Luanda - Corria o mês de Agosto de 1983. Estava em expansão a Frente Estratégica "Estamos a Voltar", que acabava de ser criada. Lumbala Nguimbo já se encontrava sob controlo da UNITA. A comuna de Sessa, que em Dezembro de 1982 tinha sido atacada, sem sucesso pelas FALA, acabava de ser abandonada voluntariamente pelas FAPLA, depois de um cerco desgastaste por vários meses. A situação apresentava-se madura para o levantamento de Kangamba que já a ser alvo de inteligência por vários meses. A batalha de Kangamba começou a madrugada de 2 de Agosto de 1983 pela preparação artilheira.

Fonte: UNITA

 

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Creio que as forças que faziam o dispositivo defensivo de Kangamba habituadas a serem frageladas constantemente, devem ter pensado que se tratava de uma acçao de rotina? A leitura do modelo, uma representação geográfica do alvo em miniatura, mas com todas as indicações do que estava dentro de Kangamba foi feita dias antes, muito longe de Kangamba. As forças foram transportadas em veículos, como aliás sempre acontecia, até uma certa distancia e dai marcharam a pé. A travessia do rio Kumbangui foi feita a uns quilômetros a sul do posto. O batalhão 66 estava no primeiro escalão de assalto.

Seguia o batalhão 07. O batalhão 333 constituía o último escalão depois do batalhão 111. Porque estava difícil para os primeiros escalões penetrar o dispositivo inimigo e o tempo estava a passar e crescia o receio da intervenção de aviação, o Comando Operacional decidiu envolver antes, o Batalhão 333 para decidir o assalto a Kangamba pelo Sul, e pela extremo sul do aeroporto.

A grande dificuldade eram as minas que cercavam as trincheiras e o aeroporto. Aliás o inimigo confiou no cordão de minas que cercava o posto. Para alcançar as trincheiras às FALA tinham que enfrentar o vasto cordão de minas. Foi difícil. Muito companheiros do batalhão 66 caíram em minas. A penetração para o dispositivo do inimigo tinha que ser feita em fila indiana, usando caminho aberto pelas minas já accionadas pelas granadas de 120 mm e de 81 mm durante a preparação artilheira e pelos bravos do primeiro escalão.

Quando a primeira equipa da primeira SECCAO do primeiro pelotão da companhia alcançou o parapeito da trincheira e neutralizou a reação do inimigo, tinha começado o combate. A aplicação da técnica de limpeza de trincheira, uma inovação recentemente aprendida pela BRELITE e de que o inimigo não dominava o antídoto, desarticulou as forças que guarnecia o aeroporto e a faixa sul. A técnica consistia em atacar o inimigo pelo flanco, em que eram usadas, fundamentalmente as granadas de mão ofensiva. Quando os aviões de combate MIG 17 começaram a intervir já as unidades das FALA estavam a taravar combates no interior da vila. O assalto por outras unidades das FALA (sob o comando do Comandante Eco, de feliz memória que viria a tombar em combate no Luau) às posições inimigas situadas na margem esquerda do rio Kumbangui chamada Ferreira, impediu qualquer tentativa de socorro às unidades FAPLA e cubanas submetidas ao ataque.

A batalha viria a durar 11 dias. Era, por isso a maior batalha travada na época, em Angola.

Viemos a saber mais tarde que os efectivos cubanos que se encontravam no Kangamba tinham contacto directo com Fidel Castro, em Havana.

Depois da proeza das FALA, as unidades que participaram da operação Kangamba foram premiadas, com a sua integração nos efectivos que constituíram o 1o Batalhão Regular das FALA.

* Coronel desmobilizado