Luanda - Integra da mensagem do Presidente Eleito da FNLA, Ngola Kabangu, por ocasião do 39º aniversário da Independência do nosso País.
Fonte: FNLA
OS GANHOS DA INDEPENDÊNCIA
Ao celebrarmos o trigésimo nono aniversário da nossa Independência, arrancada a ferro e fogo, os Angolanos, de Cabinda ao Cunene perguntam: Que ganhos foram alcançados? Será que os mesmos se reflectem na vida de todos os Angolanos? Estas e outras perguntas deveriam ser respondidas com frontalidade e honestidade por quem governa.
Da nossa parte podemos afirmar que o primeiro ganho é a libertação do território nacional.
Angola mantem-se una e indivisível, restando solucionar, no quadro da Reconciliação Nacional, o problema de Cabinda. Para tal, é imperioso que o Governo crie todas as condições para um verdadeiro diálogo com as forças vivas da Província de Cabinda.
Um outro ganho digno de menção é a soberania que deve ser afirmada cada dia. Neste particular é necessário exigir de todos os nossos parceiros internacionais o respeito rigoroso pela nossa soberania que é inalienável.
Salvaguardado o que acima referenciamos, as grandes questões e dúvidas surgem no tocante aos direitos individuais e colectivos e o bem-estar sócio-económico das populações, sobretudo as das zonas rurais.
No que concerne aos direitos individuais e colectivos dos cidadãos, os mesmos são quotidianamente atropelados pelo Governo. Os cidadãos angolanos ainda não exercem plenamente o seu direito de cidadania. Essa atitude musculada e anti-democrática impede a participação activa e afectiva dos cidadãos no processo de democratização de Angola.
No domínio sócio-económico, as políticas traçadas pelo Governo são ineficazes e não produzem os resultados esperados pela esmagadora maioria dos Angolanos que continuam a “sobreviver” numa profunda miséria sem acesso à água potável, energia, assistência médica e medicamentosa, habitação condigna, educação e alimentação adequada.
O quadro sócio-económico é sombrio, trinta e nove anos após a proclamação da Independência.
Outro aspecto negativo do balanço dos trinta e nove anos de independência é a situação daqueles cidadãos que tudo deram e fizeram para que Angola se tornasse independente: os Antigos Combatentes. Esses compatriotas sobrevivem com míseras pensões de reforma- uns tantos- sem assistência médica e medicamentosa digna. Os obreiros da Independência foram simplesmente esquecidos pelos diferentes governos do MPLA. Reclama-se para esse compatriotas um enquadramento sócio-económico eficiente e digno.
Regista-se ainda no balanço dos trinta e nove anos de Independência uma outra nota negativa. As prometidas eleições autárquicas foram pura e simplesmente “embargadas” pelo Mais Alto Magistrado do País, o Engenheiro José Eduardo dos Santos, atropelando grosseiramente a Constituição.
O processo de democratização já débil tornou-se mutilado.
Os cidadãos Angolanos serão, uma vez mais, impedidos de exercerem o seu direito de voto em eleições fundamentais para o processo de consolidação da democracia pluripartidária e para o desenvolvimento sócio-económico do País. É uma falha grave que afectará sobremaneira o tímido processo de Reconciliação que também se encontra “congelado”.
Assim, celebraremos mais um aniversário da nossa Independência carregados de dúvidas e de incertezas o que é deveras negativo para a consolidação da Nação.
Não obstante tudo isso, apelamos a todos os Angolanos, de Cabinda ao Cunene, para que redobremos de vigor na luta política, social e económica para instauração de um estado democrático e de direito onde os Angolanos usufruirão plena liberdade conquistada após catorze anos de árdua luta contra o colonialismo português.
Cantemos todos juntos o hino da Paz, renovando as nossas esperanças de uma Angola profunda e genuinamente reconciliada.
TODOS POR UMA ANGOLA, UMA ANGOLA PARA TODOS! LIBERDADE E TERRA!
GABINETE DO PRESIDENTE ELEITO DA FNLA, em Luanda, aos 10 de Novembro de 2014.
O PRESIDENTE,
NGOLA KABANGU (Antigo Combatente do 1o Grau)