Luanda - Banco de Comércio e Indústria anda às turras com um cidadão a quem deve algum dinheiro. Uma viatura da instituição embateu contra um Hyundai, cujo proprietário exige o pagamento dos valores que gastou com o mecânico e na compra do equipamento afectado. O caso chegou ao território da justiça

Fonte: Club-K.net

Está a abandalhar um pobre cidadão

Uma queixa contra o Banco de Comércio e Indústria (BCI) em Benguela, devido a um incumprimento que leva já quase dez meses, acaba de chegar à Direcção Provincial de Investigação Criminal, estando prevista a notificação de um membro da gerência, soube o Club-K de fonte ligada a este órgão afecto à Polícia Nacional. Pode ser que venha a ser chamado à pedra o funcionário envolvido directamente no caso que deu azo à queixa, apresentada à Procuradora junto da DPIC pelo cidadão João António, que reclama uma dívida de 75 mil Kwanzas.

Em Março deste ano, por volta das 13 horas, uma carrinha do BCI embateu contra a viatura do cidadão queixoso, um Hyundai Accent, provocando inúmeros danos materiais. Não querendo viver a agitação própria de um acidente de viação, nomeadamente a aglutinação de pessoas na via pública, o motorista do banco, conhecido apenas por Dino, solicitou a João António que se movimentasse do local do sinistro, para que o problema fosse resolvido a dois, longe dos olhares de agentes da Viação e Trânsito.

Tratando-se de um pedido vindo de um rosto não muito desconhecido, o proprietário do Hyundai satisfez os anseios de Dino, longe de que estaria hoje, dez meses depois, a ser abandalhado como se de uma criança se tratasse. Assim que soube da situação, a gerente tratou de dar a conhecer à ENSA, mas a verdade é que esta seguradora não pôde ressarcir os valores aplicados por João António, com anuência do BCI. «O cidadão decidiu custear as despesas, já que utiliza a viatura como meio de serviço, na esperança de receber o dinheiro em quinze ou vinte dias», lê-se na exposição em posse da DPIC.

A ENSA não pagou porque o Banco de Comércio e Indústria está sem cobertura financeira, conforme atesta o documento que enviou ao seu cliente, no caso o BCI. Mesmo que o banco faça hoje o pagamento do seguro para toda a sua frota automóvel, a seguradora estatal não terá como avançar com os 75 mil Kwanzas, uma vez que na altura do sinistro não havia nada. Quer dizer, portanto, que terá de ser o directamente o BCI ou, na pior das hipóteses, o seu funcionário, o senhor Dino, a proceder ao pagamento do calote.

Trabalhadores da ENSA, que testemunharam o vai e vem de João António ao longo dos vários meses, deploram a atitude do BCI, dizendo que esta instituição está a «borrar» o seu nome por causa de um simples valor. «Esta situação já deveria ter sido resolvida. É agarrar em 75 mil e pagar pelos danos provocados. Penso que é o nome do BCI que fica manchado», disse, visivelmente indignado, um funcionário sénior da ENSA.