Luanda - Foi militante da UNITA durante dezoito anos. Agora a respirar novos ares, o antigo secretário provincial da CASA-CE, em Luanda, disse em exclusivo ao jornal A República, que decidiu “bater com a porta da CASA” de Abel Chivukuvuku, por embargo de relações com o presidente da Coligação e intrigas com alguns dirigentes da CASA-CE.

Fonte: A República

À República, António Francisco Hebo, 36 anos, acusa a direcção da CASA de usar os métodos dos Serviços de Segurança do Estado, para intimidá-lo. Com a Pomba Branca no peito, Hebo fala igualmente do seu novo projecto político e garante que vai surpreender o país, nas eleições de 2017. Siga a conversa.

A República - Como se sente depois abandonar a Coligação CASA-CE?
António Francisco Hebo - Estamos felicíssimos apesar de uma série de ondas de intrigas, intimidações e ameaças de mortes perpetradas pelo secretário-geral da CASA-CE, o Dr. Leonel Gomes. Acompanhei atentamente a conferência de imprensa que o Dr. Leonel Comes proferiu há duas semanas atrás, onde procuraram apresentar provas, de que eu estava à aliciar e corromper os militantes da CASA-CE. Tive todas as informações da aludida referida conferência, tanto pelos meios de comunicação social e de algumas pessoas amigas que estiveram presentes na conferência, que depois me passaram o som de todas as acusações de Leonel Gomes. Portanto, quero parabenilizá-lo porque foi de facto um grande poeta, e declamou um poema gregoriano, mostrou que é de facto um poeta que está no deserto sem água e desesperado. Digo isto porque, o Dr. Leonel Gomes, sabe que a próxima reunião do Conselho Deliberativo da CASA-CE, poderá deliberar à sua saída do cargo de Secretário-Geral, pelo que durante esses dias, está a fazer uma luta titânica, no sentido de mostrar a direcção da CASA-CE, onde faz parte o presidente e outros membros, que de facto ele é um salvador já que a CASA estava em crise, e ele bateu-se muito nessa crise para salvar a CASA-CE.

Portanto, procurou criar intriga, incitando os secretários provinciais para quando me virem agredir, procurou fabricar provas que ele apresentou em conferência de imprensa, onde falava que eu corrompi pessoas com 200 e 300 mil kuanzas. Antes de eu abandonar a UNITA, o Dr. Abel Chivukuvuku, mandatara alguém que depositou na minha conta três mil dólares que visavam, primeiro a conferência de imprensa, segundo pagar o cooktail e o pagamento do espaço onde decorreu a conferência de imprensa. Depois disto, depositaram mais outros seis mil dólares que era para o pagamento da renda minha casa no Kuanza-Norte, porque vivia por detrás da Morgue de Ndalatando e, quando o vice Alexandre Sebastião André e o brigadeiro Luís Quissanga, foram para o Kuanza-Norte e encontraram as condições em que estava a viver, informaram ao presidente da CASA-CE, de que, eu estava a viver em péssimas condições, tendo igualmente depositado três mil dólares, fazendo um total de seis mil dólares, e na altura ainda era secretário provincial da UNITA, até quando sai, portanto, este dinheiro não era para me corromper. Por isso, não faz sentido à acusação de Leonel Gomes que estaria a corromper militantes da CASA-CE, eles não têm provas de que eu dei dinheiro alguém.

De resto estou bem, tirando às ameaças do Dr. Leonel Gomes, que no fundo penso que ele só quer defender o seu cargo e para preserva-lo, quer sujar à CASA-CE e quer sujar o Dr. Abel Chivukuvuku. A direcção da CASA-CE, que reveja bem a estratégia de Leonel Gomes, caso não seja estratégia da direcção. Agora, se é por orientação da direcção, da próxima vez que houver uma investida do género, também saberemos como nos defender.

Falou de ameaças de morte supostamente pelo secretário-geral da Coligação Leonel Gomes. Tem como sustentar as acusações que faz?
Temos sim provas, inclusive de pessoas que receberam orientações estão disponíveis a testemunhar. Outra prova que temos, é quando ele mobilizou homens para me receberem o carro e matarem-me. Orientou ao Dr. Muanza para me retirar o carro, mas este negou, pois orientou ao secretário-adjunto Libertador, mas este também negou dizendo que se o Hebo ainda é o secretário provincial uma vez que ainda não foi exonerado, como é que vamos lhe retirar o carro. Então, mobilizaram jovens delinquentes para receberem o carro e, num certo dia à noite, estava numa bomba de combustível no Calemba-2, apareceram cerca de dez jovens sob efeito de álcool, partiram garrafas…

Quando é que isto aconteceu?
Aconteceu um dia antes da minha saída, portanto, isto acelerou  a minha saída à CASA-CE. Continuando, delinquentes retiraram-me o carro à força para depois eles levantarem à intriga dizendo que abandonei o carro na rua. Infelizmente Leonel Gomes informou à direcção que eu abandonei o carro na rua, mas o presidente sabe que isso não corresponde com a verdade porque o Leonel Gomes, é que orientou aos jovens para me tirarem o carro à força. O Muanza, o Libertador e o Bunga são testemunhas porque, ele solicitou à certas pessoas para me retirarem compulsivamente o carro, mas não aceitaram. Por outro lado, já andávamos em atritos com o Dr. Leonel Gomes…

A República- Porquê?
Penso que foi por questões de ciúmes. Quando as pessoas são preguiçosas, criam intrigas e procuram bodes expiatórios de que o fulano  não trabalha, é isso é aquilo e, para além disso, outro elemento que temos como prova, a direcção da CASA-CE reuniu, depois da minha saída, na pessoa do presidente. Abel, e orientou para não molestarem o Hebo, por considerar que Hebo é livre e tal como entrou decidiu sair, mas o Leonel Gomes orientou o secretário já Juventude Patriótica de Luanda, o Serafim, para fazer uma de protesto que foi publicada no club k, e quando foi chamado pela direcção para justificar o motivo da nota de protesto contra o António Hebo, Serafim disse que fê-lo sob orientação do Dr. Leonel Gomes. E as outras provas não vou dizê-las aqui.

Apresentou alguma queixa à polícia já que fala de ameaças de morte?
Olha, só não intento uma acção judicial por ser uma pessoa de paz, pois, ainda tenho a pessoa do Dr. Leonel Gomes como pai e amigo. Nunca tive inimigos na vida, não os tenho e nunca vou os ter. Só o peço que pare de faze chantagem sobre à minha pessoa e, o mais engraçado é que, nas reuniões que tem tido com os militantes ele recebe chamadas não sei de quem, e diz às pessoas que estão na reunião olhem o Hebo que está a ligar, está arrependido e quer voltar. São mentiras que visam objectar a consciência dos militantes da CASA, para além de ter insinuado os jovens do Kuanza-Norte, mais concretamente em Cassualala, no sentido de rasgarem a bandeira da CASA-CE, para culparem que são os activistas da Pomba Branca. Tenho também mensagens de pessoas que pedem para andar com cuidado porque há indivíduos que foram orientados para agredir-me, tenho igualmente as gravações das reuniões que têm tido, portanto, tenho provas suficientes se quisesse intentar uma acção judicial, mas como disse somos da paz e pela paz.

Quais os factores que concorreram para abandonar a CASA-CE e abraçar um novo projecto político?
O primeiro factor da minha saída, é o facto de a CASA-CE ser uma Coligação de quatro partidos, mas os independentes, independentes estes que juridicamente não têm peso porque a lei 22/13 de Dezembro, é clara em relação à isso. Nós percebemos que não tínhamos cunho jurídico por um lado, por outro, é o facto de os quatro partidos que fazem parte da Coligação, não terem à vontade política de evoluir à CASA-CE a um partido político. Ora, não tendo essa vontade, (aliás, sabe que em 2013, foi realizado um congresso onde o objectivo era justamente elevar a Coligação à partido político), transformação que não aconteceu foi feita, por razões que os mais velhos não conseguiram nos explicar. Mas, afinal, nos apercebemos que há acordos entre eles, não previstos nos Estatutos da Coligação.

Portanto, não queríamos no princípio, fundarmos a Pomba Branca, para estar desassociada à CASA-CE, queríamos sim, funda-la para depois engrossar à CASA e forçar os outros quatro partidos na transformação da Coligação, este foi o nosso primeiro e grande objectivo e plano-A. Ora, é que depois, não nos deram tempo para conversarmos e explicar a nossa intenção. Quando o presidente Abel toma conhecimento do projecto, ele perguntou-me se eu estava a fundar um partido, eu disse que sim. Tentei explicar ao presidente sobre o objectivo da criação da Pomba Branca, mas não foi possível, já que o presidente Abel, alegara que tinha visita e que podíamos conversar numa outra ocasião. Para a minha surpresa, no dia seguinte na reunião do Conselho Presidencial, infelizmente o Dr. Abel, disse aos presentes que o Hebo não está a trabalhar, há uma apatia em Luanda, porque ele está mais a dedicar-se na fundação do seu partido, e que há mais coisas gravíssimas que um dia poderá explicar aos membros do Conselho Presidencial. Esta informação chegada à bruto, suscitou nervosismo com reacções negativas sobre a minha pessoa, e, uma delas é a do Dr. Leonel Gomes de exigir aos órgãos para receber-me o carro à força. Depois disso, recebi telefonemas anonimas de ameaças e, então percebi que fui mal compreendido, pelo que avancei com plano B, que era à fundação da Pomba Branca, já que tenho condições políticas e físicas  de o fazer.

Quando é que surge a ideia para a criação da POMBA BRANCA?
A ideia da POMBA Branca é antiga, é mais velha que a CASA-CE e o Dr. Abel sabe disso.

Então, o principal motivo da sua saída e criar a Pomba Branca foi o facto de ser mal compreendido?
Outro motivo foi o embargo de relações infringidas à mim pelo presidente Abel. Então, imagine, eu enquanto secretário provincial da CASA-CE em Luanda, fique cerca de uma ano, sem estar em comunicação com o presidente. Ligava para o presidente não me atendia o telefone, mandava mensagens infelizmente não respondia, solicitava audiência e não me recebia. E, para agravar a situação, fui recebendo recados de pessoas dizendo que, o presidente está chateado contigo porque ouviu isso e aquilo, mas, eu reflectia que, se o presidente diz estar chateado comigo, porque não chama para me repreender? Numa das reuniões do Conselho Presidencial, perguntei ao presidente Abel por que apresentava tal comportamento.

E qual foi a reacção de Chivukuvuku?
A reacção do presidente foi simplesmente tirar os óculos do rosto e colocá-los por cima da mesa. E, digo mais, para além do embargo de relações com o Dr. Abel, houve também muitas intrigas. Como secretário provincial de Luanda, havia assuntos que diziam respeito à Luanda, em que não era tido nem achado. No velório do Dr. Morgado, por exemplo, não fui chamado e dizem que envolveu-se dinheiro que não vi, para o transporte e outras coisas. Portanto, posto no velório, houve pouca gente e isso deixara muito chateado comigo o presidente Abel. Sem eu saber, o Dr. Abel chamou-me e disse: Hebo por que é que não conseguiste encher isso de pessoas? Disse ao presidente que não faz nada porque não me foi dado nenhum dinheiro e também não fui chamado para fazer parte à nenhuma comissão, mas mesmo assim, foram dizer ao presidente de que, António Hebo recebeu dinheiro e não fez nada, sem eu saber de nada…

Outro factor da minha saída tem a ver com as condições de trabalho. Quando cheguei à Luanda, esperava que fosse bem recebido tal como se esperava, mas infelizmente nada. Quanto secretário provincial, não tive sede para trabalhar, o presidente Abel é que havia disponibilizado o seu gabinete que se encontra na sede da campanha, mas não aceitara por uma questão de solidariedade aos meus três secretários-adjuntos que não teriam lugar para trabalharem. Disse na altura ao presidente, se há dinheiro para se pagar a renda das sedes nas províncias, se há dinheiro para se pagar a renda mensal de dez mil dólares à sede nacional, só não há dinheiro para se custear a sede provincial em Luanda? Foram dando curvas mais curvas, até que pagaram uma sede sem me consultarem, no valor de 20 mil dólares norte-americanos, num prazo de dois anos, na Terra Nova, numa área de difícil acesso quando chove e o próprio edifício entra muita água. Portanto, até a CASA-CE não tem sede provincial em Luanda, eles que me desmintam.

“Não me deram casa para viver, tive que viver numa hospedaria a meu custo onde gastei três milhões de kuanzas”

Por outro lado, sai do Kuanza-Norte, posto cá, não me deram casa para viver e para não ficar na rua, tive que gastar do meu dinheiro, vivendo numa hospedaria onde gastei mais três milhões de kuanzas, do meu bolso. Ninguém me prestou atenção, fiquei doente ninguém me visitou e nenhum telefonema recebi da direcção da CASA-CE para saber o meu estado de saúde. Solicitei um apoio de 20 mil kuanzas, infelizmente não me foi dado, enfim, todos esses elementos juntados, levaram-me a reflectir de que, resultaram da má compreensão quanto a criação da Pomba Branca, até porque não seria o único na Coligação a ter partido político, o Manuel Fernandes, Alexandre Sebastião André e o Conselheiro Felé, estão na CASA-CE, mas têm os seus partidos coligados à CASA.

Depois disso, decidiu bater com a porta da CASA para avançar com a Pomba Branca. Quer avançar mais detalhes?
A Pomba Branca será a nova força política no país, o processo de legalização está bem avançado. Até na semana passada, tínhamos como dados provisórios cerca de cinco mil e 300 subscritores e penso que o número deve aumentar. Portanto, os técnicos estão a trabalhar nos Estatutos que também estão a ser traduzidos em todas as línguas nacionais porque queremos trazer inovações com uma nova forma de fazer política. Só depois disso, é que faremos uma apresentação pública dos símbolos da Pomba Branca e também os elementos fundamentais dos Estatutos, onde faremos igualmente uma consulta pública que vai durar duas semanas, para à colheita de contribuições, sugestões e criticas. Depois de tudo estar organizado, teremos então o congresso da fundação da Pomba Branca, como prevê a lei dos partidos políticos, só assim é que vamos remeter o processo ao Tribunal Constitucional, para a devida legalização.

Quanto tempo vai durar todo este processo?
Não será para muito tempo; tão logo os técnicos terminem os Estatutos e aquilo que não se encaixar, vamos criar uma adenda. E, face aos poucos recursos que temos iremos então realizar o congresso que contará com pouca gente, atendendo à questão financeira, mas com todos os delegados das dezoito províncias do país, e o mesmo será realizado numa espécie de acampamento-congresso.

Em que província será realizado?
Já sabemos onde se vai realizar o congresso, nesse momento não queremos ainda avançar o lugar, por uma questão de segurança, porque há muita gente que não está satisfeita, então, para não se criar barreiras limitamos de momento revelar a Província que vai acolher o acto.

Por quê Pomba Branca?
Pomba Branca é um partido que ideologicamente é centrista, é um partido de paz, da justiça e do amor. As duas asas da Pomba, uma significa justiça e outra significa amor. E, nós pensamos que, o nome da paz é justiça, é distribuição racional da riqueza do país e é amor, ou seja, não tendo justiça nem amor, a paz fica ameaçada. Neste contexto, a Pomba Branca, vai o patriotismo como o baluarte fundamental e dentro do patriotismo, vamos trazer uma nova forma de fazer política. É ali onde vamos nos diferenciar das outras forças políticas, e essa diferença que será o nosso rosto, poderá trazer reacções negativas de outros partidos políticos.

Que nova forma será?
A Pomba Branca não vai fazer oposição atacando e criticando, não. A Pomba vai fazer uma oposição responsável criticando, mas também dando subsídio e ajudar onde for possível, caso o governo aceitar. Isto quer dizer que, os militantes da Pomba Branca serão indivíduos muito interventivos e úteis na sociedade, porque há questões que, se esperarmos apenas o governo, acabará não fazendo e como consequência, são os cidadãos a sofrerem onde estão também os militantes da Pomba Branca e os próprios eleitores que sofrem as consequências de um trabalho não feito pelo governo, portanto, podemos trabalhar no sentido de se evitar que haja mortes. Em nome do patriotismo, podemos fazer alguma coisa, não para o MPLA ou para o governo, mas para o povo, não esperando apenas de que governa.

Acredita na legalização da Pomba Branca?
A legalização vai se efectivar, porque sou daquelas pessoas e dos que fazem parte no projecto que, quanto mais nos combatem mais força temos. O secretário do Cacuaco que diziam que foi corrompido por mim, disse-me que, foi coagido pelo Dr. Leonel Gomes, para em conferência de imprensa dizer às inverdades. Ele, disse também que um dos membros de direcção da CASA-CE, disse-lhe que o Hebo, a sua Pomba Branca não vai voar porque, os dirigentes da CASA-CE têm influências no MPLA e no Tribunal Constitucional, pelo que farão tudo por tudo para barrar a legalização da Pomba Branca como partido político, portanto essa é a informação que me deu o secretário da CASA-CE em Cacuaco. Mas, estamos tranquilo e convictos de que, quer na CASA-CE, que no MPLA ou noutras forças políticas, há pessoas que não são patriotas que sempre querem que outros não podem ter e de facto estas pessoas, podem ter a intenção de travar e avançar com este sonho do dirigente da CASA-CE, mas mesmo dentro da CASA, tem pessoas patriotas e de boa reputação, uma delas é o Almirante “Miau” que é uma pessoa de boa conduta. Para evitar esse risco, estamos a trabalhar cautelosamente cumprido as exigências da lei dos partidos políticos, para não darmos razão de combate aos nossos adversários.

Caso não venha a Pomba Branca a ser legalizada pelo TC?
Por esta razão é que estamos a cumprir com todos os requisitos segundo a lei 22/10 de 13 de Dezembro, Lei dos Partidos Políticos. Mas, se não for legalizada por má-fé, mesmo cumprindo com que a lei manda, estarei defronte ao Tribunal Constitucional em greve de fome até morrer. Então, se estão a pensar que fui corrompido pelo MPLA, como é que a CASA-CE vai ter dirigentes que dizem que têm influências no MPLA para impedir a legalização do nosso partido? Portanto, não conseguimos perceber.

A Pomba Branca terá asas suficientes para voar?
Risos, a Pomba já tem asas, se não tivesse, Leonel Gomes não criaria tanta intriga porque ele conhece o nosso potencial, e lhe digo: nas eleições de 2017 vamos surpreender.

A formação de um partido político requer custos financeiros. Há dinheiro para tal?
Para a fundação da Pomba Branca, precisamos de dez mil dólares. Cinco mil dólares na conta para ser apresentado ao Tribunal e depois apresentarmos como património, um documental equivalente a cinco mil dólares, portanto é o mínimo que o Tribunal exige.

Este dinheiro já existe?
Sim, graças a Deus este dinheiro já temos este valor que conseguimos através de um crédito bancário.

Como é que serão chamados os militantes da Pomba Branca?
Na CASA nos tratávamos de companheiro, mas na Pomba chamar-nos-emos de “Mwatas”, um termo das Lundas-Tchokwe que em português, quer dizer senhor, alguém que tem poder, respeitado e valorizado. E, nós como nos valorizamos, então nos sentimos mesmo de “Mwatas” deste país, por sermos senhores desta Angola.

Fala-se à boca pequena que a Pomba Branca será uma boca de aluguer ao partido no poder e que a sua saída foi influenciada pelo MPLA?
Agradeço à estas pessoas que pensam assim, e agradeço também à pessoa que teve o cérebro pensante e criou este boato. Isto demonstra que, o país, tem pessoas que pensam, não só positivamente mas também de forma negativa. Eu António Francisco Hebo, nunca pensei, não penso e nunca pensarei ser satélite, então não seremos um partido político? Se for assim, é melhor irmos para o MPLA. É pura mentira e, curiosamente, este mesmo termo tinha sido atribuído à CASA-CE de que seria um partido satélite à favor do MPLA. O Dr. Abel sabe disso, antes do surgimento da CASA-CE, partilhamos algumas ideias sobre a Pomba Branca e mesmo a bandeira que vamos apresentar ao público o Dr. Abel tem, portanto, isso não nos intimida antes pelo contrário nos dá forças para irmos a vantes com o projecto pois demonstra que de facto somos importantes, se não, as pessoas não optariam por boatos, calúnias e intrigas.

Fala-se também que recebeu uma draga de diamantes, é ou não verdade?
Risos, não há draga de diamantes nenhuma. É mais uma intriga fomentada pelo secretário-geral da CASA-CE, Leonel Gomes, para esconder algumas verdades. É como que, quando numa casa onde há gatuno, para não ser apanhado, procura sempre acusar o outro para distrair atenção dos outros para não ser apanhado, enquanto ele passa. Em relação à essas acusações de que terei recebido dinheiro do MPLA, não farei qualquer abordagem, se não vou atingir o Dr. Abel Chivukuvuku em algumas verdade, que se as dizer, a CASA-CE não vai sobreviver, mas não vou dizer por causa do Dr. Abel Chivukuvuku, da Dr. Victória e do mano Almirante “Miau”.

Como encara a situação política no país?
A tensão política de momento está calma em relação aos tempos anteriores em que houve muita intolerância, não só do partido no poder, mas também pelos partidos políticos na oposição contra os militantes do partido governante, porque não vamos só dizer que é apenas o MPLA e muitos o facto de eu defender isto pensam que o Hebo é uma emanação do MPLA.

Qual é meta da Pomba Branca até 2017?
Temos como meta principal forçar ao MPLA deixar o poder nas eleições de 2017, para tal, pretendemos atingir cem mil activistas para Luanda e duzentos para cada província, para além dos militantes e esta meta deve ser atingida até finais de 2015, para no ano das eleições gerais enfrentarmos o partido no poder.

Acredita que o seu partido vai conseguir assentos na Assembleia Nacional?
Tenho a plena certeza que teremos lugares na Assembleia Nacional, mas a nossa meta é atingirmos o poder. Iremos às eleições não para disputarmos assentos na Assembleia Nacional, mas sim, para disputarmos o poder.

Fala-nos um pouco da Igreja Teosófica Espirita que segundo se comenta é da família Hebo?
A minha família é que deu ao país, esta nobre Igreja que se chama Teosófica Espirita. O irmão mais velho do meu pai, o pai Rodrigues que era mais conhecido por Moisés Segundo, o fundador da Igreja junto do meu pai, Domingos Hebo é que fundaram esta congregação, portanto é uma Igreja que nasceu na família. A igreja já está com 32 anos de existência. Os meus pais foram católicos inclusive o pai Moisés Segundo foi catequista que sofreu muitas sevicias da PIDE. Quando voltou da cadeia, foi inspirado e no diálogo que manteve com o pai é onde surge o pensamento de fundar a Igreja sob dois prismas: a espiritual e a material, ou seja, a Igreja não só devia curar a parte espiritual, mas também o lado físico da pessoa. O pai Moisés Segundo foi o líder que prestava todo o auxílio dos doentes por intermédio da Ervanária Ambaca que estava ao lado da Igreja Teosófica Espirita, cujo responsável era o seu irmão Domingos Hebo que olhava para a condição social das pessoas, onde muitos viram os seus problemas de infertilidade resolvido com base na cura evidenciada pelas plantas da Ervanária.

A Igreja nasceu no município de Samba Cajú, no Kuanza-Norte, no terreno onde nasci por detrás da Igreja. Ora, a Igreja Teosófica cresceu e expandiu-se para Luanda, onde morreu o seu líder, o pai Moisés Segundo, em 1989. Ao se aperceber do sucedido, a família veio à Luanda, apesar do conflito armado que dominava o país. Posto em Luanda, depois de alguns dias, a família foi corrida pela à actual líder da Igreja, que foi esposa do pai Moisés Segundo, o irmão mais velho do meu pai. A tia Suzeth, nós a recebíamos no Samba Cajú, no bairro Cahemba, com muito carinho e amor na qualidade de ser esposa do irmão do pai. Para a nossa surpresa, a atitude da tia Suzeth deixou insatisfeita a família, que até hoje, suspeita-se que ela tem o conhecimento as causas da morte do seu marido, o fundador da Igreja. Portanto, foi uma morte estranha e nós a família um dia poderemos reunir para outras questões que fomos constatando mesmo antes da morte do pai Moisés Segundo.

Como é a família olha para actual liderança da Igreja?
Há três anos para cá, quando a tia Suzeth foi na aldeia onde nasceu a Igreja, ela dizia que passava com maus sonhos do falecido esposo que as vezes aparecia no sono. Na altura, ela deixara alguns calendários e nós louvamos o gesto, o mais importante é vermos a Igreja a crescer, mas o que nós não queremos é escamotear a verdade, pois a tia Suzeth não pense que só ela é que as orientações do marido. Infelizmente a Igreja, deixou o seu lado social que é da cura material, seguindo apenas a cura espiritual e isso já fere a cultura ou o rosto que sempre caracterizou a Igreja. Estamos igualmente a exigir que regressem às origens e busquem a característica real da Igreja Teosófica Espirita e não esqueçam da Ervanária Ambaca. Portanto, se a tia Suzeth vir sentar-se com a família, vamos seguramente satisfazer o seu desejo que é a construção de um templo no local em que foi fundada a Igreja. Se quiséssemos dividir a Igreja, já que somos os verdadeiros donos, faríamos, mas em memória aos nossos pais não faremos isso.