Luanda – A cidade capital não acordou, neste sábado 13, diferente do habitual. Mas, na zona periférica do "Papa Simão", nos Mulenvos, alguns moradores foram acordados com os cânticos populares, entoados por um grupo de saxofonistas trajados de amarelas e azuis, cores da terceira maior força política do país, a Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE).

Fonte: Club-k.net
AC no PS.jpg - 111.80 KBSob a coordenação do secretariado provincial de Luanda, o presidente da CASA-CE, Abel Epalanga Chivukuvuku, efectuou neste sábado, 13, uma visita demorada a população do bairro “Papa Simão”, localizado no município de Viana.

O político chegou no local de concentração (nas Pedrinhas) por voltas das 11 horas, e foi recebido com emocionantes alvoroços e aplausos por centenas de pessoas (militantes da sua organização e moradores) que se encontravam no local desde às primeiras horas do sábado.

No local, ao estilo de Barack Oboma, Presidente dos Estados Unidos de América, o líder da CASA-CE, trajado de uma camisa feita de pano africano, foi convidado (e guiado) pela população deste pobre bairro (de areia e poeira) a percorrer – lés-a-lés – cerca de quatro quilómetros a pé, até ao local onde se realizou o acto mais alto.

Durante a “pequena longa” passeata pelas ruelas estreitas do “Papa Simão”, Abel Chivukuvuku interrompeu por inúmeras vezes a sua marcha para saudar e ouvir as preocupações dos anfitriões que aguardavam, ansiosamente, nos portões das suas residências, para conhecer e tocar o terceiro candidato mais votado, nas últimas eleições gerais (2012).

Como ilustram as imagens captadas pela câmera fotográfica do Club-K, os homens (a maior parte) receberam – do político – um aperto de mão e poucos deles receberam um abraço caloroso. Enquanto que todas as senhoras (independentemente da forma como que se apresentavam e, da idade) foram agraciadas com beijos no rosto.

“Aqui estamos a sofrer muito senhor presidente”, queixou (em viva voz) uma das moradoras – em nome da população local – que carregava às costas o seu bebé de menos de cinco anos, ao ilustre visitante que se fez acompanhar por membros do Conselho Deliberativo Nacional da CASA-CE. Ela, acompanhada da amiga, decidiu espontaneamente aderir pequena longa marcha (até ao fim) como as outras centenas de pessoas.

A passeata terminou nos arredores dos “Quatro Imbondeiros”, escassos metros de um comité de acção do partido no poder (desde 1975). Mas antes, Abel Chivukuvuku – suado e empoeirado – procedeu o lançamento da primeira pedra no local onde, futuramente, será erguida a estrutura física da sede da CASA-CE nos Mulenvos.   

Ao dirigir-se aos presentes, o mesmo manifestou-se solidário com os problemas apresentados pela população, relembrando que Luanda não é só Talatona. “Por isso é urgente que o governo encontre uma solução para as questões básicas desta população que necessitam com urgência de água potável, energia eléctrica e estradas”, rematou, agradecendo a inesquecível recepção.  

AC no PS 1.jpg - 158.80 KBSessão fotográfica

Abel Chivukuvuku não foi somente recebido pelos cidadãos com idade de votar no bairro “Papa Simão”. Típico dos “musseques” de Angola, quiçá de África, o visitante foi também recebido efusivamente pelos petiz (de cinco à 17 anos de idade) que pouco-a-pouco, de forma curiosa, se ajuntavam ao grupo de pessoas (incluindo jornalistas de alguns órgãos de comunicação) que aguardavam, na altura, pela sua chegada no ponto de encontro.

Ao chegar no local, centenas de petizes quebraram o cordão de segurança improvisado para ver, pela primeira vez a olhos nu, o rosto do homem que pretende em 2017 tornar-se o terceiro Presidente da República. Estes receberam igualmente os cumprimentos (de punho fechado, ao estilo Obama) como se saúdam a maior parte dos rappers.

Estes (alguns descalços e com roupas sujas de terras) acompanharam o presidente da CASA-CE às ruelas profundas do “Papa Simão” até no local da actividade. Porém, na medida em que este caminhava outras crianças – atraídas pelos hinos de sanfonistas – corriam para se ajuntar a multidão. E em menos de 15 minutos já se podia calcular centenas delas.

Numa das ruelas, Chivukuvuku sentiu-se obrigado parar (uns cinco minutos) e posar – para as câmeras dos telefones móveis – numa sessão de fotografias, improvisada pelos petizes e alguns adultos que se mostravam emocionados. Talvez por ser o primeiro (e único) político angolano a manter, desde o fim da guerra civil, um contacto directo com os eleitores locais. Tal como fazia o lendário nacionalista Jonas Malheiro Savimbi, em vida.    

Segurança

A actividade política desenvolvida pela CASA-CE naquela circuncisão foi acompanhada, minuciosamente, polícia angolana. O Comando Municipal de Viana, através da Divisão dos Mulenvos, disponibilizou apenas uma viatura (com cinco efectivos) para garantir a segurança dos presentes. Não se registou quaisquer incidência, de intolerância como ocorrido noutros cantos do país.

Facto curioso é que, enquanto alguns homens da “farda azul” [polícias] tomavam conta da actividade, um oficial da polícia que se fazia transportar com um carro de marca “Suzuki Jimmy”, cuja matrícula é LD – 47-13 – DE, filmava a actividade sem dar às vistas.   

Falhas da organização

Nem tudo ocorreu as mil maravilhas. Apesar de aderência espontânea da população do “Papa Simão”, era possível distinguir quem era quem no local da actividade. Foi visível o fracasso organizacional do secretariado provincial da CASA-CE de Luanda, coordenado actualmente pelo jovem “aspirante-político” Alexandre Dias dos Santos, ou se preferir, “Libertador”.

Sendo a cidade capital uma das maiores praças eleitoral desta coligação criada em 2012, foi notório ausência da massa militantes de Luanda, tal como da Juventude Patriótica de Angola (JPA), braço juvenil desta formação política. Calculava-se à palma das mãos (e dos pés), o total dos militantes uniformizados mobilizados para participar na actividade.

Por outro lado, a organização levou poucos materiais de propagandas (camisolas, chapéus, bandeiras, flyeres etc.) para distribuir a centenas de moradores que, euforicamente, solicitavam até secar a voz. Tal como na distribuição de flyeres aos automobilistas e não só.