Patético Presidente da República
O que era uma espinha na garganta da nação deixou de ser. Poucas vezes na história da nação nos sentimos tão aliviado com a morte de um ser, que era necessário e inevitável, infelizmente. Cuidar da vida, amar a vida, salvar vidas é tarefa incondicional de qualquer ser humano e é o destino de cada um de nós. Da mesma forma é tarefa de tudo o que existe por aí, leis, normas, instituições, o Estado e a sociedade prover que essa vida se desenvolva em maior harmonia. E para isso é preciso que “o próximo”, de maneira incondicional, saiba respeitar “o próximo”, saiba medir os seus limites.
Respeitar o próximo significa cumprir as leis existente ou se necessário fazer cumprir as mesmas.Viver em harmonia significa procurar manter um equilíbrio entre o desejo de ser, querer, ter e tudo aquilo que podemos oferecer a sociedade. Principalmente, uma sociedade como a nossa que precisa receber mais do que retribuir. Em outras palavras vivemos num país em que é preciso se dar mais a nação do que receber, onde as vezes o critério pessoal deve ser sacrificado em benefício de todos. Coisa de comunas, mas infelizmente é assim!
Agora que estamos perante algumas evidências da falsidade de alguns políticos, anunciado pelo próprio presidente é imperioso denunciar os mesmos. É imperioso que todos saibam a trama que envolve a vida e o destino da nação. É imperioso porque afinal temos menos de dois ou três meses para que a nova constituição comece a vigorar. É sério, é comovente e patético sabermos do próprio Presidente da República de que além da corrente comum que defende o direito a existência de eleições direta para o executivo, existe aquela corrente antiquada e dinossaura que defende as inacreditáveis e assustadoras eleições indiretas. Uma violação do artigo 159 da Constituição Angolana.(Ver artigo no blog:WWW.blog.comunidades.net/nelo).
Esse artigo jornalístico, vem com toda razão, perguntar qual é a cara dessa corrente, que defende a participação indireta da nação na hora de eleger o chefe do executivo. Quem são esses? Por acaso pertencem a um grupo específico, ou seja, a um partido? Alguém por aí já se apresentou e declarou-se como defensor desta proposta? Tem algum kwacha, algum fenula ou algum mpelista defendendo tal idéia? E por quê? E onde está a imprensa nacional que ainda não denunciou isso, O Jornal de Angola, a opinião de José Ribeiro e a denúncia estrondosa do bem afamado Semanário Angolense? Não é para menos acreditar que essa corrente de confusos e falsários podem pôr a perder uma das melhores conquista dos últimos trinta anos que os angolanos conseguiram alcançar. Já que estamos em democracia que apareçam e que exponham as suas idéias. Estando de um lado ou de outro os defensores desta proposta (eleições indireta) encontraram na política um meio para zombar de quem é triste, feio, pobre, miserável e que além de tudo vive de promessas. Um meio para zombar da vida!
A proposta de eleições indireta é indecente, é uma ofensa, é querer desqualificar o papel da sociedade nos destinos da nação. É arrogância de quem quer que seja, é pretensão de mais, é querem abusar de nossas mães, nossas tias, avós que andaram perdendo seus filhos, sobrinhos e netos ao longo desses anos de guerra. Estão nos tirando o direito sagrado de sermos angolanos em nome de ambições pessoas e do acomodamento de quem deveria lutar contra isso e evitar isso.
Uma proposta desse tipo não pode caracterizar políticos sérios, a não ser uma quadrilha de mafiosos, de delinqüentes querendo aproveitar-se de uma situação e contexto já superado: A época das ditaduras e das decisões tomadas distante do consenso social. É preciso, sim, encarar o fato como um perigo. O perigo de estarmos desarmados ( se vingar tal projeto) contra a arbitrariedade e os desejos mesquinhos que podem envolver qualquer projeto pessoal ou de grupo na luta pelo alcance do poder.
A questão aqui não é ideológica nem política. É ética. É preciso dar a nação e ao povo um instrumento de defesa e proteção contra as pretensões humanas que têm caráter individualista e longe dos interesses sociais. É preciso armar o povo para o exercício da democracia. E essa arma é o artigo 159 da Constituição Angolana, se ele existe. E se não existe então deve ser contemplado na próxima.
* Nelo de Carvalho
Fonte: WWW.a-patria.net / WWW.blog.comunidades.net/nelo