Segundo o documento “As conseqüências da morte de senhor João Gaspar Neto não só se tornaram duvidosas para o CECA mais também para a sua própria família” razão pela qual esta organização baseada em terras de Mandela “condena o comportamento das pessoas envolvidas no caso”, refere o documento assinado pelo Secretario de Relações publicas do CECA, Nelo Ponzo (na foto).
De acordo com o que contam o brutal assassinato de um cidadão angolano João Gaspar Neto, ocorrido no inicio do mês em curso em arredores da cidade de Pretoria esta embaraçar a Embaixada angolana na África do sul uma vez que um diplomata daquele posto é tido como a ultima pessoa com quem esteve com o malogrado para uma reunião relacionada a assuntos do Comitê de acção do MPLA em Pretoria.
João Gaspar Neto, que vivia em Pretória com dois filhos menores foi encontrado as 10 horas da manha de uma Quanta feira (3 Dez), com marcas de esfaqueamento no peito e com sinais de agressão. De acordo com fontes familiares, o malogrado teria recebido uma chamada telefônica, por volta das 21 horas de Terça feira (2 Dez) em que lhe foi notificado que um carro estava na porta do condomínio em que vivia para pegarem lhe para uma reunião do partido. Ao depor junto a policia, Ailton Neto, o Filho do malogrado disse que a chamada que o pai recebeu era de alguém identificado por Nascimento, conforme escutou do pai.
Naquele Quarta feira, antes de depor a policia, o filho telefonou a uma tia alertando que o pai não tivera dormido na noite passada em casa e esta por sua vez informou-lhe que a polícia havia encontrado um corpo que fora atirado numa das ruas do bairro “centurian” e que no bolso das calças do cadáver havia um passaporte com o nome João Gaspar Neto de nacionalidade angolana. Ambos, foram aos serviços da policia e lhes foi inicialmente mostrado o passaporte coberto de sangue. Para certificarem de que falavam da mesma pessoa, a policia levou o filho ate ao cadáver e era João Gaspar Neto com sinais no lado direito do rosto que revelavam inchamento e com o peito perfurado a navalha, na parte do coração.
Desde ai o filho, disse aos familiares que teria de ir a Embaixada falar com o tal “Nascimento” para dar explicações baseadas na conversa que o jovem escutou ter com o seu falecido pai. Deslocou-se a Embaixada em Pretória e lhe foi dito que aquela missão diplomática não realiza reuniões aquela hora da noite. foi-lhe confirmado que existe um António Nascimento, que é adido de imprensa e igualmente recem eleito primeiro secretário do Comité do MPLA em pretoria mas não se encontrava na África do Sul. Antonio Nascimento tinha viajado naquela manha de quarta feira para Luanda para assistir ao funeral de uma irmã que teria alegadamente falecido.
Na missão diplomática em Pretoria , um diplomata identificado por Pacheco que é primeiro secretario daquela embaixada telefonou a Antonio Nascimento que se encontrava aqui no pais e este segundo as palavras de Pacheco aos familiares do malogrado disse aos presentes que não sabia se Gaspar Neto era “branco ou preto”. Vários funcionários naquele missão diplomática dizem que o adido de imprensa Antonio Nascimento não conheceu o falecido porque alegam que o diplomata esta a pouco tempo na África do sul em missão de serviço.
Entretanto investigações feitas pela policia ainda consideradas “segredos de justiça” dão conta que o falecido não era desconhecido para Antonio Nascimento. Foram encontrados registros de correspondência via email entre os dois e outras evidencias que apontam que ambos estavam prestes a ter um encontro para aclarar situações que era do domínio de ambos mas que fontes deste jornal optam por não revelar para não atrapalhar as investigações.
É que enquanto vivo, Gaspar Neto construiu redes de amizades junto a comunidade angolana. Acompanhava de perto as actividades do MPLA na África do Sul e foi nesta condição que a 21 de Novembro revelou a alguém próxima a família, o seu descontentamento com os membros do Comité do partido que teriam realizado no dia 19 daquele mês uma conferência de eleição de direcção que no, entender do malogrado, violava os estatutos do MPLA. Alegava enquanto vivo que teria de ter um discussão com Antonio Nascimento que acabava de ser eleito primeiro secretario do MPLA naquela cidade sobre o tema em questão. Defendia que o novo Secretario Antonio Nascimento poderia permanecer no posto visto que o comité de acção do partido estava a deriva mas que necessitava sentar se com ele.
São estas as razoes que consideram que um depoimento de Antonio Nascimento poderia ser importante para pistas que a policia pretende ter. O caso esta entregue a “interpool”.
Fontes familiares dizem também que Gaspar Neto deixou de ser uma figura não muito querida pelos diplomatas. Ultimamente deslocava aquele posto consular e os guardas lhe vetavam a entrada por suposta “ordens superior”.
O restos mortais do malogrado foram transladados para Luanda na Terça feira (16 Dez) com a família tendo sido enterrado no dia seguinte no cemitério dos alto das cruzes. Entretanto, a oposição política na voz do Presidente do MPDA, Massunguna da Silva emitiu um comunicado de imprensa levantando duvidas sobre as circunstancia que terá sido assassinado o malogrado. O MPDA questiona por exemplo porque o resultado final do inquérito da policia terá de ser entregue a embaixada angolana e não directamente nas mãos dos familiares.
Nascido em Icolo e bengo aos 2 de Janeiro de 1955, João Gaspar Neto fez parte das células do MPLA na clandestinidade nos bairros de Luanda. Em 1974 fez parte do grupo de activista que recebeu, em Luanda, a comitiva de quadros/membros do MPLA vindos de Brazzaville, em que se destacava um jovem Turco, José Eduardo dos Santos.
Gaspar Neto vivia temporariamente em Pretória por motivos de saúde. Trabalhou vários anos como técnico de manutenção da GAMEK. Desde a dois anos que frequentava por correspondência um curso que lhe habilitaria a formação de engenharia electrónica.
Ate ao fecho desta edição tentou-se contactar a embaixada de Angola naquela pais mas sem sucesso devido a incompatibilidade de horário.
*Osvaldo Pimentel
Fonte: JD