Ao
Exmo. Sr. Ministro dos transportes

ASSUNTO: ALERTA PELA FALTA DE SEGURANÇA AÉREA EM TERRITÓRIO ANGOLANO

O colectivo de técnicos da DEEQ (Direcção de Engenharia e Equipamento), por ter feito uma missiva datada de 22 de Janeiro do ano transacto e não ter tido uma resposta satisfatória, viemos por este meio alertar: É de elogiar, o grande esforço que o Governo tem feito, na construção e reestruturação de aeroportos pelo país, só que não tem sido acompanhado com apetrechamento de equipamentos de comunicações, ajudas a navegação aérea, vigilância, centrais de emergência, climatização, balizem luminosa e tampouco a formação de quadros para atender os inúmeros aeroportos existentes.

 1-COMUNICAÇÕES 

Os inúmeros incidentes, que ocorrem diariamente no nosso espaço aéreo, reportado pelas companhias aéreas, tanto as que operam nos nossos aeroportos bem como aquelas que cruzam (sobrevoos), são causadas pelas comunicações não fiáveis tanto em HF, VHF e VHF-Extender Range.

HF – 1 Centro Emissor com 3TX de 1KW, 2TX de 5KW dos quais os 3TX de 1KW avariados a mais de quatro anos, somente 2TX operativos. Um Centro Receptor com 20 RX, dos quais 16 operativos e 4 avariados.

VHF-Extender Range com 6 estações pelo país, estando todas fora de serviço a mais de um ano. As causas das comunicações deficientes são:

a) Falta de energia estabilizada;
b) Estado obsoleto dos equipamentos;
c) Falta de manutenção preventiva;
d) Falta de actualização e refrescamento dos Técnicos que assistem os sistemas.

2 - RÁDIO-AJUDAS A NAVEGAÇÃO AÉREA

Pela dimensão do país temos apenas três (3) DVOR, seis (6) CVOR, oito (8) NDB, e dois ILS. Em funcionamento: Um (1) DVOR, um (1) CVOR, três (3) NDB e os restantes estão fora de serviço.

Causas do mau funcionamento das radio-ajudas:

a) Falta de energia estabilizada;
b) Falta de módulos de reposição;
c) Falta de manutenção preventiva;
d) Estado obsoleto dos equipamentos;
e) Falta de formação, actualização e refrescamento dos Técnicos que assistem os sistemas.

3 - VIGILÂNCIA (RADARES)

Não temos radares a nível nacional. O mesmo equipamento serviria para monitorar a entrada, a saída e o movimento de aeronaves em território nacional.

 4 - BALIZAGEM DE PISTA

A balizagem de pista luminosa do Aeroporto Internacional de Luanda possui o seguinte quadro: - 21 Reguladores, dos quais 10 fora de serviço;

- Falta de comando a distância das pistas (o controlador de tráfego aéreo quando é solicitado pelo piloto para aumentar o brilho das lâmpadas, o mesmo também solicita a central eléctrica por falta de comando);

- A center line não funciona há quase dois anos;

- O nível de borracha do pavimento da pista 23/05, é assustador, o que faz com que a zona de toque das aeronaves altere;

- Muitos cabos na pista 23/05, funcionam ao relento, por haver impedimentos nas caixas de derivação e dos tubos que os protegem.

5 - CENTRAL ELECTRICA, GERADORES E CLIMATIZAÇÃO

A central eléctrica do Centro de Controlo Regional, trabalha com grupos geradores que atende todos os equipamentos de apoio a Navegação Aérea, no caso de falha de energia da rede pública. Os mesmos funcionam a 50%, devia ter no mínimo redundância dos geradores, funcionando a 100%. As manutenções não são regulares por falta de disponibilização de meios.

6 - FORMAÇÃO DO PESSOAL

Em relação a formação, temos a dizer que a mesma tem sido deficiente, não cumprindo com o estipulado no anexo 10 e o documento 7192/AN 857 parte E-2 da ICAO e algumas recomendações dos fabricantes.

Graças ao esforço dos Técnicos, ainda temos alguns equipamentos a funcionar mesmo com a formação deficiente e irregular.

CONCLUSÃO

A ENANA-E.P, só continua a manter os seus serviços porque os Técnicos e o pessoal em geral, acima de tudo têm amor ao que fazem, todo esforço tem sido feito pelos mesmos para que nada falhe, apesar da tamanha insatisfação que reina no seio dos mesmos.

Se forem asseguradas todas as condições de trabalho, sociais e materiais evitaremos riscos e incidentes.

A título de exemplo, no dia 23 do mês de Julho do ano transacto, houve uma aeronave da TAP (Linha Aéreas de Portugal), que não conseguiu aterrar em Luanda por mau tempo e falta de condições técnicas, tendo aterrado em Kinshasa. Situações como esta e outras, podem muito bem ser evitadas.

Graças a Deus não acontecem coisas piores em Angola, apesar de todas as situações acima referenciadas.

Estamos atentos com as terceirizações de serviços, em detrimento dos técnicos da Enana-E.P, ainda é um dos grandes motivos da inexistência da manutenção preventiva.

Vimos por intermédio desta solicitar V/Excias. A intervirem com veemência, no sentido de normalizarmos ou melhorar as condições padrão Universais recomendadas pelas Organizações onde estamos filhados.

Cientes de que o assunto merecerá especial atenção, subscrevemo-nos com estima e consideração.

Os técnicos da DEEQ

Luanda, aos 13 de Janeiro de 2014