Luanda - O cantor e actor Paulo Pascoal de 32 anos de idade abriu o seu coração em entrevista à Revista Lux. O artista falou sobre a sua vida pessoal, o seu estado de saúde, a família e justificou o facto de ter assumido a sua orientação sexual durante a conferência TEDX Luanda.

Fonte: Sapo

"Decidi naquele momento porque entendi que era o momento certo. Estou a pensar estabelecer-me em Angola e trabalhar cá, e essa "fragilidade", se é que assim posso dizer, era algo que me estava a impedir de ter uma melhor comunicação com as pessoas de cá. Eu tinha informação de que Angola é um dos 80 países com leis anti-gays e pensar que estando cá, poderia estar a correr o risco de ser considerado um criminoso ou um “alien” era algo que me fazia confusão".

Paulo contou que já levou pancada quando era mais pequeno por brincar com bonecas e que tem um namorado que mantém uma relação de longo prazo e que a família e os amigos próximos conhecem, mas este prefere não tornar pública a identidade do companheiro. "Não quero que isso seja o foco da minha vida", explicou.

O actor revelou que aos 23 anos teve muitas namoradas e que descobriu tarde que era homossexual, porque teve uma educação religiosa.

Como todo ser humano, Paulo quer formar a sua família mas acha que ainda não é o momento certo. "Eu gostaria de ter uma filha, que até já tem nome: Glória Maria. Este é o nome que sempre pensei dar a uma filha".

O artista passou por uma fase complicada quando descobriu que tinha cancro. Nos três primeiros meses o tratamento não estava a resultar e o cancro estava a aumentar. "Eu negei a doença, pensei que era o fim do mundo, andei com muitas mulheres, joguei futebol, fiz de tudo o que não fazia na vida, pensei em fazer o serviço militar, mas o cancro de certa forma foi uma benção para mim porque parei para reflectir e perceber com que coisas eu me estava a enganar. Foi quando me aceitei e fui ao encontro da verdade".

Afastado dos palcos por opção, há já algum tempo, neste momento Paulo Pascoal está dedicado ao trabalho na instituição "Peace Foundation", que promove a arte, mas deseja terminar o cd que tem em mãos.

"Distanciei-me por medo, falta de vontade e de ânimo. Pus a música de lado, porque senti que tinha capacidade para fazer outras coisas".