Luanda - Quase metade da população de Angola saiu da linha de pobreza revela um estudo do Standard Bank, que nota que a percentagem de angolanos com menos de dois dólares por dia passou de 92%, em 2000, para 54%.

Fonte: Lusa

O documento, de 81 páginas, tem o título "Compreendendo a classe média de África", explica que o total do PIB de 11 economias - Angola, Etiópia, Gana, Quénia, Moçambique, Nigéria, Sudão, Sudão do Sul, Tanzânia, Uganda e Zâmbia - cresceu dez vezes nos últimos 14 anos, mas acrescenta que as discrepâncias de rendimento são "enormes" e nota que, no caso de Angola, a história do desenvolvimento económico da população é positiva.

"Tem havido um crescimento impressionante do rendimento em Angola desde o virar do século - enquanto em 1990 cerca de 1,2 milhões de angolanos consumiam mais de 1 dólar por dia, hoje há 7,5 milhões nesta faixa", lê-se no estudo, que explica que "apesar de hoje cerca de 54% da população de Angola viver na ou abaixo da linha de pobreza (dois dólares por dia), em 2000 a percentagem da população que vivia nesta categoria extraordinariamente vulnerável estava nos 92%".

Para os analistas do Standard Bank coordenados pelo economista Simon Freemantle, olhar para o rendimento das famílias também mostra uma história de sucesso no desenvolvimento económico angolano: "em 1990, 88% das famílias em Angola estavam na classe de baixo rendimento; em 2010, este valor baixou para 68%, e simultaneamente o número de famílias na classe média saltou de 112 mil em 2000 para quase 700 mil em 2010, e 900 mil hoje, sendo que a previsão aponta para que em 2030 haja quase 2 milhões de lares de classe média, cobrindo 32% da população".

Acentuando o sentimento positivo sobre o desenvolvimento económico de Angola e a melhoria das condições de vida dos angolanos, o estudo acrescenta que "Angola é uma das poucas economias subsarianas a ter um número maior de famílias na classe média do que na classe média-baixa", quase o dobro.

Angola, conclui o estudo, é um dos poucos países que consegue conjugar um aumento da população (14 milhões em 1990 para 21 milhões hoje) com uma melhoria das condições de vida, exemplificada pelo número de famílias fora da faixa mais vulnerável: "Até 2030, é previsível que haja mais ou menos tantas famílias fora da classe baixa como dentro, até porque a classe média aumentou 700% entre 2000 e 2014, enquanto a faixa de famílias de classe baixa cresceu de forma bem mais modesta, cerca de 9% no mesmo período".

O número de agregados familiares de classe média em África cresceu 230% em 14 anos, de acordo com um estudo divulgado esta semana pelo Standard Bank, que diz que a narrativa sobre o crescimento africano é real, mas exagerada.

"Embora o grau de crescimento da classe média em ascensão tenha sido, acreditamos, um pouco exagerada em linha com a narrativa por vezes sufocante do Crescimento Africano ['Africa Rising', no original em inglês], ainda há bastante margem para um optimismo sobre o tamanho da classe média em várias economias determinantes na África subsariana", conclui o economista Simon Freemantle, do Standard Bank, que divulgou o estudo.