Luanda - Se entendermos que o fim último do politico, segundo P. Ricouer, é o poder e, poder , como acto de governar de modo a convencer , Eu, Ndimba y ́ovilu, penso que convencer é fazer uma racional, antecipada, justa e boa distribuição de bens e serviços.

Fonte: Club-k.net

Porque estamos num país democrático e de direitos, se não é cântico dos cânticos e, se o for, a culpa não é minha, mas se for minha assumo, impele-me como cidadão pacato e modesto, no espírito de democracia participativa e consciente, tecer qualquer coisa sobre “ A PROBLEMÁTICA DA BOA GOVERNAÇÃO”, parte do título dum tema por meio do qual me fizeram laureado em Filosofia.

Os latinos já tinham sido dóceis e fortes quando disseram e eu cito:” homo sum, hominis nihil alienum puto”, sou homem e nada, de homem, considero alheio. Analogando, digo: se sou cidadão da república democrática de Angola, então, nada desta República considero alheio.

Nesta linha de ideias, quero saber de vós, caros concidadãos, se determinados actos são actos de boa governação e que se não o forem, vermos meios racionais de os evitar.

Uma primeira abordagem é, segundo o Club k, aquela de que o “ Presidente José Eduardo dos Santos está em vias de por em marcha um plano administrativo especial para a província de Luanda visando ao alargamento da mesma com o surgimento de novos municípios. Nos planos identificados no pensamento do líder angolano, o Município de Viana deverá ser desmembrando em dois. O mesmo acontecerá com o Kilamba Kiaxi, que será repartido em dois ou três municípios que passarão a categoria de distritos sob sua jurisdição”.

Será que Viana e Kilamba kiaxi são tão estratégicos a ponto de o presidente entender ater-se a eles? Se sim, não será também importante ver os casos de outros municípios? Se não, então o que se quer com a cidade de Luanda, numa altura em que se troca frequentemente de governadores e sem sucesso? Afinal quem governa bem? Quem nomeia ou quem é nomeado? Os nomeados são bem conhecidos por parte de quem os nomeia e, os nomeados sentem-se competentes? Ou a causa está na incompetência da nomeação? Afinal quem não é bom governante? E os governadores devem ser substancialmente, sublinhe, substancialmente nomeados ou deviam ser eleitos? Agora temos um substituto de Bento Bento, na governação de Luanda, o governador Graciano Francisco Domingos. Será que este conhece os problemas de Luanda? Se os conhece, já veremos.

Uma segunda abordagem tem a ver com o que se leu a 11 de Setembro em Luanda de que “Isabel dos Santos, que tem nacionalidade inglesa e russa tornou- se na primeira bilionária africana, de acordo com a revista norte-americana Forbes”. Dizem que esta bilionária é filha do presidente da República. Sendo presidente dum país banhado por muitos desempregados, pobres, analfabetos, vadios e vadias, gatunos, desesperados, esfomeados, etc, e, tendo esta filha com bastante dinheiro, repito, é razoável permitir que a filha invista pouca coisa no teu país, que precisa de financiamento para afugentar as frustrações? Por outro lado, a filha trabalhou mesmo muito a ponto de ter tanto dinheiro assim? Se ou não, governar é mesmo assim, ver muitos a sofrer por saldos caríssimos e nada poder dizer a ponto de proteger a rede tefónica movicel e unitel de outros possíveis concorrentes?

Uma terceira abordagem chora pelo atraso do julgamento dos assassinados Alves Kamulingue e Isaias Cassule e da elevação à general de um suposto causador das suas mortes, a partir da prisão. Diz o advogado de defesa da família dos assassinados, David Mendes no dia 16 de Setembro deste ano que “o juiz-presidente que ficou com este processo terá que o enquadrar na sua agenda, depender da disponibilidade dos juízes assistentes que, também, são muito ocupados em função do volume de recursos que têm para analisar”. Aprecie os assassinados Kamulingue e Kassule:

Segundo o advogado o “ julgamento dos efectivos dos Serviços de Informação e Segurança do Estado (SINSE) e da Direcção Provincial de Investigação Criminal (DPIC) de Luanda acusados de assassinarem os jovens Isaías Cassule e Alves Kamulingue, em Maio de 2012, poderá ser transferido para o próximo ano” ou seja, os juiízes assim decidiram por “o então delegado dos Serviços de Inteligência de Luanda, António Gamboa Vieira Lopes, ter sido promovido ao grau de brigadeiro enquanto o caso se encontrava em instrução processual na Procuradoria Geral”. Aprecie esta

Como podemos perceber que os que reivindicavam direitos em 2012 sejam mortos por causa da luta pelos seus direitos num estado de direito e democrático, com liberdade de expressão e de manifestação? E como perceber que sendo mortos e, identificados os assassinos, se atrase para outro ano o julgamento por se elevar a general um arguido? Há aqui coincidência ou uma acção combinada entre o judicial e o executivo? Se sim ou não, Governar é mesmo assim, ver os outros a morrer como mosquito e nada se diz para a alguma satisfação aos lesados?

Uma semana e meia depois, fruto de reivindicações de partidos da oposição e sociedade civil e, porque o Movimento Revolucionário tencionava fazer uma manifestação contra esta promoção à general, no dia 25 de Setembro de 2014, “ O Presidente José Eduardo dos Santos anulou recentemente a deliberação que promovia o Oficial António Manuel Gamboa Vieira Lopes ao Grau Militar de Brigadeiro”, confirma-nos um dos jornais saídos no dia. O que significa, segundo este jornal, que “ Processo já pode voltar ao Tribunal Civil. Se isto é um jogo, está-se a fazer jogo politico com isto ou era falta de conhecimento do assunto por parte de quem governa o país? Se sim ou não, é assim mesmo que se governa um país?

Uma quarta questão tem a ver com o facto de num tanque do bairro do Neves Bendinha, Luanda, no dia 03 de Setembro ter sido encontrado um cidadão morto no interior de um tanque, como diz a notícia “um homem de nome Eugénio Júlio Xavier, mais conhecido por Sapalo, de 35 anos de idade. O cidadão foi visto pela última vez no dia 31 de Agosto do corrente e tudo aponta que estamos diante de um assassinato” e que a “DPIC recusa-se a pronunciar sobre o caso”. Como perceber que tendo uma policia que todos os dias trabalha, as pessoas morrem como se fossem sapos e ninguém quer explicar sério? Que é governar com mortes sem explicações e seguranças ameaçadas?

Uma outra perspectiva inere nas palavras de W. Tonet que considerou, no dia 18 de Setembro deste ano, o presidente da República de Angola como um péssimo governante e justifica que “a guerra da intolerância não tem como parar, tão pouco um líder capaz de erguer a sua voz apaziguadora para se construir uma sociedade harmoniosa com base no respeito pela diferença”. William, jornalista e advogado entende que o tempo de governação é bastante e sufocante que “ silêncio cúmplice do Presidente do MPLA e da República, em relação ao mais recente incidente, que opôs militantes da UNITA aos do MPLA/Polícia Nacional e Administração do Estado, no Bié, tal como o assassinato bárbaro e cruel de Hibert Ganga, por um militar da Unidade da Guarda Presidencial mostram a existência de um plano secreto”.

Este senhor da cultura do nosso país e um antigo negociador para a paz entre a Unita e o Mpla, disse que os governantes angolanos são neocolonialistas, como se lê nas suas palavras “ eles se parecem como de continuidade, ao ponto de uma grande maioria, se ter convertido em neocolonialistas. Prenderam e mataram cidadãos que tinham notas de 1 dólar, hoje exibem relógios de 50 a 100 mil dólares e mansões de 25 milhões de dólares...” E acrescenta que o Presidente do MPLA, tem sido incompetente, por não saber liderar uma verdadeira onda de cidadania despartidarizada, ao longo de 33 anos de consulado e quando assim é, Angola vê emergir, não um líder clarividente, mas a propagação do culto de personalidade de um homem, que se vai tornando, voluntária ou involuntariamente um verdadeiro ditador.” . Este gigante da cultura e da perspicácia jornalística angolana diz que Dos santos impôs a sua imagem na moeda nacional e gastou mais de 25 milhões de dólares, para alterar os Bilhetes de Identidade de Cidadão Nacional e colocar a sua imagem, que impôs o culto de personalidade, transformando o seu aniversário em dia nacional., que “um verdadeiro líder democrata, não privatiza a Comunicação Social Pública. Tonet disse mesmo que a democracia Jessiana, entenda-se de José Eduardo dos Santos, é um fracasso pois é “democracia de chicote”

Se as palavras de Tonet coincidem com a veracidade dos factos, este é o fim pelo qual o poder nasceu? Isto se constitui um equilíbrio para a busca do bem comum e da justiça? Esta maneira de actuar perante os cidadãos é boa governação? Será que governar é assim?

E se há muita miséria em Angola, faz sentido de boa governação que numa festa se gaste e, para um só dia, sem a participação de todos, o que não é possível, usd 35 milhões? Não entendo de dinheiro, mas me parece ser muito dinheiro. Aquilo se lê no jornal que diz: “Governo angolano terá gasto mais de USD 35 milhões para o aniversário do PR”.

Governar é mesmo assim, meus irmãos, ver pessoas a morrer, nada dizer, ver pessoas desempregadas e olhá-las com sorrisos ao rosto e calar-se, ver pessoas a se prostituírem e não se dizer nada, ver pessoas sem habitação, sem formação ou mal formação, ver pessoas esfomeadas, ver-se a governar por mais de 34 anos, não distribuir luz e agua para todos como escrevem, ver doenças estranhas e olhar tudo como se a causa do mal não está connosco e a solução não é possível, isto é competência governativa? Repensemos o nosso país, se for o nosso..