Benguela - O tratamento desigual, reiterado e até abusivo da imprensa pública a oposição parlamentar, a sociedade civil activa e cidadã, e algumas personalidades consideradas “non grata”, é também retribuída na alguma imprensa privada que dá somente ouvidos aos “agressores da linguagem”. É evidentemente, um problema da nossa democracia que pretende ser civilizada.

Fonte: Club-k.net

 Quem defende a restrição na pública fundamenta que a oposição não produz factos noticiosos (o que em parte é verdade, às vezes passam o ano a deleitar-se às mordomias e os caprichos que status reserva). Por isso, não há nada nem tempo para comunicação social pública, e quando há os cortes não faltam.

Apenas, aparece e reaparece os mesmos com frequência na imprensa privada com oceanos de críticas e acompanhado com uma orquestra e a encenação é calorosa.

Por outro lado, a teoria que aceita maior propaganda/divulgação versus notícias das matérias do partido no poder, justifica-se baseada na proporcionalidade de assentos na Assembleia Nacional, dito de outro modo, o número de deputados eleitos por cada partido político e a suposta maior produção de interesse público por parte do MPLA, são os que determinam o tratamento noticioso diferenciado. Embora haja contradição com os princípios constitucionais e a lei.

É verdade que o partido no poder produz mais factos, porém será que esses factos são todos noticiosos?

Vamos admitir que seja verdade esse argumento. No entanto, levantam-se outras questões, a notícia não é o único género jornalístico. A própria imprensa pode criar “factos políticos”, ouvir analistas ou comentaristas sobre execução do O.G.E., pronunciamentos, discursos, acontecimentos.(talvez traria mais responsabilidade a quem soltar a voz).Aliás, temos vindo assistir, infelizmente aparições públicas de alguns “artistas políticos” que monopolizaram a nossa comunicação pública com argumentos poucos aceitáveis e perfumam-se na idolatria e bajulação dos apetites do poder.  

Há também algumas figuras independentes que não são ouvidas na imprensa pública, quiçá por terem bagagem intelectual gémea à cidadania e ao sentido de Estado. Outros tristemente, se confundem usando linguagem barata de obscenidades e geradora de conflitos e baixeza, e ainda auto-intitulam-se defensores do povo!

 

Não basta o lema “ para além da notícia”, é necessário objectividade, rigor e isenção. Sabemos que há figuras e instituições incriticáveis nos órgãos públicos de informação, quer dizer, não devem ser julgadas/censuradas publicamente, pois são consideradas acima da perfeição.

 Também não é suficiente abrir à torneira de informação/comunicação a todos sem excepção, é necessário saber o que saí da boca.

Neste sentido é muito importante que o partido no poder, oposição parlamentar, a sociedade civil activa e cidadã, e personalidades que quando se pronunciarem façam com rigor técnico e científico, e desnudam-se dos argumentos levianos, roteiros e falar por falar. É deveras, uma escola que todos devem matricular-se urgentemente a fim de valorizar a democracia civilizada. A matrícula é gratuita!

«O ruido é tão intenso que os ouvidos estão habituados»