Malanje - Uma Malanje "muitíssimo desenvolvida" em 2025 é o sonho do governador provincial, Norberto Fernandes dos Santos "Kwata Kanawa", que justificou, em entrevista à Angop, que o espaço geográfico que governa possui recursos e potencialidades para gerar muitos benefícios para a sua população.

Fonte: Angop
Kwata Kanawa.jpg - 79.45 KB“Sonhar não custa dinheiro”, diz o governador, antes de acrescentar que acredita não só nos programas de desenvolvimento em curso e projectados, como também na capacidade dos quadros de “fazer Malanje acontecer” e na população local, “que quer ver a sua província a ombrear com as outras”.

Os pilares para o desenvolvimento estão identificados, com a agricultura em primeiro lugar. Malanje propõe-se relançar o cultivo do algodão, bem como a produção de arroz, feijão, milho e soja em grande escala, sem esquecer a prática agrícola familiar.

A indústria transformadora, sobretudo nos planos alimentar, no algodão e na madeira, é outro dos motores impulsionadores do ambicionado desenvolvimento de Malanje, sem esquecer a exploração das enormes potencialidades turísticas que a província possui.

A tarefa é hercúlea e o desafio ambicioso, que exige a participação de todos. Norberto Fernandes dos Santos lança um apelo aos empresários nacionais e estrangeiros: “Malanje é uma área atractiva para investimentos. Tem um clima extraordinário, chove permanentemente, tem um solo fértil, tem tudo para sair-se bem, tem tudo para que seja uma boa terra para se viver”.

Leia a entrevista integral:

Qual é actual quadro de Malanje?
Malanje está num período de despertar, num período em que as coisas começam a acontecer. Elaborámos um programa, para, justamente, apresentarmos Malanje com outra cara. Todos os programas que temos gizado até aqui têm sido para cobrir aquelas falhas que tínhamos na província, e que decorrem normalmente.

É verdade que não podemos fazer tudo ao mesmo tempo ou de uma vez só, mas temos um programa especial, dedicado à cidade de Malanje. É o nosso principal programa para mudarmos a cara da cidade, que já está a ter outra imagem.

Sente-se bem e seguro no comando desta bela e acolhedora província?
Sim. Sinto-me muito seguro, primeiro porque consegui formar uma boa equipa, que me ajuda a elaborar os projectos. A população também responde bem aos contactos que tenho mantido com ela.

Quando cá cheguei, disse que iria fazer uma governação de interacção com a população, e tenho procurado fazer e informar a população sobre os projectos que estamos a realizar, aqueles que estão em curso. A própria população torna-se testemunha daquilo que estamos a fazer e daquilo que estamos a planificar para o futuro.

Em síntese, sinto-me bem e bastante seguro, porque tenho uma boa equipa de trabalho e porque a população também me dá força para continuar a dirigir a província de Malanje.

Que quadro apresenta a agricultura, enquanto principal suporte económico da província?
Vou começar pela agricultura institucional, que está a ser desenvolvida no município de Cacuso, onde está a ser desenvolvida a plantação de cana-de-açúcar, para produzir não só açúcar e metanol, mas também energia para a cidade de Malanje. É um projecto da empresa Biocom (Companhia de Bioenergia de Angola).

Temos também a empresa Gesterras, que está a trabalhar com a empresa chinesa Citic na produção de feijão e milho. Já fizeram a primeira colheita e estão a preparar as terras para a próxima época agrícola. Para além disso, temos uma instituição, também do Estado, a Sodepac (Sociedade de Desenvolvimento do Pólo Agro-Industrial de Capanda), que tem por objecto distribuir terrenos aos empresários que queiram desenvolver a sua actividade no município de Cacuso. Neste momento, a empresa está a abrir acessos e a receber os pedidos de empresários que queiram desenvolver a agricultura no município de Cacuso. Esta é uma parte da agricultura institucional.

Por outro lado, o governo da província tem um programa para ajudar a agricultura familiar, as associações e as cooperativas de camponeses, mas este trabalho vai iniciar-se apenas no próximo ano agrícola, a partir de Setembro. O programa consiste em preparar as terras e distribuí-las às famílias para semearem. Com a disponibilização das terras já preparadas, os camponeses ganham tempo e concentram os esforços na sementeira. É este o trabalho que o governo vai fazer para apoiar os praticantes da chamada agricultura familiar. Nós temos já os meios na nossa posse, com a Direcção Provincial da Agricultura. Acredito que durante o mês de Julho este programa se vai iniciar, para podermos produzir, fundamentalmente, alimentos e, também, algodão.

O cultivo de algodão está a ser, neste momento, feito por uma empresa privada em Cacuso, mas temos a intenção de relançar a produção do algodão na Baixa de Cassanje, área onde é tradicional o seu cultivo. Temos também estado a visualizar os terrenos para retomarmos a produção do arroz, feijão, milho e soja, para que se possam fazer grandes áreas de cultivo, para que Malanje possa cumprir com o que está previsto no Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017, que é produzir em grande escala cereais, grãos e também oleaginosas.

Este trabalho vai ser completado com o Centro Logístico que está a ser montado no Lombe (município de Cacuso), a 30 quilómetros da cidade de Malanje, onde vai ficar toda a infraestrutura de apoio à indústria, agricultura e transportes.

Este trabalho está também em curso, uma vez que a província tem também o Caminho-de-Ferro de Luanda, que chega até à cidade de Malanje. Por isso, a criação deste porto seco, desta plataforma logística, está em curso. Terminou a primeira fase, vamos entrar na segunda. Quer dizer que tudo o que disser respeito à agricultura, indústria, comércio e transportes será concentrado na plataforma logística do Lombe.

A província é também potencialmente rica em recursos turísticos. O que há de concreto neste sector tão importante para a geração de receitas?
A província tem como principal alvo da área de turismo as Quedas de Calandula. O Senhor Presidente da República criou, por despacho, o Pólo de Desenvolvimento do Turismo em Calandula, que foi implantado em Outubro de 2012. Da apresentação que o pólo fez no mês passado, ao governo da província, já se vislumbra a criação de um plano director desse pólo de desenvolvimento, que vai permitir identificar as áreas em que os empresários poderão construir hotéis, criar áreas de lazer, áreas onde os turistas se possam deslumbrar com a beleza que essas quedas apresentam. Estamos num momento de elaboração do plano de desenvolvimento desse pólo. Depois de aprovado pelo Conselho de Ministros, o pólo estará em condições de se colocar à disposição dos empresários que queiram fazer algumas benfeitorias nesta província.

Também já temos a indicação de que, este ano, o Ministério da Construção vai fazer as infraestruturas integradas nesse município (Calandula). Para além disso, temos as Pedras de Pungo Andongo e temos os rápidos do rio Cuanza, em Cangandala. Não podia deixar de fazer referência à palanca negra gigante e o Parque Nacional de Cangandala. Portanto, podemos dizer que estas áreas todas necessitam que os empresários se interessem por elas, para que comecem a criar as condições para que os turistas tenham acesso e possam disfrutar desta beleza em condições normais.

Para que os investidores se interessem por essas áreas, obviamente que são necessários alguns incentivos e algumas facilidades. Quais são os principais atractivos que exibe a província ao investidor, tanto nacional, como estrangeiro?
Nós estamos a preparar, para o próximo ano, um colóquio na província de Malanje, para o qual vamos convidar empresários nacionais e estrangeiros, para abordarmos esta questão do investimento no domínio não só do turismo, mas noutros domínios, nas grandes riquezas que Malanje tem, como a agricultura, a madeira e outros. Esse colóquio deverá identificar os incentivos a dar aos empresários que queiram fazer os seus investimentos em Malanje.

Naturalmente que há uma lei que dá esses incentivos. Vamos nos socorrer também dela. Vamos encontrar também localmente o que podemos oferecer a esses investidores, tendo em conta o investimento que vão fazer cá. Muitas vezes, as questões colocam-se na parte burocrática. Assim, temos que encontrar uma forma célere de agir, a fim de que os investidores tenham rapidamente acesso à terra e comecem a trabalhar. Temos em carteira a construção de um Centro de Turismo, que tratará fundamentalmente das questões de investimento no sector do turismo. O centro será instalado no Complexo Administrativo de Malanje e poderá ser construído a partir de 2015.

Que esforços estão a ser empreendidos com vista à reabilitação das vias de comunicação na província?
Este é um problema que aflige a governação de Malanje. A ligação de Luanda para Malanje está bem. Estão neste momento em curso melhorias em virtude do desgaste da estrada durante o tempo das chuvas. Num outro sentido, o Ministério da Construção estará cá muito brevemente para lançar as obras das estradas contempladas para este ano, e que vão continuar até 2017, para todos os municípios da província. Neste momento, apenas temos duas estradas asfaltadas (Malanje-Kiwaba-Nzoje e Malanje-Massango), cujos contratos estão em vigor, e têm continuidade este ano. Os outros vão ter início agora, para termos toda a malha de estradas que liga à capital da província asfaltada.

Por outro lado, o próprio governo da província, no quadro das suas atribuições, vai atacar três troços, as chamadas estradas terciárias. O Ministério da Construção enviou um kit completo que permite ao governo provincial fazer benfeitorias nas estradas terciárias e nas vias os bairros periféricos da cidade de Malanje.

O comboio veio para ficar?
O comboio ainda não chega com regularidade à província de Malanje, mas o benefício que traz é transportar passageiros e carga de Luanda para a província, e vice-versa. Malanje é uma área de produção agrícola por excelência e pode utilizar o comboio para esse efeito.

Por outro lado, acho que a população, por enquanto, não utiliza muito o comboio, devido ao tempo que leva a chegar cá, cerca de sete a oito horas. O que a população faz é colocar as cargas no comboio, apanhar o autocarro ou outro meio de transporte mais rápido e esperar na estação de Luanda, para retirar os seus produtos.

Mas o comboio é sempre um factor de desenvolvimento, primeiro porque é o meio de transporte mais barato que existe e traz com ele a migração da população e seus bens de um lado para outro. Acredito – com programas que o Ministério dos Transportes tem para melhorar a circulação dos comboios por menos tempo e aumentar as suas frequências – que as populações venham recorrer mais a esse meio de transporte, que – como disse – é o mais barato e o que maior quantidade de mercadoria transporta.

A batalha da extensão da rede escolar a toda a província está a ser ganha?
Vai ser ganha. Estamos a trabalhar nesse sentido, aproveitando, por um lado, os próprios recursos dos programas específicos da Direcção Provincial da Educação e, por outro, os programas de investimentos públicos, que são do Executivo, mas que têm incidência na província de Malanje.

Neste momento, por exemplo, está em curso a construção de 10 escolas nos bairros periféricos da cidade, que poderão ser inauguradas dentro de dois a três meses. Serão também colocados 400 médicos nesses bairros, numa acção integrada que se enquadra no programa de combate à fome e pobreza. Este programa vai permitir que o Hospital Geral Central desanuvie a pressão sobre si, tendo em conta que os 400 médicos serão colocados na periferia, por forma a que as populações sejam assistidas.

O programa municipalizado de combate à fome e à pobreza tem também construído, todos os anos, várias escolas – agora de 12 salas – em todos os municípios da província. Temos estado a utilizar o sistema de procurar aglomerar as populações para que o governo possa colocar os equipamentos sociais, não só da educação, como da saúde e água e energia. Isto tem surtido efeito e espero que possamos combater de uma maneira própria a questão dos alunos fora do sistema de ensino.

Acho que, se continuarmos a prestar a atenção como estamos a fazer, através da implantação de escolas em todos os municípios, levar a escola aí onde vivem as crianças, tenho a certeza de que teremos sucessos.

E em relação ao ensino superior e técnico-profissional?
O ensino médio e superior também está a ter sucessos na província. Temos uma escola superior politécnica e uma Faculdade de Medicina, que vai lançar para o mercado este ano os primeiros médicos formados localmente. Os formandos beneficiaram de uma bolsa de especialização do governo provincial de três meses. Já terminaram e assinaram com o governo da província um contrato de permanência em Malanje por três anos.

Recebemos também uma informação do Ministério do Ensino Superior de que a província vai beneficiar de mais duas faculdades. Vamos coloca-las na área reservada ao ensino superior, onde está a ser construída a Escola Superior da Alimentação. Vamos montar aí o nosso Pólo Universitário e vamos juntar essas duas faculdades, cujo destino a dar será avaliado localmente. Sabemos que existem jovens que querem ser juristas e economistas, e nós não temos essas faculdades. Vamos optar por especialidades que sejam do interesse dos jovens e da própria província.

Voltemos à saúde. A municipalização dos serviços tem, de facto, aproximado os cuidados médicos ao cidadão?
Sim. O programa de combate à fome e à pobreza, destinado à totalidade dos 14 municípios, tem implantado, todos os anos, hospitais, postos médicos ou até mesmo postos sanitários nas comunas e grandes aglomerações populacionais.

Neste momento, temos um contrato para colocarmos em todos os municípios três médicos cubanos, porque os municípios não tinham médicos e conseguimos, através da Faculdade de Medicina, contratar médicos cubanos, que já começaram a chegar. São colocados nos municípios três a quatro médicos de diferentes especialidades.

Como disse, os primeiros médicos angolanos formados na Faculdade de Medicina saem este ano e vão também reforçar a equipa médica nos municípios. É uma batalha que também está em curso e esperamos, com o tempo, evoluir de centros médicos para hospitais, que tenham também a possibilidade de fazer os principais exames médicos, que tenham laboratórios e outros meios, para que as populações deixem de se deslocar dos municípios para a sede provincial, à procura desses serviços.

Que percentagem da população tem acesso à energia eléctrica na terra onde se localiza o complexo hidro-eléctrico de Capanda, o maior de Angola?
Esta é uma direcção também de trabalho. Neste momento, Malanje e Cacuso são os dois municípios que beneficiam de energia da barragem de Capanda. Está em perspectiva o alteamento da barragem de Capanda, o que permitirá abastecer os demais municípios.

Nós próprios, governo provincial, adquirimos centrais térmicas e geradores, que vieram reforçar o fluído eléctrico que recebemos de Capanda. Por outro lado, estão a ser montadas as cinco centrais térmicas que o Senhor Presidente da República enviou para Malanje. Acredito que até ao mês de Setembro teremos mais energia eléctrica na cidade de Malanje e arredores.

Tendo em conta que o Censo Geral da População e Habitação, realizado em todo o país, de 16 a 31 de Maio último, deu-nos a indicação de que 80 porcento da população da província vive na cidade de Malanje e arredores, podemos dizer que esta parte está a ser bem servida, embora possamos melhorar, com a entrada em funcionamento de outros equipamentos geradores de energia eléctrica.

Contamos, também, com a energia que vai ser produzida pela Biocom, a fábrica de produção de açúcar. Os outros municípios estão a ser abastecidos ou por painéis solares ou por geradores. Acredito que, com este investimento todo que está a ser feito, incluindo a barragem de Laúca, Malanje vai beneficiar de energia eléctrica que pode cobrir todos os municípios, particularmente aí por onde passarão os projectos da Sodepac.

Nós próprios, através de fontes próprias, podemos abastecer toda a população de energia eléctrica. Neste particular, dizer que, no quadro dos 200 fogos que estamos a construir por município, vamos garantir que as populações que beneficiarem dessas casas tenham acesso à água potável, energia eléctrica e iluminação pública nos arruamentos.

Acredito que, até ao fim do ano, a questão de energia eléctrica em Malanje seja ultrapassada, através dos projectos em carteira e de alguns que já estão em marcha.

E em relação à criação de melhores condições de habitabilidade, não só para a população em geral, como, fundamentalmente, para os quadros técnicos de que a província necessita?
As capitais de província não beneficiaram do programa dos 200 fogos por município. Quando cá cheguei, em Outubro de 2012, pedi ao Senhor Presidente da República para que pudesse cortar 60 casas a cada um dos municípios contemplados, onde não há muita população – a província tem 14 municípios, incluindo a sede provincial – e essa autorização foi dada.

Significa que vamos construir em Malanje 300 casas para os quadros e outras pessoas que queiram residir nesta cidade. Estamos a construir as primeiras 80 dessas casas de um total de 300.

Por outro lado, estamos a trabalhar na chamada autoconstrução dirigida, preparando lotes de terreno para a população, construindo as infraestruturas e apresentando o projecto-modelo de casa que o cidadão pode construir. Já temos uma área bastante grande na Carreira do Tiro e já existem 900 inscrições para este programa de autoconstrução dirigida.

E quanto à água, o precioso líquido já chega a todos os malanjinos?
A todos os malanjinos, será muito forte, mas temos também projectos em curso neste domínio. Na cidade de Malanje, o projecto de captação de água está a receber novas bombas, que vão permitir que a água chegue ao cidadão, quer seja na zona urbana, quer seja na peri-urbana.

Temos outro projecto de fazer furos. Malanje é uma zona com água muito próxima. A 100 metros de profundidade se pode encontrar água. Com esta possibilidade, vamos fazer furos, montar tanques para a conservação da água e instalar chafarizes para abastecer a população. Este projecto é extensivo aos municípios, comunas e até algumas aldeias, que caem justamente no programa de combate à fome e pobreza.

Qual é o quadro da indústria na província?
Não é o melhor. O Ministério da Indústria tem em carteira a instalação de um Pólo de Desenvolvimento Industrial na comuna do Lombe, para aí montar algumas indústrias. Uma delas é em relação ao algodão. Sabe que as duas fábricas têxteis que Angola tem, por enquanto, a Textang e a África Têxtil, estão prontas para iniciar a produção, mas não têm matéria-prima. Nós estamos a trabalhar para a instalação de uma fábrica de transformação de algodão em Cacuso e, também das oleaginosas.

Outra indústria importante em Malanje é a da transformação da madeira e de fabrico de equipamentos de madeira, sobretudo carteiras escolares e mobiliário diverso. Nós também estamos a pensar no processamento industrial da mandioca, cuja produção é grande na província. A ideia é que seja produzida e embalada fuba de bombó com a marca local.

Temos também uma pequena fábrica de água de mesa, com o nome de Ginga, que, apesar de ser pequena, produz para Malanje e outros mercados, como Luanda.

Que apoios específicos existem para a juventude?
Temos que 30 porcento das casas que estamos a construir são reservadas à juventude. Por outro lado, temos que encontrar acções dirigidas aos jovens, no quadro da sua formação, da sua capacitação, quer seja superior ou capacitação profissional. Temos que encontrar, também, um espaço para lazer dos jovens.

Temos um Pavilhão Multiusos na província. Está também prevista para este ano a construção de uma Casa da Juventude. Temos em Malanje um potencial muito forte de jovens, que podemos aproveitar e explorar, no bom sentido, a fim de que, para além de os jovens estudarem e formarem-se, tenham também a possibilidade de disfrutarem de áreas de lazer. Está a terminar a recuperação do Cine-Malanje. Vamos também introduzir no Programa de Investimentos Públicos para 2015 a construção de um Parque Multiusos para a utilização pelas famílias e jovens nas horas de descanso.

É salutar a convivência entre os partidos políticos na província?
Até agora, não temos tido nenhuns problemas. Os partidos políticos com assento no Parlamento fazem parte do Conselho de Concertação Social da Província, que aprova o orçamento e o programa de cada ano.

Em Julho, vamos fazer essa reunião, onde vamos apresentar o orçamento e o programa para 2015, para recolhermos as suas opiniões. Este Conselho não é só de partidos políticos, mas integra também outras associações da sociedade civil. De resto, temos tido uma boa colaboração. Quando, por vezes, há algum excesso de zelo de um ou de outro partido, então aparece o governador para se ultrapassar essa dificuldade.

Volto ao programa de combate à fome e pobreza. Quais são os seus resultados mais palpáveis na província?
Os resultados mais palpáveis são as escolas, os postos médicos, e as casas para os professores e enfermeiros. Esta questão é palpável. Em qualquer município se encontram essas infraestruturas, incluindo nos bairros e nas comunas. É um programa bem-vindo, porque transforma as opiniões e os programas que existem em coisas palpáveis. Vai-se a um município, encontra-se um hospital, uma escola, a casa do professor, a casa do enfermeiro, o abastecimento de água e, nalguns casos, até energia solar ou por gerador. É um programa que carece apenas de algumas afinações, mas que deve ser permanente e deve continuar.

De salientar que o próprio programa de combate à fome e pobreza está também a incorporar a componente agrícola. Para nós, isto é muito importante, porque, com o programa Papagro (Programa de Aquisição de Produtos Agro-Pecuários), vamos ter a possibilidade de adquirir os produtos em posse das populações, para trazer para a cidade de Malanje e escoar para Luanda. Estamos acabar de construir um armazém em Cacuso, que vai ser acoplado ao BPC (Banco de Poupança e Crédito) para iniciarmos o nosso programa Papagro.

Que Malanje está projectada para 2025?
É uma Malanje desenvolvida, estou convicto disso. As tarefas que nós temos apontam para que Malanje ocupe o seu lugar no contexto nacional, até porque, pela sua localização, é uma província-chave, estratégica. Por isso é que esses investimentos todos estão a ser feitos, a nível da transportação, a nível da agricultura. De Malanje se parte para outros pontos do país – Cuanza Sul, Uíge, Cuanza Norte – e servimos também de escudo às províncias do Leste. Por isso é que está ser construído o Centro Logístico do Lombe. Em vez de a Lunda Sul e da Lunda Norte irem a Luanda, vão passar a abastecer-se a partir de cá.

Malanje com que sonho – porque sonhar não custa dinheiro – é uma Malanje muito mais desenvolvida, porque ela tem recursos, tem potencialidades para ser uma província desenvolvida e gerar muitos benefícios para a sua população.

Acredito nisso, acredito não só no programa que o Governo tem para isso, como acredito na capacidade dos quadros de fazer Malanje acontecer e acredito também na população de Malanje, que quer ver a sua província a ombrear com as outras províncias. Malanje está bem situada, tem estradas, tem caminho-de-ferro e tem aeroporto. Uma província com estas três componentes tem tudo para se desenvolver.

Eu sonho que em 2025 será uma Malanje já muitíssimo desenvolvida, mas, a partir de 2017, 2018, já poderemos ver Malanje com outros olhos e encontrar uma província desenvolvida, em benefício das suas populações.

Algum aspecto particular que queira realçar? 
Primeiro, agradecer a vossa presença para uma grande entrevista deste tipo, que acho ser a primeira que faço. De resto, para dizer que eu próprio estou seguro de que Malanje vai andar e faço um apelo aos malanjinos e àqueles que não o são, mas que vivem na província de Malanje, para que nós possamos cruzar as nossas opiniões, unirmo-nos, para podermos alcançar os objectivos que a população pretende e que o governo provincial pretende.

Por isso, apelo para que – mesmo aqueles malanjinos que não vivem cá, mas são de Malanje – devem dar também uma atenção particular, fazer investimentos na província.

Este mesmo apelo faço aos empresários nacionais e estrangeiros. Malanje é uma área atractiva para investimentos. Tem um clima extraordinário, chove permanentemente, tem um solo que é fértil, tem tudo para sair-se bem, tem tudo para que seja uma boa terra para se viver. Os próprios malanjinos estão mobilizados para que assim seja.

O governador

Norberto Fernandes dos Santos (Kwata Kanawa), 66 anos, nasceu no Chitato, província da Lunda Norte, no dia 15 de Fevereiro de 1948. Membro do Bureau Político do MPLA, foi nomeado governador da província de Malanje em Outubro de 2012, no âmbito da constituição do novo governo da III República de Angola, depois das eleições gerais de 31 de Agosto de 2012. Norberto dos Santos é igualmente o primeiro secretário do Comité Provincial de Malanje do MPLA.

No governo, já exerceu os cargos de governador provincial da Lunda Norte, secretário de Estado dos Assuntos Sociais, ministro da Assistência e Reinserção Social e ministro dos Assuntos Parlamentares, este último de Fevereiro a Outubro de 2012.

Entre os vários cargos partidários que desempenhou, recai destaque para o de deputado à Assembleia do Povo, director do Departamento de Organização do Comité Central do MPLA, primeiro secretário do Comité Provincial da Lunda Norte do MPLA, secretário para Análise e Estudos Políticos, secretário para a Informação e Propaganda, deputado da Assembleia Nacional, vice-presidente do Grupo Parlamentar do MPLA e coordenador do grupo de acompanhamento do Secretariado do Bureau Político para a província de Malanje.

A província

Conhecida no país e no mundo pela sua ex-líbris, a palanca negra gigante, e, ainda, pelas Quedas de Calandula, a província de Malanje (por vezes também grafada Malange) tem 98.302 quilómetros quadrados de superfície. A sua população é estimada em pouco mais de um milhão de habitantes. Geograficamente, está dividida em 14 municípios.

Malanje é confinada pela República Democrática do Congo (a nordeste) e pelas províncias angolanas de Uíge (a norte), Cuanza Norte (a oeste), Lunda Norte (a este), Lunda Sul (a sudeste), Bié (a sul) e Cuanza Sul (a sudoeste).

Tem como capital a cidade de Malanje, fundada em 1852, e que possui uma linha férrea (desde 1909) que a liga à cidade de Luanda. Em 1926, foi elevada a vila e, seis anos mais tarde, a cidade. Dista de 423 quilómetros de Luanda e 175 de N’dalatando, a capital do Cuanza Norte.

A província situa-se no norte de Angola. A sua altura varia de 500 a 1.500 metros em relação ao nível médio do mar. O clima é seco e varia de 20°C a 25°C.

Malanje é uma província essencialmente agrícola, destacando-se pela produção das seguintes culturas: mandioca, arroz, algodão, milho, batata-doce, ginguba, girassol, feijão, soja e hortícolas.

Possui igualmente uma pequena indústria transformadora, no qual são fabricados materiais de construção e produtos voltados para a alimentação. Na pecuária, destaca-se pela criação de gado bovino, caprino, suíno e ovino. Em relação aos mineiras, são encontrados diamantes, calcário, urânio e fosfatos.

Do ponto de vista turístico, a província é conhecida por albergar a palanca negra gigante, animal que tem o seu habitat natural no Parque Nacional de Cangandala. Outros pontos turísticos importantes de Malanje são as famosas Pedras Gigantes de Pungo Andongo e as Quedas de Calandula.