Malanje – A novela começou no pretérito mês de Novembro de 2013, quando o colectivo de trabalhadores da também conhecida Sintonia da Palanca Negra Gigante, subscreveu uma carta que remeteu ao Conselho da Administração da Rádio Nacional de Angola. Os trabalhadores, entre os vários pontos constantes na carta, reclamam, principalmente, a maneira pouco educada com que o seu director, Francisco Fidelíssimo Gaspar Pedro “Chico Pedro”, se dirige-se a eles.

Fonte: Club-k.net
Quatro dias após a carta ter dado entrada à instância suprema da empresa, a Direcção da RNA não se fez rogada. Logo reagiu, com o envio de uma comissão à Malanje, constituída por Miguel Brás, administrador p/as Emissoras Provinciais e Regionais, Vital Dias, administrador p/Formação de Quadros e Manuel Sobrinho, assessor do Conselho de Administração, para “in situs” constatar a veracidade das acusações que pesavam sobre o Director Chico Pedro.

Na auscultação mantida com os trabalhadores, os subscritores reafirmaram peremptórios a sua posição e recomendaram a substituição do director. Da parte dos membros da Comissão, segundo os trabalhadores, foram tentando minimizar o problema e demonstrar implicitamente alguma tendência de protelação, em benefício do seu representante.

Ainda assim, os subscritores procederam à entrega de um memorando a comissão em que expressava a determinação do colectivo de exigir a tomada de medida urgente, devido ao ambiente insustentável então instaurado no seio da Empresa.

No fim, a Comissão baixou algumas orientações e apelou à reconciliação e harmonia no sentido de ver ultrapassada a situação. Nem mesmo isso, foi suficiente para atenuar o ambiente hostil entre o director e o pessoal. O quadro manteve-se ainda mais tenso.

O Chico Pedro, mais uma vez, para mostrar que era dono e senhor da Rádio Malanje, partiu para a retaliação contra alguns elementos considerados cabecilhas da subscrição. Assim foi a instauração de processos disciplinares forjados, afastamento da programação, sem causa justificada, de alguns profissionais e o apregoar aos quatro ventos que nada o demovia da sua postura e do cargo que ocupa na empresa, já que o PCA, Henrique dos Santos, é seu amicíssimo de longa data.

Em face da posição arrogante e exibicionista do director Francisco Pedro, os trabalhadores não se deixaram intimidar. Passados quinze dias voltaram a subscrever mais uma carta que evocava novos elementos da atitude do director e do seu colaborador directo (Chefe de Produção que logo passou a ser sua emergente muleta de sustentação). A subscrição, ao contrário da primeira, que tivera sido remetida ao conhecimento de várias entidades, esta apenas conheceu um destinatário (PCA).

No dia 09 de Janeiro, o Presidente do Conselho de Administração, Henrique dos Santos, acompanhado pelos administradores p/as Emissoras Provinciais e Regionais e p/o Sector Técnico, Miguel Brás e Cândido da Rocha, respectivamente, manteve um encontro com o colectivo de trabalhadores (subscritores). Um encontro que, diga-se, não ter produzido absolutamente nada, à satisfação dos trabalhadores.

Segundo os mesmos, o PCA deslocou-se à Malanje com ideias preconcebidas a respeito do “caso” Chico Pedro. As suas considerações, foram mais com o propósito de dissuadir o colectivo a não voltar a reclamar a postura do director.

Em determinadas passagens da sua alocução foi tecendo algumas ameaças como: “Nós já não queremos voltar a receber abaixo-assinados. Da próxima vez que isso voltar a acontecer, viremos aqui não só com a missão de exonerar o director, mas sim, de varrer toda a direcção e despedir alguns subscritores”. Palavras que na verdade revelam amizade e protecionismo ao seu nomeado. Terminado o encontro, tudo ficou como encontrou.

Tanto é assim que, consequentemente, dias após a vinda do PCA, alguns trabalhadores foram sancionados com baixa de categoria e diminuição salarial, num processo meramente viciado, cujos visados nem sequer foram ouvidos, tal como recomendam as normas.

REPERCUSSÃO

Na esteira dos acontecimentos, mantivemos uma conversa com os trabalhadores da Rádio Malanje, os mesmos revelaram que o Chico Pedro é uma pessoa tida como indecente, dentro e fora da Rádio. A sua conduta é repreensível em todos os círculos por onde frequenta.

Segundo os trabalhadores, aquando do despacho da sua nomeação, ele respondia por um processo disciplinar. E mais adiante, os colegas dizem que o Francisco Pedro quando exercia apenas a função de jornalista já carregava sobre si, comportamentos como:

• Não respeitava a hierarquia e as normas laborais da empresa. De tal modo que, uma vez arrancou os microfones da cabine de emissão forçando um atraso de cinco (5) minutos do noticiário;

• Consumia álcool na cabine de emissão, sem qualquer reserva, sempre que estivesse a apresentar o programa;

• Devido aos constantes actos de indisciplina, a sua ficha individual está carregada de muitos processos disciplinares. Aliás, por este motivo, tinha sido expulso da Rádio Kwanza-Sul na década de 1990.

Fora da Rádio ouvem-se, vezes sem conta, relatos de acções em que algumas das quais resultou em intervenção policial.

1. Referir que em duas ocasiões, em briga com a esposa, pegou em arma de fogo e se pós a disparar, feito um louco, tendo colocado em risco a integridade física da sua própria esposa e, quiçá, de terceiros.

2. Em tempos foi escorraçado de um restaurante por ter exigido (com arrogância) que os empregados de mesa pulverizassem a sala de jantar com insecticida (para matar supostos insectos) em plena hora da refeição.

No entanto, hoje por hoje, a RNA exige que os seus profissionais elevem o seu grau académico, para fazer face aos grandes desafios tecnológicos e científicos. Tanto é assim que grande parte dos jornalistas da Rádio Malanje está a frequentar a universidade e alguns já com grau superior. Mas em contra senso, o director Chico Pedro não passou da 6ª classe. Ostenta certificado de habilitações falso. Foi exonerado do CDI do Governo provincial de Malanje por alegado baixo nível de escolaridade.

Com esta conduta, os trabalhadores questionam como pode um indivíduo assim ser nomeado director de um órgão de comunicação social e se esperar dele um bom representante aos interesses da empresa?

Os jornalistas da Rádio Malanje dizem que, devido à má conduta do director Chico Pedro, por arrasto, são todos conotados como uma organização (bando) de sujeitos mal comportados, nos mais variados círculos da sociedade, até porque vivem num meio pequeno em que todos se conhecem (em passos e em actos). Em cada esquina em que cada um deles passa, são confrontados pelo conto das façanhas absurdas do seu “distinto” director!

Por via disso, a dignidade dos profissionais da Rádio Malanje está a ficar agastada, sustentado pelo velho ditado popular, segundo o qual: “Uma batata podre no meio de outras, faz com que apodrecem todas”. – Esta é a vergonha em que os trabalhadores da Rádio Malanje dizem estar a passar (batatas podres por contágio).

Diante deste assombroso cenário, o colectivo de trabalhadores da “Sintonia da Palanca Negra Gigante”, reafirma não haver convívio possível com o actual director. Fazem recurso, (também) ao velho adágio popular, segundo o qual: “Pau que nasce torto jamais se endireita”.

Apesar da predisposição que o Presidente do Conselho de Administração mostra, em proteger o seu representante, os trabalhadores dizem não temer quaisquer ameaças de quem for que seja. Os mesmos dizem-se dispostos a irem até as últimas consequências e alegam que a vontade unipessoal não pode colocar em causa o interesse colectivo.

Contudo, sendo a Rádio Nacional de Angola uma empresa de alto prestígio, mais uma vez, o colectivo de trabalhadores da Rádio Malanje, considera uma aberração manter Francisco Pedro como director, mesmo que isso custe a exoneração de toda Direcção e despedimento dos subscritores, tal como fez questão de aludir o senhor Presidente do Conselho de Administração.

Afinal, o que os move é a restituição da paz laboral e a promoção de uma gestão idónea e participativa para o bem do interesse da própria Empresa e, fundamentalmente, da sociedade.

Ainda nessa esteira, recordam os trabalhadores, tal como fazia questão de sublinhar o antigo director geral, Manuel Rabelais, “a RNA é uma empresa de grande dimensão”, algo que agora pertence ao passado, pois está confrontada com uma crise de liderança, e na sua modesta apreciação, a cabeça do PCA também deve ser posta à prémio, por estar a revelar falta de carácter ao proteger o amigo que age manchando o bom nome da empresa que superiormente dirige.

Indignados, afirmaram mais adiante ser recorrentemente, comentado por colegas colocados nos estúdios centrais em Luanda, que o actual PCA da RNA tem a gestão mais desastrosa de todos os tempos.