Luanda -  O Povo de Cabinda continua a viver os seus momentos mais sombrios numa Angola nominalmente independente e consagrada em Estado de Direito. Sempre que o diálogo é substituído pela violência, só os anarquistas ganham enquanto a esmagadora maioria permanece a sobreviver dos resquícios de uma colonização que parece ser eterna! 

 Fonte: Club-k.net

O intelectual constitui a consciência da sociedade e a intelectualidade só tem valor quando defende causas justas. Neste particular, elevo a coragem que os intelectuais de Cabinda têm demonstrado, mormente a de meus amigos presbíteros que na tentativa de se posicionarem no Não perante a presença do Sim, têm passado por privações que nos fazem recordar o tempo do defunto Salazar! Porém, conheço outros potenciais intelectuais de Cabinda que se juntassem suas vozes às dos de vanguarda, esse Território evoluiria para a sua autodeterminação.

Hoje, trago o ponto de vista do Dr Jonas Malheiro Savimbi quanto à questão de Cabinda nos longínquos anos de 1979, em pleno calor da luta  entre o som da metralhadora e o conhecimento filosófico da caneta. Desse pensamento lúcido, podemos tirar lições que muito bem aproveitadas podem apaziguar o Território oprimido de Cabinda pela nova colonização. Eis o seu pensamento :

" A nossa posição inequívoca é a de que Cabinda representa uma personalidade cultural e geográfica independente. A sua identificação como tal não pode ser negada. A imposição de uma nacionalidade às populações de Cabinda, através dos canhões, é uma mera ilusão.

  Só um diálogo, estabelecido em bases sinceras, poderá permitir que se encontre uma solução adequada, que satisfaça ambas as partes, isto é, Cabinda e Angola.

  Há resistência em Cabinda. O facto de metade da população de Cabinda se encontrar refugiada na República do Zaire significa que alguma coisa não vai ali muito bem. O facto de, mesmo bastante oprimidos, os irmãos de Cabinda resistirem à alienação russo-cubana, representa uma vontade política que devemos respeitar.

  A UNITA pensa que, reconhecidos esses valores, deve cooperar-se com os Movimentos de Libertação de Cabinda para se liquidar a opressão russo-cubana. Terminada a guerra, ou ainda no decurso dela, encontrar-se-ão por certo as fórmulas futuras de cooperação.

  Porque Cabinda, reconhecida a sua identidade política e sociocultural, tem todas as vantagens em cooperar com Angola, em bases claras e de reciprocidades de interesses.. De contrário, Cabinda não resistirá às tentações de anexação, por forças superiores, ou mesmo só de desestabilização, por ser um país pequeno e bastante rico. A sua associação com Angola, a que estariam ligados, igualmente, todos os países vizinhos interessados no problema, permitiria que se alcançassem a paz e a estabilidade naquela região ". 

Aqui está a posição de um político visionário que, até hoje, mesmo morto,  suas ideias continuam actuais. No dia 13 deste mês quando citei o nome do Dr Jonas Malheiro Savimbi aquando da discussão do OGE na generalidade, fui vaiado pela bancada " maioritária " resultante de uma monstruosa fraude de 2012. Tal atitude demonstrou nanismo patriótico e , por conseguinte, tibieza política. Se o colonizador português não ensinou política aos angolanos, quem em 40 anos de independência não se esforçou em aprendê-la, nem em 400 anos o conseguirá!