Genebra - Os angolanos, os cabo-verdianos e os são-tomenses são, dos africanos lusófonos, os que mais álcool consomem, com níveis acima da média africana, conclui um relatório hoje divulgado.

Fonte: Lusa

ImagePublicado pela Organização Mundial de Saúde, o "Relatório global sobre o álcool e a saúde 2014" disponibiliza perfis dos 194 países membros da organização, nomeadamente sobre o consumo de álcool e os seus impactos na saúde.

Segundo os dados disponíveis, referentes a 2010, os angolanos são os africanos lusófonos que mais álcool consomem em média (7,5 litros de álcool puro por ano, quando a média africana é de 6,0).

Esta taxa tem vindo a aumentar, já que entre 2003 e 2005, a média per capita era de apenas 5,4 litros por ano.

Como 64,9% dos angolanos não consomem álcool de todo, a OMS estima que aqueles que bebem de facto tenham consumido em 2010 uma média de 20,9 litros de álcool.

A prevalência de perturbações do consumo de álcool, incluindo a dependência do álcool, em Angola é de 4,9%, também superior à média africana (3,3).

A OMS estima que 3,2% de todas as mortes em Angola possam ser atribuídas ao álcool -- a média africana é de 3,3%.

Com um consumo per capita de 7,1 litros de álcool puro por ano, São Tomé e Príncipe é o segundo país africano de língua portuguesa com maior média, embora a taxa tenha vindo a diminuir, de 8,7 em 2003-05.

Retirando das contas os 61,9% de são-tomenses que se declaram abstémios, o consumo per capita sobe para 18,5 litros de álcool anuais.

Do total de mortes registadas em São Tomé e Príncipe, 3,5% podem ser atribuídas ao álcool, mais do que a média africana (3,3%).

São Tomé e Príncipe, assim como Cabo Verde, são os países com maior prevalência de perturbações do consumo de álcool entre os lusófonos africanos, com uma média de 5,1%.

Os cabo-verdianos consumiram em 2010 uma média de 6,9 litros de álcool puro por ano, ligeiramente mais do que em 2003-05 (6,5), número que sobe para 17,9 litros quando se excluem os 61,4% de abstémios do país.

Com a mais alta percentagem de mortes associadas ao álcool entre os lusófonos africanos (3,6%), Cabo Verde tem também uma frequência superior à média africana de perturbações ligadas ao consumo de álcool (5,1%).

Moçambique e a Guiné-Bissau têm ambos consumos per capita inferiores à média africana, com valores de 2,3 e 4,0 litros de álcool puro por ano, respetivamente.

A percentagem de mortes atribuíveis ao consumo de álcool também é inferior à média do continente nestes dois países (1,3% em Moçambique e 1,8% na Guiné-Bissau), assim como a prevalência de perturbações do consumo (2,6% em Moçambique e 1,8% na Guiné-Bissau).

De entre os restantes países de língua portuguesa, Portugal é o que tem maior consumo de álcool per capita -- 12,9 litros anuais na população em geral e 22,6 entre os que bebem.

Estes valores estão acima da média da Europa, que é a região com o consumo per capita mais elevado (10,9 litros de álcool puro anuais).

Segue-se o Brasil, que tem um consumo médio de 8,7 litros de álcool puro por ano entre a população em geral (acima da média regional de 8,4), e de 15,1 litros quando se retiram os 42,3% de abstémios.

No total, 6,4% das mortes registadas no Brasil podem ser atribuídas ao álcool e o país tem 5,6% de prevalência de perturbações do consumo.

Os timorenses são, de todos os cidadãos lusófonos, os que menos álcool consomem, com um consumo per capita de 0,6 litros de álcool puro por ano, quando a média regional é de 3,5.

Um total de 92,9% dos timorenses declara-se abstémio, pelo que aqueles que bebem consomem em média oito litros de álcool puro por ano.

A percentagem de mortes atribuíveis ao consumo de álcool em Timor-Leste é de 1,2% e a prevalência de perturbações ligadas ao consumo de álcool é de 1,5%.

O vinho é o álcool mais consumido em Portugal e em São Tomé e Príncipe, enquanto a cerveja é a bebida alcoólica mais consumida em Angola, Moçambique, Cabo Verde e Brasil.