Luanda -  O Ministério do Comércio e o Instituto dos Serviços Veterinários, um órgão afecto ao Ministério da Agricultura, têm versões diferentes sobre frangos contaminados que Angola importou da Bélgica. Depois do alerta lançado pelas autoridades sanitárias da União Europeia sobre a entrada em Angola de frangos contaminados com a bactéria salmonella enteritidis, há indícios de que as autoridades angolanas terão perdido o rasto do referido produto.

Fonte: SA

Ministério do Comércio e Serviços Veterinários a duas vozes

As versões até aqui apresentadas pelas ambas entidades têm sido, no mínimo, contraditórias, a ponto de adensar mais a confusão e produzir mais dúvidas do que certezas. Há dias, o Instituto dos Serviços Veterinários advertiuo Serviço Nacional de Alfândegas, adstrito ao Ministério das Finanças, acerca da entrada e venda no país, mais concretamente em Luanda de frangos contaminados, de marca Pluvera.

Trata-se, como se sabe, de alimentos perecíveis susceptíveis de causar uma série de doenças aos seus consumidores, por se encontrarem contaminados com um agente patológico multirresistente a vários antibióticos.

Na semana passada, a directora do Instituto Nacional do Consumidor (INADEC), Paulina Semedo, em declarações a uma rádio local, desdramatizou o assunto, dando garantias aos consumidores de que a situação estava «sob controlo».

Segundo a responsável deste órgão afecto ao Ministério do Comércio, os frangos não estavam a ser vendidos ao público, visto que os mesmos «nem sequer tinham saído dos armazéns». Verdade ou mentira, o facto é a titular da pasta do Comércio viria pouco tempo depois a colocar em causa tais informações, desautorizando, assim, a sua subordinada. Numa surpreendente inflexão, Rosa Pacavira acabaria por descartar a possibilidade de os lotes contaminados terem entrado em Angola.

Em declarações à Rádio Nacional de Angola (RNA), na quarta-feira, 02, a ministra não só negou a entrada do referido produto no país, como também aconselhou a população a comer frangos à-vontade, sem «entrar em pânico».

«Movemos uma equipa conjunta, composta pela Polícia Económica, Inspecção do Comércio, Agricultura, INADEC e os laboratórios, e fomos ao alcance dos importadores de frango dessa marca, e o certo é que, até agora, não encontramos nenhum lote dos que a União Europeia notificou Angola. Queremos dizer à população que pode consumir o frango normalmente», assegurou, na altura, a governante.

De forma não menos surpreendente, na quarta-feira, 07, o director-geral do Instituto dos Serviços Veterinários (ISV) acabaria por desmentir a própria ministra do Comércio, dando garantias de que as autoridades já tinham recuperado parte dos 1.020 frangos contaminados. Mais do que isso, afirmou que os mesmos tinham sido «separados para destruição».

Em declarações prestadas ao Novo Jornal, António José revelou que o«exportador» do produto já tinha sido identificado. «Temos a indicação de que entraram no nosso país 85 caixas, cada uma com cerca de 12 frangos [que têm o peso unitário aproximado de 1,3 quilos], sublinhou António José.

Diante deste quadro de informações cruzadas, fica-se por se saber de que lado está verdade: do Ministério do Comércio, dos Serviços Veterinários ou do INADEC?

*Ilídio Manuel