergonho e triste.

CASAS NO LUBANGO

As casas que estão a ser construídas no Lubango algumas estão a caminho de 4 anos. Notem bem governantes angolanos: Quatro anos para construir 20 casa, 200 fogos habitacionais. Quando interessa ao Partido no Poder, constroe-se uma Nova centralidade em um ano e meio e entrega-se, de preferência onde haja maior visibilidade internacional para o país.

E quando se termina, Angola passa a ser vista fora do País pelo espectro da Nova Centralidade do Kilamba, e deixa de ser analisada pela grande assimetria existente entre o Kilamba e os Muquifos espalhados em todo o país. O que são as 200 casa, as 20 casas de esferovite [além de totalmente atrasadas] se comparadas ao elevadíssimo número de pessoas sem residência e a morarem no barro?

Há, entre pessoas do próprio partido MPLA no Lubango, quem afirma que o governo está a fazer toda essa manobra para se aproximar o máximo possível da época de campanhas eleitorais, a fim de que, com a entrega das casas naquela época, aplica politicamente um gesso na mente do já "burro" angolano, que mesmo sendo enganando, continua a ovacionar o partido que dá a fuba e permite que não se escutem mais tiros. Só isso.

Esse povo não está em condições de julgar e separar a verdade da mentira, a sinceridade e o ludibrio, também não está em condições de exigir que os governos provinciais cumpram prazos e respeitem o povo, porque isso, nem mesmo o presidente da República tem coragem de o fazer.

Se essa suspeita [que se ventila nos bastidores do próprio partido MPLA] se confirmar, então podem ter a certeza que a próxima onda de enganos com casinhas baratas e pequenas, mais parecendo bangalôs de férias, será iniciada em 2017, para dizer que ³estamos a trabalhar, estão a ver? Inauguramos 300 metros de estrada, tapamos 20 buracos na via pública, fizemos 10 novas sondas².

Outra realidade que o governo no poder insiste em esconder é o que eu menciono sempre. O governo, o executivo central elabora políticas, dissemina-as pelos governos provinciais, mas não fiscaliza, muito menos permite que a voz do povo, melhor fiscal possível, sirva de eco nas comunidades para dizer que estão ou não a sentir o impacto das políticas do governo.

Insistem em forçar a opinião pública nacional e internacional a acreditar que Angola está um paraíso, quando o povo não sente quase nada que se discute e aprova no parlamento, no Berau Político, Comitês e não sei quê mais lá das quantas.

Se tivessem tempo para analisar que dinheiro é liberado, mas as zungueiras continuam a zungar, dinheiro é liberado, mas os lavadores de carro continuam a aumentar, dinheiro é liberado, mas as praças, os mercados informais continuam abarrotados de jovens [sinal que as fábricas não existem, as indústrias não absorvem mão de obra nacional, e a zona industrial de Luanda não emprega 5% da população angolana], então poderiam  todos dizer com sinceridade, não estamos a crescer em conjunto com um desenvolvimento aceitável.

A distribuição da riqueza angolana está sendo continuamente feita pelos 4 ou 5% de famílias elitizadas desse extenso país, enquanto a maioria da população, vive na miséria.

SECTOR EMPRESARIAL

Existe no Lubango, entre os empresários, uma onda de insatisfação muito grande em função dos atrasos de pagamentos às obras feitas, pelo governo. O Governo Provincial da Huíla é dos maiores Caloteiros do país. Não paga conta, e contribui para a falência da maioria das empresas. Hoje saiu a fiscalizar e mandou o jornalista colocar na TPA, telejornal, sabem porquê?

Porque o senhor SR. JOÃO MARCELINO TYIPINGUI sabe que o chefe já sentou e preparou as nomeações, e procura barganhar para ver se não será exonerado. Se os empresários não recebem os pagamentos a tempo, as ordens de saque podem demorar até dois anos para serem quitadas, com quê esperam que se terminem obras nos prazos previstos?

É claro que a cada ano que passa alguma coisa nova tem de ser criada, mesmo sem se importarem se as anteriores políticas surtiram efeitos positivos ou não, continuam a tocar o barco para frente, enriquecendo-se a cada mandato, cada governador, cada general, cada kangambista, cada um que entra, é claro, tem que amealhar a sua parte. Mas o trabalho sério esse nunca é fiscalizado. Tudo funciona com esquema.

As comissões para execução de empreitadas aqui na Huíla continuam a existir, desde os bancos que aprovam os financiamentos, quando e se houver colaboração do empresário para ceder ao esquema de 10% do crédito, passando pelo conhecimento de alguém para desburocratizar o assunto ao mais alto nível, até nas repartições públicas. O jeito é o lema do angolano. Sem jeito não se vai ao longe.

LEGADO

O Governo e seus Governadores podem pensar estar a enganar o povo hoje. Mas a verdade é que ao fazerem toda essa trapaceada os vossos filhos e netos colherão os resultados. Ao continuar permitindo que os governos, administradores, gestores, militares ou civis executem o poder que detêm da forma que bem lhes convêm, estão a dar aos outros partidos, futuros e largos anos de governação pela frente.

Ninguém sabe até quando não surgirá dentro do próprio MPLA um revolucionário protegido por Deus, ou até quando a população não acordará. Mas a verdade é que quando chegar a hora dessa mudança, as coisas serão terrivelmente violentas.

Os governadores provinciais, administradores municipais e comunais, quando passarem a ser eleitos nas autarquias locais, tendo o dever de apresentar trabalho realmente fiscalizado pelo povo, começarão a mudar de postura.

Até lá, que a Huíla receba sim outro governador. Se o Isaac dos Anjos não pode retornar, seja eleito um governador jovem, de preferência não tão viciado pelo vírus que o presidente  sabe o enfermar, e enfermar a maioria dos governantes. É uma praga. A TPA, RÁDIO, JORNAL DE ANGOLA noticiam uma coisa, mas o que se vê no terreno é totalmente diferente. É a utopia da publicidade enganosa.