Benguela - Jonas Malheiro Savimbi, fundador da União Nacional para a Independência Total de Angola- UNITA, foi assassinado aos 22 de Fevereiro de 2002, algures nas chanas do Leste, Província do Moxico. Com o seu desaparecimento físico, numa altura em que a UNITA se encontrava militarmente debilitada e porque não decapitada, sem qualquer base central de comando para as forças residuais restantes, nada sobrou senão a “ pena capital”, militarmente falado, a capitulação.

Fonte: Club-k.net

Ganhos dos 12 anos de paz

Frequentemente penso e medito naqueles que têm sido os meios e instrumentos de propaganda com que o MPLA vem trabalhando para, no bom sentido da palavra, “escamotear” a verdade aos angolanos. É interessante que tenho chegado sempre a mesma conclusão: o MPLA vem utlizando os mesmos meios usados em 74/75, nomeadamente a propaganda nociva e massiva, segundo as quais a FNLA, a UNITA e todos outros que não comungavam com a sua ideologia, eram respectivamente canibais e agentes do imperialismo “norte-americano”. Com métodos políticamente simples mas com efectividade e penetração ampla na sociedade angolana devido a falta do contraditório e pluralismo ao acesso dos meios de comunicação,  principalmente os estatais, por sinal os únicos de alcance e de dimensao nacionais, o partido da situação, não poupa esforços. Nesta conformidade, vejamos alguns exemplos desta “infantilidade e aproveitamento político” que tem deixado a oposição quase sempre sem contra-partidas:

a)        Publicidade barata com as Centralidades  de Kilamba, Zango e Cacuaco(Luanda) e outras na Lunda-Norte, Namibe, Cabinda, Luando-Kubango, como se a PAZ apenas de infra-estruturas dependessem;

b)        Programa o meu Município (TPA), como se a vida em tais municipios assim tão lindo fosse;

c)         Comentaristas formatados e bitolados que passam por analistas políticos, mas que nunca utilizam argumentos cientificos para sustentar seus comentários ou “análises” por serem dogmáticos: João Pinto; Norberto Garcia, Belarmino Van-Dúnem para só citar alguns, como se todos nós fóssemos formatados pelo regime.

É afinal essa a PAZ, para a qual milhares de angolanos sacrificaram suas vidas ao longo de no total mais de 3 décadas? Que significado teve o célebre Memorando de Entendimento rubricado no Luena(Moxico) entre a UNITA e o MPLA e que desembocou na assinatura a 4 de Abril de 2002, em Luanda, do Acordo final de PAZ? Estará o regime do Presidente José Eduardo dos Santos, verdadeiramente interessado na PAZ, caso sim, até que ponto? Deu o MPLA e o seu líder e chefe do executivo algum sinal visível de instauração de um verdadeiro estado pluralista, de direito e verdadeiramente democrático?

Muitas, para não dizer todas estas perguntas, são para a grande maioria dos angolanos, mera retórica, pois na realidade suas respostas estão na “ponta” da lígua de cada um de nós.

Lembro-me que, aquando da anunciada manifestação dos destemidos  JOVENS REVOLUCIONÀRIOS, contra a violência perpetrada pela Polícia Nacional e fiscais do GPL(Governo Provincial de Luanda) contra as Zungueiras e vendedoras ambulantes, o regime, temendo uma eventual escalação da situação, Bento Bento, o populista Governador de Luanda, no âuge da sua incompetência e bajulação, terá solicitado anuência do Presidente José Eduardo dos Santos para intervir e evitar tal escalação. Dias depois e como que se de um bebé em fase de amamentação se tratasse ouvimos e vimos um pressuposto político e governante provincial dizer: “ O camarada Presidente mandou dizer . . .” ou ainda “Sua Excelência o Chefe do executivos disse para a Polícia e os fiscais deixarem de perseguir e bater nas mamãs. . .”  Que absurdo e que ridicularidade! Afinal, até os problemas de gestão provincial é preciso a intervenção directa de “Sua Excelência”? Para que servem então os Governadores Provinciais.

 

Nisso surgiu-me uma idéia: Que tal se o Sr. Ministro do Interior, á luz de excessiva intolerância política principalmente contra os militantes e o partido UNITA, apelasse a anuência de “Sua Excelência” para inteceder á favor da PAZ? Minha fantasia foi mais além: . . . e se dessa anuência “Sua Excelência” dissesse num pronunciamento público:

“ Povo angolano, irmãos da UNITA, da FNLA, CASA-CE, camaradas do MPLA, etc! Apartir de hoje jamais queremos ouvir relatos de intolerância político-partidária em Angola. Hoje dia 4 de Abril de 2014 é o dia da PAZ e eu, nas vestes de Presidente de todos os angolanos, quero dar o meu exemplo aqui, abraçando demonstrativamente o meu maninho Samakuva, o meu irmão Ngonda / Kabango, o meu camarada Chivukuvuku”. Quão bonito seria!

Tenho a máxima certeza que, José Eduardo dos Santos, á luz de sucessivos erros e cumplicidade na gestão desastrosa de questões relacionadas com os Direitos Humanos em Angola, seria o maior vencedor de um lance baseado nos termos supramencionados.

Creio que ao pronunciar-se nesses termos, o Presidente do MPLA, eventualmente poderia ser lembrado amanhã como um “patriota”, tal como manifestou tal desejo durante uma entrevista a cadeia de televisão brasileira TV Bandeirantes.

Afinal e como dizia o experimentado Victorino Nhany, o pragmático Secretário Geral da UNITA, a PAZ  deveria ter sua base assente num “Entendimento conclusivo” e não no argumento da força mas sim na força do argumento.

Por isso meu humilde apelo ao Presidente José Eduardo dos Santos: Ajude Angola e os angolanos a viverem num clima de verdadeira PAZ e de RECONCILIAÇÂO nacionais.

Feliz dia da PAZ