Luanda - As relações entre o governador provincial da Huíla, João Marcelino Tyipinge, e o segundo secretário do MPLA naquela província, Virgílio Tyova, são descritas como sendo de «cortar à faca», devido a uma alegada luta pelo poder entre ambos.

Fonte: SA

1.º secretário do «M» pretende afastar seu adjunto 

De acordo com informações locais, Marcelino Tyipinge, que é igualmente 1.º secretário do partido dos «camaradas» naquelas paragens, terá, no calor das disputas, apresentado uma proposta às estruturas centrais do seu partido para o afastamento de Virgílio Tyova do posto de 2.º secretário provincial do MPLA na Huíla; uma pretensão que, entretanto, acabaria por ser chumbada.

Comenta-se, à boca pequena, que o «veto» à proposta do 1.º secretário do «Ême» na província ter-se-á ficado a dever às influências movidas por Tyova junto às estruturas centrais do seu partido, sobretudo diante de um influente membro do seu Bureau Político, com o qual terá relações de parentesco.

Caso o desejo de Marcelino Tyipinge se concretizasse, ele representaria o segundo desaire na carreira política de Virgílio Tyova que, como se sabe, fora apeado do cargo de administrador municipal do Lubango, em 2010, depois de ter entrado em rota de colisão com o antigo governador Isaac dos Anjos.

No entanto, o alegado clima de crispação existente entre ambas figuras está a ser encarada em meios locais como o fim de um «casamento» entre Marcelino Tyipinge e Virgílio Tyova que, no passado, terão unido esforços para derrubar Isaac dos Anjos.  

Durante o consulado deste último, ele havia denunciado em algumas ocasiões a existência de um suposto «complot», que teria por objectivo o seu afastamento daquela província, algo que viria a concretizar-se, em finais de 2012, com a nomeação de João Marcelino Tyipinge para o cargo de governador da Huíla.

Isaac chegara mesmo a admitir que ele estava a ser alvo de lutas intestinais, alimentadas, de certo modo, pelo facto de não ser originário daquela província.

Interesses ameaçados

Na cidade do Lubango correm informações, com alguma insistência, de que alguns dos interesses económicos de Virgílio Tyova estarão ameaçados, sobretudo no domínio de limpeza da cidade.

As fontes deste jornal que, na sua generalidade, têm associado o nome de Virgílio Tyova à empresa «Huíla Recycling», responsável pela recolha de lixo no Lubango, referem que o governador terá mesmo avançado com uma proposta de ruptura de contrato, mas que terá sido demovido a fazê-lo devido às elevadas indeminizações que o Executivo local teria de suportar.

Diz-se que o milionário contrato firmado, em 2010, por um período de dois anos, entre a referida empresa e o Governo Provincial da Huíla terá custado aos cofres do tesouro a quantia de nove (9) milhões de dólares norte-americanos, num processo em que a escolha da «Huíla Recycling» não terá sido feita de «forma transparente».

Cruzada contra Isaac dos Anjos: Uma disputa mal sucedida

Jurista de formação, Virgílio Tchova viu-se envolvido numa outra disputa política quando, em 2010, se opôs a uma decisão do antigo governador Isaac dos Anjos, que visava desalojar os moradores do conhecido bairro da Tyova para permitir a construção de uma linha férrea.

Ainda na pele de administrador municipal do Lubango e de 2.º secretário do «maioritário» na província, Tyova viria a contestar publicamente à decisão de Isaac dos Anjos; uma irreverência que viria a custar-lhe o cargo de administrador do município mais importante da Huíla.

Em jeito de recado a Tyova, Isaac chegara mesmo a convidar o seu opositor a fazer outras opções políticas. «Alguns dos nossos camaradas não estão de acordo, pois têm um caminho: passar para o outro lado…», afirmou, para depois adicionar: «Precisamos de dar tempo para que a Administração se reorganize e assuma a sua própria responsabilidade. Com certeza temos que mudar a sua equipa para que não tenhamos necessidade de intervenção directa».

Politicamente fragilizado, Tyova terá, então, partido para «outra», ou seja, aliando-se a Marcelino Tyipinge numa suposta cruzada contra Isaac dos Anjos. Uma aliança que, pelos vistos, estará próxima do fim.

*Ilídio Manuel