Luanda - O Presidente do MPLA e da Republica de Angola, Jose Eduardo dos Santos (JES) manifestou abertamente quarta-feira, 15, em Luanda, o medo que tem das eleições autárquicas ao recusar peremptoriamente que estas se realizem enquanto ele estiver no poder.

Fonte: Club-k.net
Makuta Nkondo.jpg - 21.81 KBNum discurso sobre o Estado da Nação proferido na Assembleia Nacional (NA), o maquiavélico, JES afirmou urbi et orbi que as autarquias não se devem realizar antes das eleições gerais, que são outra simulação de escrutínio para enganar os menos atentos, previstas para o longínquo 2017, sem avançar uma data.

A um auditório passivo e inexpressivo de “deputados” inofensivos, JES questionou se “até ao ano de 2017 poderemos, em primeiro lugar, adequar a legislação eleitoral e actualizar o registo eleitoral para a realização de Eleições Gerais e, em segundo lugar, conceber a legislação para as Autarquias Locais e para a realização das Eleições Autárquicas?”, considerando que “É um assunto a apreciar”.

Para ele, as autarquias “são assuntos muito sérios para apreciar e para se clarificar o calendário de tarefas a realizar nos dois processos eleitorais (as eleições gerais e autárquicas) e penso que todos queremos dar passos firmes em frente para aprofundarmos o nosso processo democrático”, disse, acrescentando que “é melhor evitar a pressa para não tropeçarmos!”

As eleições autárquicas em Angola já foram adiadas por várias vezes e o Governo do MPLA denominado ‘executivo’ usa várias pretextos para ludibriar os partidos políticos a sociedade civil que insistem em reclama-las. Angola, é um dos raros países do mundo que fala de democracia, mas não realiza as eleições autárquicas.

Como quem combate a febre hemorrágica ebola, JES protege-se de álibi segundo o qual “são várias questões que os órgãos competentes do Estado, incluindo o Parlamento, têm de tratar até que sejam reunidas as condições necessárias para a criação das autarquias”.

Que macaco escondido com o rabo de fora|

Para o Presidente dos camaradas, as seguintes condições inibem a realização das autarquias em Angola, nomeadamente: “a adequação de recursos económicos, financeiros, técnicos, materiais e humanos; a divisão territorial, tendo em conta as especificidades culturais, sociais, económicas e demográficas de cada área que abrange o município; a compatibilização entre a Administração Local do Estado e a Administração Autárquica; a configuração dos órgãos representativos locais, os seus poderes, atribuições e competências; o sistema de eleição dos representantes locais; a definição do modelo de financiamento das autarquias e a convivência no mesmo espaço territorial de serviços de Administração Local do Estado e serviços da Administração Autárquica”.

JES acha que “a negociação e discussão dos diplomas legislativos para a legitimação e adequação jurídica do processo autárquico levará o seu tempo”, disse, afirmando que “a discussão da revisão da legislação eleitoral em que se basearam as Eleições Gerais de 2012, levou mais de um ano e a acrescentar a isso há o processo de Registo Eleitoral para as Eleições Gerais de 2017, bem como para as Eleições Autárquicas”.

“O registo oficioso previsto na Constituição não é possível realizar até 2017, por vários motivos que o Executivo já submeteu à apreciação e decisão da Assembleia Nacional”, afirmou, acrescentando que “optar-se-á pelo registo administrativo, que também levou mais de um ano a realizar para as eleições gerais de 2012. São imensas as tarefas que ainda temos de desenvolver. Eu prefiro sempre ser realista, pragmático e ter um calendário de tarefas que possa cumprir efectivamente”.

Esforçando-se a deixar dormir o seu auditório de pé, JES disse pensar que “todos queremos dar passos firmes em frente para aprofundarmos o nosso processo democrático, mas é melhor evitar a pressa para não tropeçarmos!”, advertiu, apelando que “devemos trabalhar de forma mais unida e coerente para a concretização desse grande desejo dos angolanos, ao invés de transformar este assunto num tema de controvérsia e retórica político-partidária”. Sugeriu que aqui a Assembleia Nacional (NA) defina em primeiro lugar o calendário das tarefas a realizar para a concretização dos dois processos eleitorais e depois passar a acção.

Batendo

Ridicularizando a dita oposição política angolana pela sua passividade excessiva e escandalosa, JES afirmou de boca cheia que “a situação política do país é estável”.

“A paz consolida-se todos os dias graças ao espírito de tolerância, de compreensão, reconciliação e perdão de todos os angolanos, que independentemente da sua filiação partidária, credo religioso ou região viraram para sempre a página da guerra e têm a paz como o maior bem da Nação a preservar”, disse, tapando o sol com a paneira quanto aos assassinatos políticos e a perseguição impiedosa dos opositores e jovens manifestantes em todo o espaço nacional.

Indiferentes dos clamores do povo, JES não tugiu nem mugiu sobre os assassinatos pela sua guarda presidencial do jovem Ganga da CASA-CE, e dos jovens manifestantes Kamulingui e Kassule, as tentativas de assassinato do líder da UNITA, Isaias Henriques Ngola Samakuva, e do Secretário-geral do Bloco Democrático (BD), Filomeno Vieira Lopes (FVL), pela Policia Nacional (PN), etc. A paz do cemitério não serve, pois segundo a sabedoria kikongo “Lau, lau kiaku” (maluco, é teu maluco).

O Presidente do MPLA mentiu que “continuar a consolidar a paz e a unidade nacional e trabalhar para se alcançar a inclusão social, o progresso e o bem-estar de todos, “é o desejo comum de todos os que querem a edificação de uma Angola democrática, moderna e próspera”.

Pois, é uma mentira grosseira afirmar que em Angola há uma inclusão social, progresso e bem-estar para todos, em Angola, comer e beber eh privilégio exclusivo dos membros do MPLA e seus próximos.

Atropelando os valores das culturas bantu, o MPLA dividiu profundamente as famílias angolanas. Segundo a doutrina comunista mplista, um camarada vale mais que um irmão biológico, pois os camaradas têm um mesmo destino e os irmãos destinos diferentes.

Devido a esta doutrina, em Angola irmãos de mesmos pais militando em Partidos políticos diferentes vivem na inimizade e odeiam-se um do outro.

Os membros do MPLA, sendo gatunos de erários e bens públicos, consideram os outros angolanos de cidadãos inferiores a eles, da mesma maneira que Adolfo Hitler considerava os judeus e pessoas não alemães.

Basta ver a composição das direcções das ditas instituições de soberania e empresas públicas de Angola, desde a Presidência da Republica ah cauda, a discriminação dos que não dancam a música do MPLA é óbvia. “Não se questiona o sexo de um cão, por este andar nu” – diz o Kikongo.

Afirmar também que o Poder Judicial está a realizar uma grande reforma da Justiça e do Direito e a reforma dos Tribunais e esses esforços visam a melhoria da convivência política, no respeito pela diversidade e preservação das liberdades, garantias e direitos dos cidadãos, é um insulto aos povos autóctones de Angola.

Só por graças a ignorância, passividade e burrice dos opositores políticos e intelectuais que em Angola não surgiram ainda organizações de tipo Estado Islâmico (EI), Boko Haram, Al Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI) ou Al Shebab. A governança e os abusos de poder de JES e MPLA são factores suficientes para transformar Angola em Síria, Iraque, Ucrânia, Mali, República Centro-Africana, RD Congo, etc.

A que partidos políticos, sociedade civil e igrejas que promovem campanhas de consciencialização e educação para a paz e a democracia, baseadas nos valores da liberdade, do respeito mútuo e da opinião alheia, tolerância, harmonia social, fraternidade e solidariedade, se refere JES?

As igrejas dos militantes do MPLA mascarados de líderes religiosos como o “Reverendo” Afonso Nunes e o ”Conego” Apolônio?

Os partidos políticos estão divididos e a sociedade civil é inexistente que o MPLA quer confundir com as suas muletas de Associação dos Jovens Provenientes da Zâmbia (AJPRAZ) onde foram cavar diamantes e ouro que lhes dão fortunas (roubadas do erário público) e Movimento Nacional Espontânea (MNE) a que abusivamente se atribui uma quota do Orçamento Geral do Estado (OGE).

Segundo JES, na Casa das Leis o debate político é mais frequente, aumentou em qualidade e quantidade a crítica construtiva e está a superar a discussão estéril, sem objectivos claros.

A Assembleia Nacional é amorfa e insipida, pois em Angola não existem deputados eleitos. Os que são bombardeados com o título de deputados não os são, pois não foram eleitos pelo povo, este os desconhece e não representam ninguem.

Se for uma eleição verdadeira, com candidaturas e campanhas eleitorais individuais, 99% (noventa e nove por cento) dos actuais ditos deputados não conseguirão se quer um (1) voto nas suas próprias casas ou famílias. Estes ditos deputados, beneficiaram da ambiguidade e venalidade dos seus partidos políticos que colocaram os seus nomes nas listas de pré-candidatos.

A eleição por listas de partidos políticos, é invalida e ilegítima. Basta notar que alguns dos ditos deputados agradeceram as direcções dos seus partidos por os ter reconduzido ao cargo (de deputado).

Razão pela qual estes falsos deputados entraram calados e sairão mudos da Assembleia Nacional para não perder os seus privilégios. Muitos verdadeiros deputados estão foram do Parlamento.

Quanto ao Fórum da Juventude, o Fórum da Mulher Rural e mesmo o Festival Nacional da Cultura (FENACULT), estes não são exemplos de criação de novos espaços de auscultação e diálogo ou de afirmação da nossa identidade cultural.

O FENACULT não tratou de culturas bantu, pois os lideres culturais e as vozes autorizadas dos indígenas estavam ausentes. As culturas dos autóctones não se confundem com o Carnaval, as danças do Kuduro e Kizomba nem as histórias inventadas dos imigrantes ilegais ou de pessoas de origens desconhecidas como os presidentes do MPLA, A. Agostinho Neto e JES. Estes e seus parentes devem começar por clarificar as suas origens verdadeiras.

O programa “Água para Todos” que tem como meta até ao final deste ano beneficiar 65 por cento da população com água potável, está mal implementado ou é implementado em Angola do asfalto. Em Angola profunda, como o líder-fundador da UNITA, Jonas Savimbi, chamava o interior do país, e nos bairros periféricos das cidades e vilas, as populações abastecem-se de aguas dos rios e das cisternas de origens duvidosas.

JES citou estudos independentes segundo os quais cerca de metade da população de Angola saiu do limiar da pobreza absoluta.

“Várias instituições internacionais enfatizam os progressos alcançados pelo nosso país, revelando que a percentagem de angolanos com menos de dois dólares/dia passou de 92% em 2000 para 54% em 2014, prometendo que este ritmo de redução da pobreza, invulgar no nosso continente, anima-nos a prosseguir no sentido de alcançar a sua total erradicação”, afirmou, acrescentou que em 2000 a esperança de vida à nascença de um angolano era somente de 45,2 anos e, em 2013, passou a ser de 51,9 anos. Ou seja, em apenas 13 anos acrescentámos quase sete anos à esperança de vida. Que brincadeira de mau gosto!

A maioria dos angolanos perdeu o poder de ter três refeições por dia (pequeno-almoço, almoço e jantar) por dificuldades financeiras e vive em casas de latas que os dirigentes do MPLA que se enriqueceram ilicitamente chamam pejorativamente por casebres.

As centralidades e condomínios são habitados pelas mesmas pessoas, os governantes do MPLA, que já têm cada inúmeras casas ou moradias algumas servindo de casas para romances. O povo continua a viver em casas de lata que se pode facilmente observar nos bairros da Pedreira, Belo Monte e Panguila.

Por outro lado, as centralidades e condomínios são propriedades privadas dos governantes do MPLA que os construíram com o dinheiro roubado do erário público. Como justifica a taxa mais alta de mortalidade infantil que Angola regista, o atendimento deficiente nos hospitais e outras instalações de saúde que nunca têm medicamentos?

Por outro lado, só um emprego dá a felicidade e aumenta a esperança de vida de uma pessoa. Se os angolanos vivem com cerca de dois dólares por dia, é questionar a fonte das suas receitas, sendo na sua maioria desempregados. É indiscutível que o povo não tem emprego, não tem luz e agua.

A maioria dos habitantes dos musseques e bairros periféricos sobrevivem de biscatos, a Deus dará e com seu esforço pessoal. Não são contemplados e nem beneficiam nada do OGE.

A paz permitiu estender o ensino a todo o país, no Ensino Secundário, já temos mais de um milhão de alunos e no Ensino Superior, o número de estudantes foi da ordem dos 217 mil, com uma taxa bruta de escolaridade de 10 por cento, que quase quadruplicou o nível do ano 2000.

A banalização de ensino superior com instalação de universidades e institutos superiores que batizam com nomes de intrusos e fantasmas eh destruir a juventude angolana que espera uma formação acadêmica solida. Qual é a qualidade do ensino actual em Angola? Um dirigente do MPLA não se cansavam em afirmar que formar quadros é formar inimigos para a revolução”.