Luanda - Temos estado a observar que sorrateiramente tem se estado a promover campanhas com objectivo de se promover e branquear a vida e obra de Jonas Savimbi, fundador da UNITA, e seu único presidente até 2002. Nota-se na alguma imprensa internacional e em alguns semanários nacionais e mesmo nas redes sociais.

Fonte: Club-k.net

Sem sombras de dúvidas Savimbi foi uma figura incontornável no mosaico histórico angolano dos últimos 50 anos. Só pega, porque é pela negativa.

Muitos, não vão concordar comigo, e vão cegamente insurgir-se contra o autor deste texto, principalmente a camada mais jovem que nada sabem sobre o passado recente deste país.

Mas isto não nos demove de forma nenhuma em expressarmos aqui a nossa opinião sobre factos que marcaram a nossa história recente e que não devem ser esquecida ou escamoteada, isto para o bem dos angolanos e da nação de todos nós, é bom e salutar que se fale no assunto. Vou aqui aflorar o meu ponto de vista sobre a minha discordância em se branquear Jonas Savimbi.

Não concordo com o branqueamento da figura de Jonas Savimbi que se pretende levar acabo por alguma entidades nacionais e internacionais, como já frisei. Ele foi uma figura que marcou pela negativa a história de Angola e principalmente do seu próprio partido de que e foi o seu fundador.

E aqui seriam os próprios militantes aqueles que sofreram às agruras dos maltrates e os que sobreviveram e mesmo aqueles que viram seus ente-queridos a ser fuzilados, queimados e assassinados por nada, seriam estes os primeiros a virem a terreiro a não aceitarem este branqueamento. E sabemos que há muitos por ai. Sem falar dos que foram queimados e mortos no ataque ao comboio no Zenze do itombe, os massacres às vilas de Kamabatela e outra e mais outras.

Não concordo com o branqueamento porque, ele foi um homem tenebroso, um homem sem palavra, um homem que de noite dizia uma coisa e no dia seguinte dizia outra, era um homem que matava às suas esposas, era um homem por tudo e por nada mandava matar seus colaboradores só para impor respeito.

Muitos jovens que apoiam este branqueamento não sabem a verdadeira odisseia de Jonas Savimbi que gostaria aqui de enfatizar um poço depois de várias pesquisas feitas sobre esta figura.

Há quem diz que Savimbi durante os seus 71 anos de vida teve três fases:

Savimbi na fase inicial de estudante na Europa que regressou a África para se juntar aos movimentos de libertação que lutavam para acabar com jugo colonial que pairava ainda sobre o seu país. Chegou a ser responsável pelas relações exteriores de um dos movimentos onde teve a oportunidade de conhecer vários dirigentes mundiais da época o que lhe valeu para mais tarde transmitir o seu pensamento no mundo ocidental bem como na China de Mao.

Savimbi na fase intermédia. Ai foi o grande aglutinador e mentor da grande UNITA. Dirigiu o recua ate a um pondo no sul do país Quando Kubango, fundou a tristemente famigerada Jamba que chamou de capital de uma tal Angola livre, que de livre nada tinha se não morte e opressão. Se não fosse pela sua força a UNITA teria desaparecido, juntou intelectuais, mecânicos, professores, alguns funcionários públicos que ajudaram na funcionalidade de

alguns serviços na Jamba, mobilizou jovens oriundos das regiões central do país incutindo neles um sentimento tribal e regional muito forte. Com ajuda da racista república da África do sul e do apartheid e de vários países ocidentais e de Marrocos que retaliava assim o facto de o governo da República Popular de Angola que dava apoio ao movimento de libertação do Saara ocidental, Savimbi enviou jovens para estes países para se formarem no ramo militar e noutros ramos. Estes no seu regresso ao país depois de formados militarmente e no terreno de militares e aviação do exército do apartheid levaram uma guerra fratricida sem precedentes em África.

Internamente, no seio do seu partido:

Jonas Savimbi era um homem complexo e cheio de contradições, bastante educado e gostava de livros mas em contrapartida matou muitos intelectuais que gravitavam a sua volta principalmente os que o contestavam e que divergiam com ele. Dizia-se um democrata acérrimo mas doutrinava o maoismo e não tolerava criticas.

Savimbi era um exímio estimulador de talentos, segundo alguns dos seus discípulos promovia os competentes ao em vez de promover por amiguísmos ou parentesco como acontece um pouco por esta África afora. Porem comeu a manifestar características, de um ser demolidor e indomável com os seus colaboradores mais próximos e por vezes indo mais além.

Savimbi começou a ver-se a encarnação da própria UNITA e deixou que o culto da personalidade (característica dos chefes africanos) crescesse a sua volta. Entoavam-se hinos e canções louvando-o, em poemas e tinha que haver alguma estrofe evocando Savimbi.

E sobretudo este culto foi sendo estimulado por alguns elementos havidos de promoção e de estar nas boas graças do chefe (aqui também) muitos deles nunca foram verdadeiramente seguidores de Savimbi, bandearam-se na primeira oportunidade

Segundo estes documentos que fomos consultar, Savimbi começou abandonar qualquer ideia de mando colectivo para o seu movimento. Começou por matar Orneias Sangumba seu secretario para os assuntos externos acusando-o de agente da CIA organismo que Savimbi não tolerava e que desconfiava destes desmesuradamente, foi também morto Waldemar Chindondo um dos primeiros-oficiais negros do exército colonial português, Kashaka Va- Kulukuta um colaborador muito próximo de Jonas Savimbi um dos grandes lideres do povo do Cunene colocado na cadeia sem motivo aparente onde acabou morrendo.

Savimbi era um exímio à faltar com a palavra (intrujão) dizia para o interior do seu partido de que estes elementos mortos por ele que se encontravam algures no interior combatendo. Isto só demonstra quão o homem controlava o seu partido tinha-os todos na mão e dominava-vos a seu belo prazer como queria e quando queria.

O seu domínio chegava mesmo a estender-se á vários órgãos de informação internacional, onde podia colocar qualquer tipo de informação quando o desejasse mentira ou verdade tudo passava (pagava bem). Com isto montou uma rede de informadores bem sofisticada onde o que lhe permitia ter o conhecimento de tudo o que se passava na sua organização era temido.

E o mais caricato, abominável, diabólico disto tudo foi o facto de ter dizimado três membros da família Chingunji e todos os membros das respectivas famílias, ou seja pai mãe e todos filhos, isto porque Tito Chingunji estava sendo muito querido pelos Americanos, Savimbi viu esta aproximação como uma ameaça ao seu reinado.

Também porque este, havia se aproximado á Mendes de Carvalho para falarem sobre a PAZ em Angola. Além de ser um matador nato, Savimbi era intriguista lançava família umas contra outras provocando assim grandes desavenças no seio das populações sob o seu controlo. Finalmente aparecia ele como o muata apaziguador.

Savimbi foi imitado por muitos dos seus seguidores ate mesmo na forma como mandavam matar, como acumulavam mulheres formando assim um concubinato que envergonha qualquer ser racional. Muitos dele abandonaram às esposas em centros de acolhimento no estrangeiro e querem aqui na capital aparecerem com arautos do civilismo urbano querendo dar lições no parlamento.

Savimbi na sua ânsia obcecada e doentia pelo poder, havia perdido completamente a consideração por aqueles que o rodeavam os mais próximos incluindo mesmo às esposas e filhos. Ultimamente tem surgido a tona alguns filhos deste, vindo aqui tentar dizer quão grande era o pai deles, que eram amados acarinhados que lhes dava beijinho antes de adormecerem e ao acordar que dava parabéns em dia de aniversário.

Ainda nesta senda, Savimbi mandou queimar em fogueira organizadas centenas de senhoras e seus filhos acusando-as de bruxas isto, a conselho de seus feiticeiros de origem indiana para sim impor respeito e criar a cultura de medo a sua figura. Tendo uma delas, profetizado de que “você nunca será o presidente de Angola iras acabar como um cão.”

Savimbi foi uma figura altamente ambiciosa orgulhosa, queria a força ser a presidenta de Angola. Todos nós angolanos maiores de 18, mentalmente sãos, por lei pudemos almejar este desiderato desde que cumpramos com todos os requisitos exigidos, isto ate sermos eleitos pudemos sonhar um dia a vir ser presidente deste país.

Mas Savimbi com sua ambição, para seu ego e satisfação pessoal, desmesura, levou o país para uma guerra fratricida já mais vista no continente Africanos.