Luanda – Homenagear Agostinho Neto como herói nacional em detrimento dos heróis da pátria sem uma campa rasa memorial constitui um autêntico insulto a memória de todos quantos pereceram na luta pela independência do país, assim como as vítimas do 27 de Maio de 1977, os seus familiares e os sobreviventes do holocausto.

Fonte: Club-k.net
agostinho neto.jpg - 12.47 KBAgostinho Neto foi vítima de si mesmo quando unilateralmente dissolveu a DISA (polícia política) porquanto foi ele mesmo que instigou e decretou publicamente a matança.

A explosão interna (destruição de pâncreas, fígados e outros órgãos) para uma entidade que tinha uma equipa medica composta por angolanos, cubanos, soviéticos e outras nacionalidades, não pode de maneira nenhuma apresentar tal diagnostico. Por isso, pressumi-se ter sido envenenado.

Sua família foi silenciada com benesses e anualmente se injectam milhões de dólares na Fundação Agostinho Neto. Razão pela qual nunca obrigou o Estado angolano a revelar o relatório sobre a sua morte.

Recordamos, para alguns, e informamos a outros que não têm conhecimento, e porque um povo que não conhece o seu passado esta sujeito a cometer os mesmos erros e não poder perspectivar o futuro.

No decorrer do trajecto político militar do MPLA surgiram várias clivagens sendo a mais sonante a despoletada a quando do 27 de Maio de 1977, isto por ter causado a morte à mais de 80 mil angolanos, seus militantes.

Pois, foi o então Presidente da República Popular de Angola, do MPLA, Comandante-em-Chefe da extinta Forças Armadas Popular de Libertação de Angola (FAPLA), Presidente do Conselho da Revolução, Dr. António Agostinho Neto, que no dia 21 de Maio de 1977, em comício na Cidadela Desportiva de Luanda, disse:

Sobre a DISA
“(...) Começou-se a fazer um movimento de agitação contra a DISA, dizendo que a DISA é como a PIDE, como o «poeira», que a DISA maltratava, que a DISA fazia e que desfazia (...) A DISA tem de existir. Vai continuar a existir (...).

Sobre Lúcio Lara
“(...) o camarada Lúcio Lara esteve no Movimento desde a fundação desta organização que é o MPLA. Participou nos actos principais da nossa organizava (...)”

Sobre Iko Carreira
“(...)O camarada Iko Carreira, foi sempre um dos melhores comandantes das nossas tropas do Luso”;

Sobre Carlos Rocha Dilolwa
“(...) O camarada Dilolwa que também é muito atacado nos últimos tempos. Eu não sei se temos, algum economista em Angola, que seja melhor do que o camarada Dilolwa (...)”.

Veja que Agostinho Neto não reconhece a militância de milhares de Angolanos que lutaram de várias formas contra o colonialismo, no entanto, enaltece as três figuras atrás referidas como os únicos.

Aqui, depreende-se a exaltação dos nossos irmãos mulatos, em detrimento dos milhares de negros, dando início a sobreposição de uns contra outros, motivo pelo qual estes nossos irmãos foram os maiores carrascos do genocídio.

Continuando, Agostinho Neto nega a grande contribuição das igrejas ao afirmar que “(...) Para se ser membro do partido é preciso reunir um certo número de características. Aqui devem estar algumas centenas de católicos. Não podem ser do Partido. Devem estar algumas centenas de protestantes. Não podem ser do Partido. Eu, que não sou católico nem protestante, serei do Partido. (...) Talvez daqui a 50 anos já não haja mais igrejas em Angola (...)”.

O não reconhecimento das igrejas por Agostinho Neto, faz dele um ateu, e mal agradecido, porquanto, todos sabem do ensino primário, liceal e universitário foi beneficiário de bolsas de estudo pela igreja Protestante, hoje Metodista. E também sabe-se que a maior parte dos intelectuais da velha geração estudaram graças as igrejas, que Agostinho Neto pretendia banir de Angola.

Pois que, em vários discursos sobre os acontecimentos do 27 de Maio, disse: “(...)Alguns daqueles que participaram neste crime já estão presos. Dentro de pouco tempo, nós diremos qual será o destino que será reservado à esses indivíduos. Certamente, não vamos perder muito tempo, com julgamentos. Nós vamos ditar uma sentença.
Não vamos utilizar o processo habitual, que não seria justo. (...) Aqui como defensores da revolução (...). Seremos o mais breve possível, para podermos resolver esses problemas e, vamos tomar decisões segundo a Lei Revolucionária. (...) não haverá perdão de espécie alguma, não vamos perder tempos com processos. Seremos implacáveis. (...) Os que foram encontrados já foram fuzilados e os que forem também serão fuzilados (...)”.

Os matadores, imbuídos de sentimento racista, por um lado, e com o receio de não ascender a lugares cimeiros no Movimento e no Governo e noutras instituições, ocupadas ou, a ocupar por intelectuais autóctones, enveredaram numa caça ao homem, repatriando inclusive, bolseiros que se encontravam em várias parte do mundo, com destaque aos países do então bloco socialista, URSS, Cuba, RDA, Polónia, Roménia, Bulgária, Checoslováquia e Jugoslávia, fuzilados uns, atirados no mar e rios outros, enterrados vivos alguns, incendiados outros tantos, retirados os olhos e testículos..., enfim um mar de atrocidades indescritíveis, piores dos crimes nazistas.

Depois deste cortejo de mortes, Agostinho Neto fingindo não ter conhecimento do que se passava, para se livrar de culpas, dissolveu unilateralmente a DISA, isto é, sem o conhecimento dos órgãos do Partido-Estado:

“(...) Modifiquei um pouco mais do que foi anunciado pela imprensa em relação à segurança, à DISA. A imprensa não disse tudo aquilo que estava no meu pensamento. Porque razão fiz algumas modificações – Vou fazer mais – dentro da DISA. Porque não é possível, camaradas, trabalhar com uma segurança que oferece dúvidas acerca da protecção, aos nossos compatriotas e tem hesitações quanto à nossa política de clemência. Temos de ser objectivos e realizar de facto a nossa política.
Quantas pessoas, hoje, se queixam da DISA? Justa ou injustamente...
Mas queixam-se. Não há nenhuma semana que eu não passe sem receber cartas de famílias a dizer que «o meu filho desapareceu». Depois, camaradas, eu não sei o que vou responder. O que é que eu hei-de dizer?
Eu é que sou o responsável. Quando desaparece um filho, um pai, um avô, uma mulher, um cunhado, etc., etc., eu é que sou o responsável. E o que é eu vou dizer? Alguns que estão nas cadeias estão muito bem lá; é melhor estarem lá do que lá fora. Mas nem todos... Precisamos de resolver esta situação. Temos de ver bem como é que a nossa segurança vai trabalhar no futuro. (...)”.

António Agostinho Neto, Presidente da República Popular de Angola, do MPLA-Governo, Comandante-em-Chefe das FAPLA e Presidente do Conselho da Revolução, foi e continua a ser o maior criminoso desse genocídio, pois que pesa sobre ele a acusação de ter perdido o sentido de Estado e de responsabilidade, por ter decretado em público a sentença única e colectiva, dizendo: “Não vamos perder tempo com julgamentos, agiremos com uma certa dureza (...). Não haverá perdão para os fraccionistas, seremos o mais breve possível (...). Morte aos fraccionistas”.

Estas palavras pronunciadas pela personalidade revestida dos cargos atrás descritos, soaram como uma sentença de Morte que foram cumpridas integralmente pelos seus agentes, prendendo e matando todos aqueles que fossem considerados fraccionistas e ou contestatários;

Este estado de coisas persistiu por muito tempo, pois que, no dia 1 de Agosto de 1979, no aniversário das FAPLA, o então Presidente Agostinho Neto, voltou a reafirmar, dizendo: “Eu disse, diante de todos aqueles que ouvem a rádio, que veêm Televisão que NÃO HAVERIA PERDÃO”.
O QUE FAZEMOS DESSES ELEMENTOS? Nós não podemos pensar noutra fórmula, além daquela que eu pronunciei na primeira intervenção a propósito deste assunto: NÃO HÁ PERDÃO!
Não há perdão para aqueles que já foram encontrados, esses indivíduos foram fuzilados e aqueles que forem encontrados serão também fuzilados, para que não voltem a praticar crime - Discursos

Escolhidos A.Neto, Tomo ll pág. 243 e seguintes: “Não haverá perdão de espécie alguma, porque camaradas responsáveis membros do Comité Central e do Governo, oficiais e soldados das Forças Armadas, membros do Conselho da Revolução, da Segurança do Estado, sabiam de tudo o que ia acontecer no dia 27 e não me informaram, não me disseram nada”.

Durante mais de dois anos, sobre aquela data, isto é, aos 26 de Junho de 1979, na cidade de Menongue, província de Kuando Kubango, persuadido pela Comunidade Nacional e Internacional, sobre o genocídio que se verificava no seu pais, o Presidente Agostinho Neto disse o seguinte:

“Modifiquei um pouco a DISA que é a Segurança de Estado. A imprensa não disse tudo, porque razão fiz algumas modificações. E vou fazer mais dentro da DISA, porque não é possível trabalhar com uma Segurança que oferece dúvidas acerca da protecção dos nossos compatriotas e têm hesitações quanto a nossa política de clemência.
Quantas pessoas hoje se queixam da DISA justa ou injustamente, mas se queixam. Não há semana nenhuma que eu passe sem receber cartas de famílias a dizer que o meu filho desapareceu. Quando desaparece um filho, um pai, um avó, uma mulher, um cunhado, etc.etc. “EU É QUE SOU O RESPONSÁVEL. DEPOIS NÃO SEI O QUE EU HEI-DE DIZER, POIS EU SOU O RESPONSÁVEL... TEMOS DE FAZER UMA POLITICA JUSTA." Discursos Escolhidos A. Neto Tomo l pág. 221 e seguintes.

Por tudo isto, Agostinho Neto foi o maior responsável do genocídio verificado em Angola que ceifou milhares de vidas humanas, estimadas em mais de 80 mil almas.

Declarações hipócritas proferidas publicamente pelo Bureau Político do MPLA. A primeira data há cerca de 11 anos. Nelas o MPLA reconhece as atrocidades cometidas aquando do 27 de Maio de 1977, assim como os feitos produzidos pelos perecidos na luta pela Independência do País e a sua afirmação.

De realçar que a primeira fora tornada forçosamente pública quando a direcção deste partido apercebeu-se da publicação da lista dos matadores pela Fundação 27 de Maio, na sua 1ª Conferência Nacional realizada no dia 27 de Maio de 2002, para inviabilizar a sua publicação.

Volvidos 11 anos, o BP do MPLA voltou a publicar outra declaração com o mesmo teor, depois da Direcção da Fundação 27 de Maio ter entregue pessoalmente ao vice-presidente do MPLA, Roberto de Almeida, aos 13 de Maio de 2013, um dossiêr com propostas claras para a resolução do passivo, com realce da construção do Monumento Memorial às vítimas.

A par disso, ao longo da sua existência, a Fundação 27 de Maio foi enviando inúmeros dossiês ao Presidente do MPLA e da República, ao Secretariado do BP do MPLA e as instancias de soberania do país, nomeadamente aos Tribunais Supremo e Constitucional, Procuradoria Geral da República e ao Parlamento, e nunca obteve respostas.

A semelhança do mausoléu de Agostinho Neto que custou aos cofres do Estado mais de dois biliões de dólares, em detrimento das vítimas que o colocaram no poder. Precisa-se um monumento. Só assim que os dirigentes desta organização teriam moral de falar em reconciliação e tolerância.

A Vós que perecestes de forma trágica, horrenda, mortos e atirados em valas comuns, rios e mar, enterrados vivos e esquartejados, figuram no mundo actual como mártires de um pensar diferente.
Ainda assim, o vosso desaparecimento físico faz de vós os heróis da vida contra a morte, pois, na verdade, continueis vivos em nós.
Perdoar sim, esquecer nunca!
Honra e Glória aos Mártires!

O Presidium da  Fundação 27 de Maio