Luanda - Quando se fala de manifestações do Movimento Revolucionário, evocam sempre insucesso por motivos de falta de Leadership ou desorganização. Não vou muito por esta encosta da Montanha que Pariu o Rato. Falo com conhecimento de causa.

Fonte: Club-k.net

Também não é verdade sustentar a tese, segundo a qual as manifestações políticas estão todas vocacionadas a Revolução, ou seja: arrancar um Regime Ditatorial pela raíz. As manifestações são ‘um meio’ autorizado pelas leis de regimes democráticos que servem de pressão para despertar gente casmurra, autoritária, acampada em ideias prepotentes com métodos de liderança anacrónicos e letais.

Como disse atrás, elas só descambam em Revolução se os alvos visados usarem o extremismo como defesa ou reacção, sobretudo se provocarem vítimas mortais ou prisões arbitrárias.

Apesar da máquina implacável do MPLA, o que se passa em Angola com as manifestações do Movimento Revolucionário e outras é sim a dispersão de interesses e a luta de grupos enquadrados e endoutrinados; a existência de falsos profetas; a interferência de supostos dirigentes que fingem-se revoltados, mas se conformaram com o presente porque estão acomodados com as condições de vida e fizeram do exercício político profissão.

Também não é verdade que os REVUS se têm exaltado apenas por estarem excitados a serem maltratados fisicamente; que não tem havido motivos para se mobilizarem, ou seja: falta de um ideário. É pura mentira e a verdade vem agora à tona com este triste texto de condenação da Dra Webba a favor do Regime. A Causa a Defender neste tempo é a Mudança de Regime e as manifestações do MR e outras não têm ido no sentido contrário.

Finalmente percebe-se agora. Os ditos insucessos, aqui também, considero uma percepção muito relativa, é tudo forçado por joguete de interesses e protagonismo político; lutas de caserna e ciúmes entre as forças da oposição, as primeiras a partirem para desmobilizarem os cidadãos. Uma das forças se coloca reivindicando a legitimidade de assumir a liderança de todas as outras, fora da qual, ninguém mais pode fazer seja o que for e quando ela se propõe a qualquer coisa, todos devem seguir, ao ponto de comprometerem a verdadeira causa dos oprimidos, como vergonhosamente temos observado.

Até porque, pelo mundo, as manifestações que deslizaram para revoluções, sublinhe-se, triunfantes, não tiveram nenhuma organização sumária ou um líder pré-designado, a partir de um Quartel General. Foram espontâneas, justamente porque todos, digo bem, porque a grande maioria do Povo tomou consciência em uníssono de que estava a ser oprimido, identificaram o fulcro do problema e longe de preconceitos tribais, rácicos ou questiunculas partidárias, por instinto se transformaram em Nação e como um só, reagiram desafiando coisas piores: tanques de guerra, etc.

Resumindo, as manifestações têm como primeiro obstáculo não as forças de repressão, tornou-se visível. O primeiro e grande obstáculo é o comodismo de muita gente que se sente estabilizada e prefere assim de forma inusitada pactuar com o Regime em detrimento de milhões.