Luanda - Com a morte de Hugo Chávez, que conduziu a Venezuela de 1999 a 2013, instalou-se o debate ao nível dos países da América do Sul, e não só, sobre a forma como partidos políticos de origem de Esquerda continuariam a crescer e assumir governos naquela região do Sul da América. Ou será que o desaparecimento de Hugo Chávez representa uma ameaça à soberania da região e seus aliados?

Fonte: Club-k.net

Depois de chegar ao poder, Hugo Chávez implementou uma série de reformas destinadas à proteção dos desfavorecidos, numa clara opção pelo Socialismo. Importa recordar que Hugo Chávez considerava o “Socialismo do Século XXI” como esteio do seu regime. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), o sucesso das políticas de Hugo Chávez baixou o nível de desigualdades de toda a sorte na Venezuela.

De acordo com a Comissão Económica para América Latina e do Caribe (CEPAL), a percentagem da pobreza na Venezuela passou de 49% em 1999 para 29% em 2012, factos que, em parte, justificam o nível de popularidade que se espalhou rapidamente pelo mundo chegando mesmo a influenciar partidos da região que se assumiam como sendo de Esquerda, mas que muito dificilmente chegariam ao poder, dado que as políticas de origem marxista, há muito têm sido aniquiladas por práticas neoliberais.

A América do Sul, admitamos, está a transformar-se no “bastião” do marxismo-leninismo. Hoje por hoje, são poucas as regiões do planeta que apresentam uma postura defensora do marxismo-leninismo adaptado ou não como ainda se verifica na América do Sul.

SUB/ OS OITO MARXISTAS

Dos treze países existentes no continente pelo menos oito são governados por partidos de origem doutrinaria no marxismo-leninismo. Quando Hugo Chávez propôs a criação da Aliança Boliviana das Américas (ALBA) estava a pensar no isolamento a região de qualquer espécie de influência externa, sobretudo norte-americana. Por isso apresentou a ideia da criação de uma única moeda na região.

Por outro lado, o facto da Venezuela entrar para o Mercosul, quando o “Tratado de Assunção”, que deu origem ao Mercosul, defendia a inclusão apenas do Paraguai, Brasil, Argentina e Uruguai, é também outro exemplo ,claro, da influencia política, decorrente do seu carisma das políticas adoptadas em defesa dos Estados- membros da América do Sul, que Hugo Chávez tinha na região.

O antigo presidente da Venezuela esteve sempre atento às oportunidades de poder estender sua influência fora da América do Sul. A cooperação Sul-Sul, caso concreto, Mercosul/CEDEAO, representa(va) a possibilidade não só de acordos com os Planos Económicos, mas também de transferir as experiências governativas “bem sucedidas”.

Na Venezuela, no Brasil, na Argentina, é possível testemunhar a mudança radical imposta por partidos de esquerda no que resultaria num aumento do emprego, diminuição da pobreza, melhor distribuição da riqueza, o que ilustra o compromisso com o povo.

 

Temo, no entanto, que a transferência dessas práticas para África possa estar dificultada por culpa do coronel Hugo Chávez, que morreu no dia 5 de Maio de 2013.

A pesar de Dilma Roussef ,no Brasil, e Nicolas Maduro, na Venezuela, serem fiéis depositários dos seus “bem-feitores políticos”, muito dificilmente atingirão a grandeza de seus antecessores.

Hugo Chávez era carismático. Lula da Silva é possuidor da característica que diferencia um Presidente de um Líder. De momento, muito dificilmente conseguiria identificar na América do Sul figuras com carisma de Hugo Chávez ou de Lula da Silva.

* Jornalista e professor universitário