Lisboa - A candidata presidencial guineense Nazaré Vieira manifestou segunda-feira, 17 de Março, uma "preocupação enorme" com a democracia guineense, depois de confrontada com uma carta do Presidente angolano em que este lhe pedia para "só dizer bem de Angola".
                        Nazaré Vieira recusou
Fonte: Lusa
"Numa reunião efectuada em Paris com o objectivo de desbloquear o financiamento destinado à minha campanha eleitoral e fora da minha equipa constituinte, deparo-me com um enviado de Angola que fala de uma carta que teria de fazer atenção, de José Eduardo dos Santos, Presidente de Angola, e no modelo feito pelo mesmo precisando que terei que falar bem de Angola", explicou Nazaré Vieira.

"Constitui uma preocupação enorme estarmos a assassinar a democracia guineense", sublinhou, acrescentando que "eu nunca pensei que pudesse ter a presença de um enviado do senhor Presidente José Eduardo dos Santos nas reuniões de que eu fiz parte. Apresentou-me uma carta que eu tinha que respeitar estritamente e [disse que] também teria que falar bem de Angola".

A situação deixou a candidata "indignada" e a considerar a possibilidade de uma "segunda colonização" do país, desta vez por parte de Angola.

Com uma quantidade de petróleo, na Guiné-Bissau, "duas vezes a quantidade desse mesmo produto em relação a Angola", com "200 mil angolanos na Guiné" e depois da carta que recebeu do presidente José Eduardo dos Santos, Nazaré Vieira considera estarem reunidas condições para pedir especial atenção do Supremo Tribunal a esta questão.

"Tenho o apoio de uma grande parte do povo guineense, tenho um direito, que para além de ser legítimo, de realçar a questão que me deixa numa indignação total", concluiu a candidata, actualmente com estatuto de asilo político em França.