Luanda - O Fundo Soberano de Angola (Fsdea) divulgou nesta quarta-feira o resultado da primeira auditoria às suas contas, delineando a sua posição fiscal e actividade de investimento referentes ao ano 2013, segundo uma nota de imprensa da instituição.

Fonte: Angop

As demonstrações financeiras do Fundo revelam activos totais de 3,65 mil milhões de dólares (1dólar equivale cerca de 100Kwanzas) a 31 de Dezembro de 2013. O Auditor confirmou também que o Executivo angolano completou recentemente a dotação inicial do Fsdea, de 5 mil milhões de dólares, com a transferência de 1,35 mil milhões de dólares em Junho de 2014.

De acordo com nota, a Deloitte & Touche, a empresa auditora, fe-lo de "forma independente as demonstrações financeiras do FSDEA relativas ao ano de 2013".

No ano findo, a carteira foi maioritariamente investida em moedas e em instrumentos financeiros equivalentes a cash. Os resultados auditados revelam que cerca de 22 milhões de dólares foram classificados como diferenças de taxa de câmbio, devido ao facto de que a moeda do relatório é o Kwanza (a moeda nacional). Os resultados auditados destacam ainda que 24 milhões de dólares foram alocados ao desenvolvimento interno da instituição e às despesas operacionais, devido ao foco primário do Fundo de criar bases de governança fortes e operações internas rastreáveis no decorrer do período.

Durante o ano em análise, o FSDEA atingiu vários marcos regulatórios e estratégicos importantes. Um ponto fundamental para o Conselho de Administração foi equiparar o Fundo e as suas actividades com os padrões de governança e com as melhores práticas internacionais. Estes marcos incluem a aprovação da Política de Investimento ratificada pelo Governo, a adopção dos Princípios de Santiago, a nomeação dos três membros do Conselho Fiscal, assim como a contratação de um banco depositário global, para albergar as suas actividades de investimento.

Na nota de imprensa, José Filomeno Dos Santos, o Presidente do Conselho de Administração do FSDEA, afirma que “o objectivo primordial (do Fundo) em 2013 foi o de construir bases operacionais robustas, com um quadro de responsabilização e de governança transparente, que pudessem apoiar as nossas actividades. Estes alicerces fortalecem a nossa capacidade de realizar investimentos seguros e alinhados com os melhores interesses dos nossos principais beneficiários, os cidadãos nacionais.”

Na mesma nota, Armando Manuel, o Ministro das Finanças da República de Angola e Presidente do Conselho Consultivo do FSDEA, conclui que: “Estamos satisfeitos pelo facto do FSDEA implementar a sua política de investimento, que visa apoiar o desenvolvimento social e económico da Nação.

“Acreditamos que o Fundo está posicionado para desempenhar um papel activo na criação da capacidade económica, doméstica e regionalmente”- disse

Com o capital inicial completamente transferido, o FSDEA está focado no desenvolvimento da sua carteira de investimento em conformidade com a política estabelecida pelo Executivo, que visa a preservação do capital, a maximização dos retornos a longo prazo e o desenvolvimento de infra-estruturas comerciais. Desta forma, além dos investimentos em activos tradicionais baseados nos mercados mais maduros, a carteira será crescentemente alocada a investimentos alternativos nos ramos da infra-estrutura, agricultura, mineração e imobiliário, nos mercados fronteiriços da África subsaariana.

“A perspectiva do Fundo é investir no nosso continente, por reconhecermos que várias das suas nações evidenciam um crescimento económico expressivo. Priorizaremos investimentos em sectores tais como a infra-estrutura, que promovam o crescimento económico e ofereçam bons retornos, assim como oportunidades de emprego e renda para as comunidades onde se localizam. Esta abordagem, estimulará cadeias de abastecimento locais, que vão gerar impactos positivos no progresso económico de Angola e da região. Estes investimentos estão também em linha com a política do FSDEA, de actuar em áreas que permanecem protegidas da volatilidade dos mercados internacionais, possibilitando um retorno sustentável para o investimento e preservando o capital investido”, comenta José Filomeno dos Santos.

O FSDEA também confirma que se tornou recentemente membro pleno do Fórum Internacional de Fundos Soberanos (International Forum of Sovereign Wealth Funds ou IFSWF) para reafirmar o seu compromisso com os Princípios de Santiago de governança, responsabilização e proficiência nos investimentos.

Os marcos regulatórios e estratégicos alcançados pelo Fundo em 2013, juntamente com a adesão ao IFSWF fortalecem o compromisso do FSDEA com os regulamentos nacionais e internacionais que governam as suas operações e actividades de investimento, refere a nota do Fundo.

No âmbito das suas iniciativas de desenvolvimento social, o FSDEA anunciou recentemente o lançamento de um programa de educação financeira, denominado “Futuros Líderes em Angola”, que visa construir uma nova força de trabalho de Angola, capacitada para a gestão financeira.

Esta bolsa de estudo oferece a jovens talentosos, já licenciados, a oportunidade de participarem num programa intensivo desenvolvido em parceria com a Universidade de Ciências Aplicadas de Zurique (Zurich University of Applied Sciences, ZHAW), na Suíça.

Explicando a iniciativa, José dos Santos concluiu que, “investir na criação de uma força de trabalho baseada no conhecimento é importante para o desenvolvimento económico de Angola, à medida que o País desenvolve os sectores primário e secundário. Estamos certos de que este programa exclusivo pode fomentar um novo segmento de executivos nacionais, que garantirão o uso eficiente de muitos dos vastos recursos naturais com os quais Angola foi dotada.”

O Fundo Soberano de Angola (FSDEA) é um Fundo Soberano pertencente integralmente ao Estado da República de Angola. O Fundo foi criado de acordo com as normas internacionais de governação e diversificará gradualmente a sua carteira de investimentos através de alocações de capital a vários sectores e classes de activos, de acordo com sua política de investimento.

Ao privilegiar investimentos financeiros de longo prazo, o Fundo desempenhará uma função importante na promoção do desenvolvimento social e económico de Angola e na geração de reservas para os cidadãos angolanos.