Lubango – Acabei de ler no Club-k uma notícia interessante sobre o Banco de Fomento Angolano (BFA). Faz algum tempo que almejava redigir algumas palavras sobre esse tema, e ao ler o texto fiquei encorajado a escrever.

Fonte: Club-k.net
Tenho amigos no BFA, BIC, BESA, Millenium, BPC e BAI, e talvez noutros bancos. Mas nesses bancos citados tenho domínio total do que se passa dentro deles, porque amigos com cargo de gerência nos colocam a par do que se vive dentro.

O BFA afirma-se como o banco dos portugueses, e é assim também no BIC. Nesses bancos a política de recrutamento leva em conta a raça e o tom de pele dos candidatos. Isso é estratégia interna dos bancos, ter gente clara [e poucos pretos] nos balcões, por causa da aparência favorável que trazem ao banco.

Os bancos angolanos de uma forma geral são verdadeiros centros de reprodução da política corrupta que se vive em Angola. Compatriotas, desde os polícias nas ruas até às escolas municipais desse país, nada acontece sem o fundamento da corrupção.

Assistimos várias publicidades na TPA de programas de investimento, Crédito Habitação, Construção de novas Centralidades, Programa de Fomento ao empresariado angolano, enfim, a lista é sem fim. Mas na prática, o que os bancos angolanos têm sido, é sim mais uma fonte de retrocesso do que de progresso.

O BFA sempre foi, para mim, o pior banco em termos de atendimento ao público. Mas o BFA não é o único banco fraude-angolano. Na sua grande maioria, os bancos estão ao serviço de uma elite angolana.

O DESINTERESSE DOS BANCOS COMERCIAS NAS POLÍTICAS DO EXECUTIVO ANGOLANO

O Governo angolano é um governo sem transparência. Isso não sou eu que o digo, são relatórios de várias organizações humanitárias e organizações de direitos humanos que actuam no país. Talvez, devido a isso, os bancos angolanos, principalmente os comerciais, não acreditam nas políticas do estado angolano, principalmente as que visam a redução da pobreza, do analfabetismo e para estancar a fome.

São vários os programas criados pelo executivo angolano que os gerentes dos bancos afirmam sem medo de errar, e sem medo de, ao falarem, estarem a entregar-se para um agente infiltrado da segurança de estado, que os programas Angola Investe e vários outros, não passam de simples politicagens para ganhar eleitorado e enganar o povo. O dinheiro só sai mesmo para quem já tem dinheiro ou costas largas.

Assistimos jovens angolanos, recentes no ramo de negócios, que acreditam piamente que poderão conseguir obter financiamentos para negócios, alguns até com talento, garra e boa gestão em seus pequenos empreendimentos, mas que, depois de dois anos de luta por um crédito bancário acabam todos desistindo.

Surge quase sempre a pergunte: Os gerentes dos bancos têm ou não razão? Estão ou não certos, quando afirmam que, podemos lutar o tanto que for, se a ordem para que um empréstimo bancário não seja emanada ao mais alto nível [Luanda] jamais será atendida?

É notório que os bancos angolanos jamais aderirão aos projectos que beneficiem a camada mais pobre a ponto de fazer o empresariado não governamental crescer, porque o desenvolvimento rápido de Angola supõe total independência do povo angolano, e se o dinheiro dos bancos na sua maioria segue para Portugal, então não lhes interessará jamais contribuir verdadeiramente para o crescimento de Angola.

BPC HUÍLA CANCELOU CRÉDITOS, MAS SAI EM LUANDA COM ESQUEMA

O Banco de Poupança e Crédito (BPC) cancelou os créditos bancários para empresários na Huíla, mesmo que existam programas do governo que incentivem o empreendedorismo. O curioso, porém é que temos empresários que estão indo directamente a Luanda em busca de contactos para terem acesso aos créditos do Programa Angola Investe. Mas, o esquema para se conseguir o crédito é terrível.

Para que um investimento seja liberado a nível de Luanda o segredo reside nas comissões dadas aos gestores, gerentes e directores. Não adianta meus camaradas, esse país não vai mudar hoje. 10%, 5%, 3%, comissões e comissões dadas aos funcionários dos bancos, em todos eles, principalmente nos mais difíceis e fechados, são o segredo para se conseguir progredir em Angola. Não é agora que o país começará a progredir nas camadas de base, só no topo.

CONCLUSÃO

Se mesmo fazendo as coisas certas e procurando ajudar esse país a crescer, continuarmos a ser governados por pessoas que não se importam em investigar e punir corruptos dentro das instituições públicas e privadas, de que serve tanto esforço para o país melhorar?

Quando olhamos para tantos maus-tratos à angolanos dentro ou fora dos bancos, não cala a pergunta: “o que adianta ser honesto num lugar onde todos são corruptos? Desde polícias, professores, governantes que dão casas as secretárias, trânsitos que pedem abertamente dinheiro aos automobilistas, gerentes que cobram comissões para que créditos sejam liberados, directores provinciais que pedem comissões por empreitadas, assessores municipais que se envolvem em negociatas, funcionários bancários que usam o tom de pele e o pode aquisitivo como critérios para atender comerciantes; o que adianta ser honestos?”.

Perguntas como essas são feitas tanto por velhos quanto por jovens que representam lugares de destaque no nosso país. A conclusão é que não adianta tanto esforço para nada. Precisaremos de pelo menos 150 anos para que Angola venha a conhecer uma geração séria e transformada, e isso se o sector da educação experimentar uma reforma.

Existe um cancro que enferma as mentes e corações da maioria dos angolanos, e a corrida para o rápido enriquecimento e superação do tempo perdido durante a guerra, continuará a ser a linha divisória de águas.

Precisamos que Deus nos ouça e conceda a Angola um verdadeiro presidente que se importe com as mais pequenas situações que estão a gangrenar a sociedade angolana.