Luanda - Os moradores das centralidades do Kilamba, Cacuaco e Zango estão preocupados com a falta de informação por parte da Sonangol Imobiliária e Propriedades (SONIP) sobre a continuação do pagamento dos apartamentos onde vivem.

Fonte: JA
No dia 19 de Setembro de 2013, o presidente do Conselho de Administração da Sonangol, Francisco de Lemos, veio a público informar que todas as pessoas que adquiriram ou venham a adquirir um apartamento numa das centralidades existentes em Luanda por renda resolúvel iam passar a fazer o pagamento das suas obrigações mensalmente e deixar, assim, de o fazer uma vez por ano no mês de Março.

“Depois de uma avaliação interna, chegámos à conclusão de que este procedimento não é o mais prático”, disse na altura Francisco de Lemos, que acrescentou que tinha ficado decidido que cada cliente devia fazer a liquidação das suas obrigações mensalmente, estando, para breve, a publicação de um comunicado a informar sobre as alterações das modalidades de pagamento dos apartamentos das centralidades existentes na província de Luanda.

Questões levantadas

A verdade é que, de lá para cá, o tão esperado comunicado que vai esclarecer como e onde os moradores vão pagar a segunda prestação ainda não foi publicado e a SONIP nada diz sobre o assunto, numa altura em que o tempo avança e os moradores entram em desespero e muitas perguntas pairam no ar.

“Gostava de saber quando devemos começar a fazer os pagamentos de 2014 e onde nos devemos dirigir para escolher um contrato anual ou mensal”, questiona Rafael da Costa, que recebeu a sua casa na Centralidade de Cacuaco em Março e pretende fazer já o pagamento da segunda prestação.

António Manuel, morador da centralidade do Kilamba diz que o pagamento mensal facilitaria a sua vida, já que nem sempre as pessoas podem arrumar sete ou oito mil dólares para fazer o pagamento anual da renda de casa.

“As pessoas têm muitas preocupações na vida e nem sempre podem arrumar este dinheiro. Além disso, a nossa legislação diz que o pagamento dever ser feito mensamente”, referiu.

Bernardo Miguel, também morador da Centralidade do Kilamba, diz que a mudança na forma do pagamento anual para mensal veio complicar ainda mais a situação, na medida em que as pessoas já estavam conscientes de que deviam fazê-lo uma vez por ano, tal como está escrito no contrato estabelecido com a SONIP.

“Esses imprevistos e alterações de cenário provocam situações inesperadas e graves principalmente para os clientes, pois, enquanto não tiverem nada por escrito que diga que eles devem pagar mensalmente, vão ter sempre muitas dúvidas e inquietações”, referiu.

Para piorar ainda mais a situação, há informações de que a conta onde se fez o pagamento da primeira prestação, em 2013, encontra-se encerrada até novas ordens. Tal facto tem deixado os moradores das centralidades desnorteados e sem saber aonde se dirigir.

“Ouvi dizer que agora os pagamentos são feitos no Banco de Poupança e Promoção Habitacional e não na primeira conta onde pagámos primeiro, que foi aberta pela SONIP no Banco Angolano de Investimentos (BAI)”, diz Xavier da Silva, também morador da Centralidade do Kilamba, referindo-se à instituição bancária propriedade exclusiva da Sonangol que em princípio devia entrar em funcionamento no primeiro trimestre deste ano.

Novo banco

O novo banco vai ter a função de conceder créditos a longo prazo àquelas pessoas que estejam interessadas em adquirir habitação e não tenham condições para o fazer.

A reportagem do Jornal de Angola contactou, por via telefónica, o porta-voz da Sonangol, Mateus Cristóvão, para obter informações sobre o assunto, mas este limitou-se a garantir que o assunto estava a ser discutido e que a qualquer momento a SONIP ia fazer sair um comunicado a indicar como os moradores devem fazer o pagamento da segunda prestação das habitações das centralidades.

“É um comunicado de imprensa, no qual se vai abordar todos os assuntos que têm a ver com as centralidades”, disse Mateus Cristóvão, sem avançar a data para a publicação do documento.

Sobre o encerramento da conta da SONIP domiciliada no Banco Angolano de Investimentos (BAI), onde se fez o primeiro pagamento, Mateus Cristóvão disse não ter informações sobre o assunto.

“Não sei nada sobre o assunto, pois devemos aguardar pelo comunicado da SONIP que, penso, vai esclarecer todas as dúvidas”, disse o porta-voz da Sonangol. Aos moradores das novas centralidades não restam outra alternativa senão esperar.