Luanda - Era uma vez, um humilde e pobre jovem, de cuja origem nunca antes alguém se interessara nem discutira. Discreto, até mesmo silencioso no seu geito característico de agir e fazer as coisas, o jovem deu passos certos na vida e em Setembro de 1979, para a desilusão e desagrado de dezenas de "presidenciáveis" que se creíam escolhidos caiu-lhe a sorte grande: o Bureau  político do Comité Central do seu MPLA, confirmou-o Presidente da então recém nascida República Popular de Angola, em sequência de António Agostinho Neto, o "guia imortal", mas que morreu mesmo.

Fonte: Club-k.net

Com toda astúcia e porque não experiência, paulatinamente assimilada ao longo de décadas, sobreviveu não só a queda do Muro de Berlim (1989) e o consequente desmoronamento do "Império" Soviético (1991) mas também da célebre Primavera Àrabe (2012) que ameçava atravessar a linha do equador, deixando desmoronado na sua trajectória 3 ricos impérios: Tunísia, Egipto e Líbia.

35 anos de regência, fazem dele um auténtico vice- campeão africano e mundial perdendo apenas e por escassos dias para seu "compadre" Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, da Guiné Equatorial (desde Agosto 1979), mas não muito distanciado do carismático Robert Mugabe, do Zimbabwe, desde 1980 regendo a ex- colónia britânica á ferro e fogo.

No seu Principado SANTO ANGOLA, ele é, de facto o todo poderoso, o que faz e desfaz, o que só não priva o oxigénio que nós, seus súditos respiramo, porque assim ainda não o decidiu. Sim de facto ele é o estado...

“Eu sou o Estado”

“L ́État, c ́est moi “, esta afirmação atribuída ao monarca françês Luís XIV, que viveu entre os longínquos séculos XVII-XVIII, encaixam-se sobremaneira, no conceito erróneo de ESTADO do estadista nas véstes de monarca angolano, José Eduardo dos Santos.

Assente na paciência como a da tartaruga e na astúcia que nem a o leão, a longividade do poder de Eduardo dos Santos é bem descrita por Justino Pinto de Andrade que afirmou: “Durante muito tempo José Eduardo dos Santos não mexeu numa “palha”, porque estava demasiado condicionado pelos seus pares. Mas houve mesmo quem o achasse simplesmente o continuador de um projeto para que fora moldado na sua juventude como estudante na União Soviética. Estaria então 'a jogar o jogo' de que mais gostava...”

O jornalista e escritor, José Edurado Agualusa no seu conto “O bom déspota”, publicado pela GRANTA, foi bem sucedido ao simular as recordações do ancião José Eduardo dos Santos:

“Durante os primeiros anos fingi-me de morto. Deixei que me vissem como um fiel herdeiro do falecido Presidente e, ao mesmo tempo, fui libertando sem alarde os fraccionistas que haviam sobrevivido aos fuzilamentos e aos campos de concentração. Nomeei alguns para importantes cargos governamentais. Nunca mais criaram problemas”.

Presidente e Rei, não se preocupe, pois os problemas astutamente ocultados por Vossa Excelência e Magestade ainda tê-los-ás.

Bem haja!