Luanda - Um estudo realizado no mês passado em cinco províncias angolanas concluiu que 70 por cento dos jovens angolanos residentes na periferia e que pretendem iniciar um negócio têm dificuldades em gerir as suas finanças pessoais.

Fonte: Lusa

O estudo a que agência Lusa teve acesso foi realizado, porta a porta, pela organização Zoe Small Business, que se dedica à promoção de Educação Financeira, Empreendedorismo e micro-finanças, nas zonas de baixo rendimento em Angola, e os resultados só deverão ser apresentados oficialmente em dezembro.

Nas províncias de Cabinda, Luanda, Benguela, Bié e Huíla o inquérito visou "medir os níveis de conhecimento sobre o dinheiro, a atitude e comportamento dos jovens entre os 16 e 35 anos".

Os critérios género, idade, nível académico, ocupação e região guiaram o estudo, realizado com um questionário de 20 perguntas sobre inclusão e planeamento financeiro e poupança, produtos bancários, seguros e planos para iniciar um negócio.

"O estudo tem como objetivo geral entender o nível de literacia financeira dos cidadãos residentes na periferia, identificar hábitos e necessidades por formas a serem encontradas soluções que melhorem a relação dos moradores destas zonas com o dinheiro e outros instrumentos financeiros", refere o documento enviado à Lusa.

Conhecer o impacto que os maus hábitos financeiros podem acarretar para os programas de fomento do empreendedorismo desenvolvidos pelo Governo angolano é o objetivo específico.

Com o inquérito, constatou-se que, graças os esforços do Banco Nacional de Angola, nos últimos três anos, de uma maior inclusão financeira dos cidadãos, contudo persistindo ainda lacunas em matéria de educação financeira.

"Como exemplo, entre os mil entrevistados na pesquisa, 80 por cento possui conta bancária, 50 por cento tem cartão de débito, 40 por cento assume ter crédito bancário e apenas 20 por cento faz planeamento financeiro", salienta o estudo.

Entretanto, apenas 10 por cento dos inquiridos faz poupanças e 30 por cento possui seguro.

Neusa Correia, a responsável pela pesquisa, citada na nota, disse 55 por cento dos entrevistados que trabalham gastam 90 por cento do seu salário antes do dia 20 do mês, chegando ao mês seguinte com dívidas que correspondem 30 a 40 por cento do seu ordenado mensal.

"As pessoas não foram ensinadas a lidar com dinheiro e por imposição das circunstâncias acabaram por entrar no mundo dos negócios. Quando alguém que não sabe gerir as suas finanças começa uma atividade empresarial, o fracasso do seu negócio é iminente", sublinhou.

A pesquisa recomenda a promoção de programas de educação financeira junto das comunidades de baixo rendimento, não adiantando desenvolver programas isolados de combate à pobreza, sem formação financeira.