Benguela - As divergências no seio da Associação dos Naturais e Amigos da Província de Benguela, vulgo «Acácias Rubras», parecem já terem sido sanadas, depois da eleição da nova direcção, no passado dia 28 de Junho, que só foi possível graças a um «acordo de cavalheiros» entre «dufistas» e «gabrielistas». Apesar de os seus protagonistas terem garantido que tudo farão para levar a bom porto os destinos da instituição, há quem olhe para o referido acordo como sendo «peças de um teatro», com capítulos bem mais interessantes a ser exibidos nos próximos tempos.

Fonte: SA

Depois de quase dois meses de turbulência que opunha «Dufa» Rasgado e Jorge Gabriel para à liderança da Associação Acácias Rubras, eis que os dois arqui-rivais chegaram a consenso, ainda que para alguns observadores, seja apenas para «inglês ver». Se Jorge Gabriel é o novo presidente de direcção da associação, Dufa Rasgado é doravante o presidente de mesa da sua assembleia-geral, substituindo o embaixador Hermínio Escórcio, que, entretanto, manifestara a sua indisponibilidade de continuar à frente do cargo.

Aparentemente, o «acordo de cavalheiros» entre as duas correntes, ou seja, «dufistas» e «gabrielistas», celebrado um dia antes da votação em assembleia, parece ter posto duma vez por todas uma pedra nas «divergências internas». No entanto, um olhar profundo na composição das figuras que integram a nova direcção revela um Jorge Gabriel, presidente com poderes esvaziados e que dificilmente poderá desempenhar as suas funções sem qualquer «obstáculo». Só para se ter uma ideia, na direcção ora eleita da Associação Acácias Rubras, o empresário Jorge Gabriel tem como vice-presidentes três figuras declaradamente pró-Dufas. Trata-se da deputada Teresa Cohen, o jornalista Francisco Rasgado e o imprevisível e controverso «político da Canata» Jorge Valentim. Daí que qualquer passo que Jorge Gabriel pretenda dar só será possível com o beneplácito dos seus «vices» que, diga-se em abono da verdade, serão mais difíceis em relação aos propostos inicialmente por si, agora colocados em cargos de menos visibilidade e poder.

Jorge Gabriel, que terá, pelos vistos uma coabitação difícil com os seus colaboradores directos, pode ter ganho uma batalha, já que a escolha para presidente da associação recaiu sobre um «benguelense da terra», em detrimento de um benguelense na diáspora», como é o caso de «Dufa» Rasgado. Para além disso, há uma outra questão que não se pode ignorar e que será interessante observar nos próximos tempos, a convivência entre o secretário da administração e finanças, Adérito Areias -que entrou pela ala de Jorge Gabriel, e o responsável do conselho fiscal da associação, Dumilde das Chagas Rangel – entrou pela ala de Dufa-. Ambos, como é do conhecimento público, têm um pendente de longa data e parece que as feridas ainda não foram completamente cicatrizadas.

Reza a estória que, ao tempo em que Dumilde Rangel era o governador de Benguela, Adérito Areias e mais alguns «benguelenses» teriam boicotado uma actividade governamental que visava influenciar o presidente da República, José Eduardo dos Santos, a demitir Dumilde Rangel da governação da província. De lá para cá, Rangel nunca perdoou Areias.

Mas apesar das divergências no passado, os responsáveis da associação garantiram que tudo farão para levar a bom porto os destinos da instituição. Por exemplo, Jorge Gabriel, apresentou o discurso optimista. «Temos que esquecer, sem dúvida, o que de tudo de mal se fez, e tentar no futuro fazer o melhor. Farei de tudo para cumprir o que está o nosso programa».

Já Teresa Cohen garantiu que os associados saíram daquela reunião mais unidos, por entender que foi possível conciliar os interesses e as vontades que existiam da parte dos associados. «Precisamos de olhar para os projectos mais importantes de desenvolvimento que confiram condições de vida da população da província e não para o passado», afirmou Cohen.

Dufa Rasgado alinhou no mesmo diapasão. «Temos que procurar defender cada vez mais os superiores interesses de Benguela e do seu povo» sublinhou.